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Ao mesmo tempo que para os estudantes do Programa Tailandês a semana dos trabalhos e provas de fim de semestre começava, para Pitchaya, estudante do Colégio Internacional, ela terminava. Era seu último dia de provas, por isso acabou passando o dia anterior e a manhã inteira concentrado em seus estudos, sem ter muito tempo para se encontrar com aquele que preenchia seu coração cada vez mais.

A saudade proveniente de ficar apenas algumas horas afastado de quem se gosta não pareceu atingir apenas a Pete, que, após terminar suas provas da manhã, sentiu o celular vibrar no instante em que foi reiniciado.

Ae

| Estou estudando no terceiro andar da Biblioteca Central. Venha aqui.

Pete

Acho que eu prefiro não ir, Ae. |

Não quero atrapalhar você. Foque nos seus estudos. |

Ae

| Por favor. Eu quero que você venha...

Pete queria perguntar o motivo da insistência e do convite repentino, mas, em vez disso, resolveu concordar sem responder mais nada, privando-se dos questionamentos e seguindo até o local onde Ae estava. Encontrou-se lançando sorrisos despropositados a lugar algum, balançando a cabeça por reconhecer suas próprias reações bobas diante do menor dos atos do outro rapaz.

Sentia-se tão bem, tão aliviado. A sensação de saber que Ae também estava querendo vê-lo tanto quanto ele mesmo esteve desejando desde o último encontro era como pegar uma caixa com a expectativa de encontrar balas de morango escondidas no interior, mas, ao abrir a tampa, acabar se deparando com balas não apenas de morango, mas dos mais diversos sabores. E talvez tenha sido esse o motivo de Pete ceder ao pedido de Ae quase que imediatamente.

O trajeto breve até a Biblioteca Central foi preenchido por pensamentos ansiosos de querer se encontrar o mais rápido possível com Ae, e, assim que chegou ao destino final, Pete percebeu que os estudantes estavam realmente dedicados nos estudos. A biblioteca costumava ser um lugar silencioso na maior parte do tempo, mas, durante as semanas de provas finais, os bibliotecários sequer conseguiam controlar as conversas dos alunos, a ponto de sempre acabarem por desistir.

— Ei, como você resolveu essa questão?

— Eu não entendo essa coisa. Pode me explicar de novo, por favor?

— É a terceira vez que falamos disso! Você é um manequim em vez de um ser humano com cérebro?

— Porra! Eu estou morto, cara! Não quero reprovar!

Os murmúrios eram constantes enquanto Pete passava pelas mesas compridas, rodeadas de estudantes aflitos e concentrados nos livros e cadernos espalhados pelas superfícies de madeira. A agitação parecia ainda mais intensa no terceiro andar, onde ficavam as salas de reunião, todas recheadas de grupos de alunos estudando, dormindo ou jogando, como se todo o refeitório tivesse sido transferido para aquele prédio. Se os bibliotecários haviam desistido de tentar manter o controle no primeiro andar, não seria diferente no terceiro.

Pete estava quase ligando para Ae quando ouviu uma voz familiar choramingando sem parar em uma seção do corredor.

— Droga! Por quê? Por quê? Por quê?! Por que ainda precisamos estudar o vocabulário tailandês? Por que não usamos o inglês de uma vez? Que porcaria é funstick, em vez de joystick²³?! É a porcaria de um vibrador?!

Tudo naquele modo de falar, até mesmo a pergunta final, fez Pete perceber que, sim, só poderia ser Pond. Não conseguiu deixar de sorrir ao confirmar suas suspeitas, vendo o rapaz reclamar com uma garota bonita sentada ao seu lado. Ela claramente não tinha dado tanta atenção à própria aparência naquele dia, com o cabelo todo repuxado em um rabo de cavalo e os fios caindo ao redor do rosto, bagunçados, enquanto mantinha as sobrancelhas tensionadas ao encarar a tela do computador à sua frente.

Love by Chance (pt-br)Where stories live. Discover now