Capítulo 77

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— Veneno feérico, Lucien? — Azriel deu um passo a frente, inquieto — Não faz sentido você se arriscar dessa maneira!

— Feyre ficou bem — argumentou Lucien — Durante os últimos dias na Corte Primaveril ela sentiu o laço de parceria com Rhysand abafado, e descobrimos antes de fugir que Ianthe estava colocando veneno feérico em nossa comida.

— Eu não vou deixar você se envenenar!

O illyriano avançou para tentar pegar o frasco, mas Lucien fez o objeto sumir com um estalar de dedos.

— Eu já comecei a tomar.

— O quê? — o mestre-espião levantou os braços como se esperasse que ele desmaiasse a qualquer momento. — Eu vou buscar a Madja, nós podemos... 

— Eu estou bem — Lucien apoiou as mãos no peito de Azriel e o ouviu engolindo em seco, os olhos avelã esquadrinhando seu rosto. — Não tomei o veneno puro, como a Ianthe nos obrigou a tomar. E, mesmo daquela vez, levou dias para nos enfraquecer.

— É veneno, amor! — as mãos grandes seguraram os braços de Lucien. — Não sabemos que efeitos pode causar em você ao tomar pela segunda vez! Foi o Helion quem sugeriu isso?

— Não, e ele também ficou tão animado quanto você com a minha ideia — Lucien deu um sorriso de lado para Azriel — Eu contei a ele enquanto estávamos na Corte Crepuscular. E não é veneno puro; essa é uma versão refinada para ter o efeito de um medicamento. Aliás, mesmo o veneno puro levou dias para afetar a minha magia na Primaveril, eu vou ficar bem.

— Eu não gosto disso.

— Será útil também agora que preciso treinar Koré. Não sabemos quanto tempo precisaremos ficar em Velaris antes de Eris arrancar a cabeça do Beron e todos estarmos livres... Será mais uma maneira de manter a magia da Corte Diurna sob controle.

— A proximidade... o laço... — Az franziu o cenho e passou o dedo pelo maxilar de Lucien — A parceria está afetando você? Esse é o problema? Por que não esperar?

O coração de Lucien acelerou e ele desviou o olhar. Aparentemente as sombras tinham respeitado seu pedido e não contado a Azriel sobre o que poderia ter acontecido com Elain no jardim escuro.

— Não exatamente a proximidade, mas... Elain tem estado estranha, e eu senti um puxão incômodo todo o tempo em que estive no Solar hoje mais cedo. Por algum motivo Elain cismou que quer ser amiga de Koré, e Feyre ofereceu um trabalho a Koré, então imagino que passaremos mais tempo lá. Por isso tomei a primeira dose antes de irmos pro Rita´s.

— Eu não gosto disso — Azriel repetiu fracamente.

— Prefere me ver distraído pela Elain? — a pergunta escapou antes de Lucien conseguisse se controlar. A lembrança da noite em que saía do Solar e quase beijou a parceira ainda o assombrava. Não, não se arriscaria de novo.

— Prefiro você seguro. Sempre.  — Az inspirou fundo e segurou o rosto de Lucien — Não importa o que aconteça com Elain, não vale a sua segurança. Não importa se você reparar cada vez mais nela.

— Importa para mim, se eu for magoar você — Lucien fez o frasco reaparecer e o entregou para Azriel — Não é a mesma versão que Ianthe usou para nos prejudicar, os alquimistas da Corte Diurna se certificaram disso. Helion jamais me enviaria algo que pudesse me adoecer.

— Promete que vai parar de tomar se sentir que está enfraquecendo sua magia?

Lucien apertou os lábios em uma linha fina e puxou Azriel para sentar na cama ao seu lado. Ele pegou o frasco da mão do encantador de sombras e o colocou novamente na mesa de cabeceira.

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