Capítulo 12

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         Rhysand não ficou surpreso quando encontrou Azriel esperando por ele na escada da Mansão no dia seguinte. Ele se sentou ao lado do irmão e encarou as sombras que o escondiam quase completamente. O silêncio preencheu os minutos antes que Az falasse, a voz baixa e angustiada contrastando com seu rosto inexpressivo.
 


       – Rhys, por que você está fazendo isso? Por que falou com o Lucien da viagem? Sabe que ... que não faz diferença.

      – Az, há semanas recebemos o convite para esse festival da Corte Crepuscular e você movimentou seus espiões para descobrir todas as reuniões e festas programadas, descobrir quem iria... Você deve ter mais informações sobre o Festival que metade da guarda de Peregrinos! – Azriel pareceu achar os próprios pés muito interessantes e passou a olhar fixamente pra eles, sabendo que o rubor estava se espelhando pelo seu rosto. Ele não quis esconder isso do irmão. – Eu não tinha o menor interesse de enviar ninguém, porque temos muito a fazer aqui e o Thesan só quer estreitar os laços e comemorar a paz, o que poderíamos fazer depois de descobrir o que as rainhas humanas estão fazendo. E você conseguiu me enrolar tão bem que eu nem desconfiei do motivo real de você querer que eu o enviasse com Lucien para representar a Corte Noturna. Como eu posso ficar parado vendo você desistir depois que eu vi como você ficou quando o Devorador atacou Lucien? Depois que você me mostrou em seus pensamentos como o vê? Pelo Caldeirão! Você perdeu o controle das suas sombras! Há quantos séculos isso não acontecia?

       – É diferente agora, Rhys, o que eu sinto não faz diferença. – a voz de Az era triste como uma noite gélida de inverno.

       – Achei que ele tinha beijado você quando estava quase morto. Você gostou e ele, obviamente, também gostou, já que queimou o cobertor apesar de quase não ter magia dentro de si naquela noite. Tenho que lembrar que você sentiu no cheiro dele, antes do ataque, que ele estava interessado em você?

         O rubor no rosto de Az ficou mais forte.

       – Ele sentir desejo por mim pode não significar nada, Rhys. Ele tem uma parceira.

       – Uma parceira de quem ele quer manter distância. Esqueceu do que eu e ele conversamos ontem?

         Az agitou as asas, inquieto.

       – Az, eu morri na guerra. Sabia que morreria para restaurar o Caldeirão, e morri tranquilo porque tinha encontrado a Feyre, mesmo só tendo vivido com ela por alguns meses. E se eu tivesse permanecido morto, não iria querer que a Feyre passasse séculos e séculos triste e sozinha. Além disso, não dá pra saber quando a parceria vai se firmar, é algo que pode levar décadas ou séculos. Pode até mesmo nunca acontecer. – Rhys suspirou, ainda sem conseguir nenhuma resposta concreta de Az além das sombras terem recuado um pouco mais, revelando que ele usava a armadura illyriana, já preparado para a viagem apesar dos protestos. – Não é melhor você viver isso? Eu e a Feyre nos amamos, mas não há garantias que qualquer um de nós dois vá realmente sobreviver aos próximos movimentos de Hybern e das rainhas humanas. Eu só posso pedir ao Caldeirão que me dê mais tempo com ela! 

        Azriel soltou um gemido exasperado antes de tapar o rosto com as mãos.

        – Az, você já sofreu tanto pela Mor. Eu amo a minha prima, mas ela nunca deu nenhum sinal real de estar interessada em ter um relacionamento com você. Ninguém tinha tirado o seu foco nela, ninguém! Até Lucien aparecer. Por que você não se deixa viver uma coisa boa?

       – Eu não sei se...

       – Não sabe se vai dar certo? Eu também não sabia quando tirei a Feyre da cerimônia de casamento com o Tamlin! Ela acertou a minha cabeça com o sapato assim que chegamos na Casa do Vento!

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