61.Don't fuck it up

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O som da xícara de Christopher batendo um tanto violentamente contra a mesa de madeira foi responsável pela quebra do silêncio sufocante que se mantinha no ambiente desde que Beomgyu saiu dali, e o suspiro dado por si em seguida foi o que sinalizou uma possível brecha para o início de uma conversa, visto que, aparentemente, ele saiu do transe no qual se prendeu há bons minutos atrás.

— Como se sente? – ousei dar a primeira palavra, tocando o ombro do mais velho com as pontas dos dedos e consequentemente atraindo seu olhar para mim.

— Acho que ainda estou tentando processar a situação. – falou em um tom quase que inestendível de tão baixo, voltando a observar a mesa enquanto engolia em seco. — Me sinto tão idiota por ter acreditado nele... é como se esse ano todo fosse uma completa farsa, sabe? Eu coloquei todo o meu esforço e minha fé no que a gente tinha, confiei nele com todo o meu coração e ele me apunhalou pelas costas.

— Eu sei como você se sente, acredite. – por sua vez, o loiro falou, assentindo e soltando um riso um tanto triste. — Beomgyu age de forma tão gentil que faz parecer tudo nele convidativo, ele mente como ninguém, então não se sinta mal por acreditar que era verdadeiro, você não foi o único.

Colocou sua mão sobre a de Christopher, afagando-a levemente e demonstrando um pequeno sorriso, o qual foi retribuído pelo mais velho.

— Obrigado por abrir meus olhos Felix, se não fosse por vocês dois, eu provavelmente ficaria ainda pior.

— Nós sempre estaremos aqui por você Chris, independente da situação. – afirmei, dando dois tapinhas em seu ombro e acariciando-o, na tentativa de fazer com que ele se sentisse melhor, mesmo que minimamente.

— E eu sou grato do fundo do meu coração. – Bang sorriu para nós mesmo que seus olhos marejassem, soltando o ar de forma calma, provavelmente na tentativa de conter as poucas lágrimas que gostariam de sair. — Também estarei aqui sempre que vocês precisarem, sabem disso certo?

Assenti, soltando um pequeno riso em consequência, sendo seguido pelos dois. O ambiente ficou, por um breve momento, silencioso novamente, entretanto era um silêncio reconfortante desta vez, apenas com olhares e sorrisos carinhosos.

— Bem... – o mais velho se pronunciou, levantando-se e soltando um longo suspiro. — Eu já vou indo galera, tenho que encontrar Minho, e sei que vocês dois têm que terminar de conversar.

— Você vai ficar bem? – questionei, sendo correspondido por um assentir do mais velho.

— Aproveitem o restante do dia, eu vou ver o que Lee quer comigo.

— Qualquer coisa me ligue ou mande mensagem, mas não me deixe preocupado, okay?

Chris apenas assentiu e se despediu de nós, caminhando para fora do estabelecimento em seguida. Assim que saiu, o som de notificação de meu celular se fez presente, chamando minha atenção, era uma mensagem dele, a qual dizia "Você sabe o que tem que dizer, certo? Não estrague tudo".

— Quem é? – questionou Lix, franzindo as sobrancelhas.

— Ah, só Jeongin dizendo que vai dormir fora hoje. – sorri, tranquilizando a minha expressão e, consequentemente, a do garoto. — Vou pagar a conta e depois podemos passear um pouco, o que acha?

O loiro assentiu e eu sorri, levantando-me do meu lugar por conseguinte.

Saímos dali e caminhamos ao redor do lugar de mãos dadas, como costumávamos fazer. Meu corpo estava ali, entretanto, minha cabeça estava na Lua, pensando na mensagem de Christopher e nas coisas as quais gostaria de extravasar através de palavras. Neste meio-tempo, adentramos o parque no qual caminhávamos praticamente toda semana em nossos encontros, e assim como sempre, demos voltas pelo lugar e nos sentamos no mesmo banco, permanecendo em silêncio admirando a paisagem.

— Felix... eu precisava te dizer algumas coisas que estão presas aqui dentro há um tempo. – pronunciei com certa dificuldade por conta da ansiedade que tomava meu interior, observando meus próprios dedos, os quais tateava a todo momento.

— Você sabe que pode me dizer qualquer coisa que esteja sentindo, certo?

Assenti ao ouvir as palavras alheias, sem, sequer por um segundo, cruzar olhares consigo. Suspirei profundamente, sentindo o ar gélido daquela tarde fria adentrar minhas narinas, junto com o frescor da grama do parque, o que, de certa forma, me trazia uma sensação boa de tranquilidade. Expirei de forma pesada, metaforicamente expelindo todo o nervosismo junto com o gás carbônico que saía de meu corpo, na tentativa de dar início à uma frase correta e calmamente.

— Eu sempre fui uma pessoa com problemas psicológicos, e acredito que você já saiba disso, mas eu nunca te contei, de fato, o motivo de todo o transtorno causado em mim... até porque eu mesmo descobri isso há pouco tempo. – pausei por um momento, colocando meus pensamentos em ordem antes que pudesse dar continuidade ao que eu acreditei que fosse a fala mais complexa da minha vida. — Desde criança eu sou um pouco perturbado, seja pela minha criação ou pela falta de afeto, pelo divórcio de meus pais ou pelos vários outros problemas que desencadeei na escola... mas a principal razão de meu desânimo com a vida foi, por muito tempo, desconhecida por mim; eu sentia que não estava sendo verdadeiro comigo mesmo, porém nunca entendi o porquê desta sensação horrível que tomava meu peito vez ou outra, não entendia o que era esta peça que não se encaixava em minha vida de forma alguma... até que eu conheci você, e você foi a fonte de todos os meus problemas, Lee. – soltei um riso ao pronunciar negando com a cabeça em seguida. — De todos os meus problemas e, também, das soluções. Você me fez entender como eu realmente me sentia, e isso com certeza foi uma coisa completamente incrível para mim, mas como tudo na vida, tem o seu lado positivo e negativo, e bem, eu sofri bastante quando finalmente entendi que gostava de homens... ao mesmo tempo que a peça do quebra-cabeças parecia se encaixar, parecia que todas elas tinham se desmontado e se embaralhado mais uma vez...

— E-eu sinto muito por ter te feito passar por tudo isso, Binnie. – falou o garoto com a voz trêmula e um tanto rouca, provavelmente pela quantidade de tempo que passara sem dizer palavra alguma.

— Hey, a culpa não foi sua, okay? Esses sentimentos foram necessários para que eu entendesse quem eu sou de verdade, e isso tudo começou porque minha família sempre me disse coisas que não eram verdade, coisas que entraram na minha cabeça e que foram muito difíceis de se tirar... você apenas me ajudou nesse processo todo, meu amor. – segurei o rosto alheio, acariciando sua bochecha com o polegar e demonstrando um breve sorriso para si. — E bem, depois do que aconteceu hoje, só ficou mais claro para mim o quanto eu gosto de você, o quanto quero te proteger, te guardar em meus braços e não soltar nunca mais. – arrastei minha direita por seu braço até que pudesse segurar sua mão, levantando-a até meus lábios e selando o dorso, pouco antes de voltar a analisar as íris castanhas do australiano. — Felix, você aceita ser meu namorado?

Oi kk

Primeiramente feliz ano novo gente, como sempre, me desculpem pelo atraso.

Segundo, su sei que devo explicações e afins, e bem, a realidade é que tive um bloqueio criativo imenso nesse tempo, é claro que também teve toda aquela coisa de final de ano, passar os feriados junto com a família e etc, mas isso foi apenas um detalhe a mais. Além disso, agora que o ano virou e eu me formei no colégio, eu estou procurando emprego e fazendo todas essas coisas chatas de vida adulta (inclusive quem ainda estiver na escola, aproveite muito, viu?)

Bem, sinto muito por ter demorado mais um mês, mas eu espero que entendam que minha cabeça está cheia, vou tentar me organizar pra voltar a postar toda semana, mas não tenho certeza se vou conseguir, então prefiro nem prometer nada.

De qualquer forma, espero que tenham gostado do capítulo! Beijos beijos e me desculpem mais uma vez. 💖💖

Straight  ༄ changlixOnde as histórias ganham vida. Descobre agora