Capítulo 87

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(Finalmente voltando, me desculpem por esse hiato não programado. Espero que ainda amem a história)
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Lucien fechou a porta de seu antigo quarto e apoiou a cabeça na madeira com um suspiro pesado.

— Az? — sussurrou Lucien, se virando para o quarto escuro.

O illyriano surgiu das sombras próximas da lareira. Lucien franziu o cenho antes de envolver o quarto em uma barreira de ar que impediria que algum dos companheiros os surpreendesse no quarto ou os ouvisse conversando.

— Por que tão longe? — Lucien agitou a mão no ar para acender as luzes feéricas. As sombras continuavam circundando Azriel, que levantou a mão em um pedido silencioso para que não se aproximasse. — O quê?

— Eu te contei que precisei ir a Illyria antes de vir para cá, mas não te contei porque eu fui.

— E por isso você está se escondendo nas sombras? — Lucien perguntou com cautela, se sentando no braço do sofá embolorado.

Na noite em que chegou, Lucien encontrou o próprio quarto na mansão destruído pelas garras de Tamlin e tomado por mato, abandonado como a maior parte da mansão. Ele tornou o cômodo habitável fazendo toda a poeira e a vegetação desaparecerem, recolocou a porta e as janelas de madeira maciça nas dobradiças antes de sair e ir até a casa de Bron anunciar que tinha chegado, retornando para a mansão com um colchão emprestado.

Bron reafirmara o convite para que Lucien ficasse em sua casa enquanto estivesse na Corte Primaveril, mas o feérico queria garantir o mínimo de privacidade para quando Azriel chegasse. Como nunca pretendera ficar mais do que alguns dias, não se deu ao trabalho de salvar a mobília antiga ou conseguir móveis novos; só queria poder dormir em paz com o mínimo de conforto.

— Sim — Azriel jogou o peso de um pé para o outro, escolhendo as palavras com cuidado — Acho que primeiro devo te dizer que o Eris é o novo Grão-Senhor da Outonal. Sua mãe está bem e segura — o mestre-espião acrescentou assim que viu a preocupação no rosto de Lucien — mas apenas um de seus irmãos ficou ao lado de Eris depois que ele arrancou a cabeça do Beron. Um deles foi morto, e o outro está tentando conseguir apoio para lutar pelo trono. Alguns conflitos estavam acontecendo quando eu saí de lá.

Lucien cruzou os braços e mergulhou em um silêncio pesado, encarando os cantos do quarto. Pensou nos irmãos que participaram da morte de Jesminda e que o perseguiram enquanto fugia em direção a Corte Primaveril, pensou no controle doentio que Beron manteve, por séculos, sobre os filhos e a esposa, finalmente desaparecendo. Os irmãos teriam sido machos melhores se Beron tivesse morrido séculos antes? Provavelmente não, já que nem mesmo Eris achou seguro contar a eles a verdade sobre a paternidade de Lucien.

— Você está bem? — Az se aproximou e levantou o rosto de Lucien.

— O que importa é que minha mãe está segura. — Lucien comentou após alguns instantes. O toque de Azriel em seu rosto o ajudava a clarear a mente, e ele segurou a mão do illyriano — Não acredito que exista nenhum risco para ela agora que Beron se foi. Quanto a ele e meus irmãos… — ele expirou com força, desviando os olhos dos de Azriel por um instante — Sei que é horrível dizer isso, mas não me incomodaria se apenas Eris ficasse vivo e…

Lucien se calou ao tomar fôlego para continuar falando. Azriel se moveu como se fosse se afastar novamente, mas o ruivo manteve a mão do mestre espião firme na sua.

— Por que o seu cheiro está estranho? — Lucien perguntou — E por que ainda está se escondendo com as sombras?

— Você não precisa se preocupar com isso essa noite, sei que tem trabalhado muito. Por que não descansamos?

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