Capítulo 8

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        Azriel esperava no quarto de Lucien quando a Senhora da Corte Outonal chegou. Nuala tinha sido enviada a Velaris por Feyre logo ao amanhecer, e Az não confiaria nos ouvidos fracos de Jurian e Vassa para monitorar os batimentos cardíacos de Lucien, que continuavam mais lentos que o normal.

        O Encantador de Sombras estava parado entre a cabeceira da cama e a porta quando um dos guerreiros alados de Thesan entrou com a mão na espada, sendo seguido por Feyre e por Rhys, que conduzia a Senhora Outonal. O mesmo tom de vermelho nos olhos, a mesma cor de cabelo, a Senhora da Outonal mal parecia ser mais velha que o filho. Az ouviu quando seu coração acelerou ao ver o pálido Lucien, e se colocou no caminho dela bem a tempo.

       – Senhora. – As mãos de Azriel estavam erguidas, e a mãe de Lucien o encarou com as sobrancelhas levantadas. Atrás dela, o guerreiro alado se adiantou um passo, e uma parte da lâmina brilhou quando ele se preparou para empunhar a espada. – Lucien está com o lado direito do corpo todo fraturado. Se tocá-lo deste lado, ele sentirá muita dor. Apenas o braço e o ombro esquerdos não estão quebrados.

         Rhys olhou rapidamente na direção do guarda de Thesan antes de se colocar ao lado da mãe de Lucien. Apesar de não estar com a armadura de couro ou os sifões, Az ainda tinha as maiores asas na casa o que, somado às cicatrizes, lhe dava um aspecto ameaçador.
     
       – Perdoe a preocupação de meu Mestre Espião, Senhora. Ele estava com Lucien quando tudo aconteceu.
       
         Aceitando o braço que Rhys lhe oferecia, a mãe de Lucien lançou um olhar avaliativo a Azriel e se deixou ser conduzida ao redor da cama, até a cadeira acolchoada que foi colocada onde a cama de Az estivera. Ela, no entanto, não se sentou. O guerreiro alado só tirou os olhos de Az quando a Senhora Outonal falou.

       – Capitão Alden. – As asas emplumadas se moveram de leve quando ele embainhou novamente a espada. – Aguarde lá embaixo com o resto da comitiva.

        – Senhora, eu tenho ordens...

       – Agora você tem uma nova ordem. – Ela indicou a porta com a cabeça.  – Não preciso de escolta entre os amigos de meu filho. Deixe-nos, por favor.

        A surpresa de Feyre ecoou pelo laço, mas Rhys não reagiu enquanto aguardava a resposta do capitão. A contragosto, Alden fez uma leve reverência antes de deixar o quarto, lançando um olhar irritado na direção de Azriel. A Senhora Outonal suspirou quando a porta de fechou.

       – Ele está tão pálido... – a mãe de Lucien colocou a mão no rosto dele, e enrugou as sobrancelhas quando uma mancha na pele do filho chamou sua atenção.

        Puxando o fino cordão que mantinha fechada a gola  da camisa de algodão com que Rhys o vestira mais cedo, ela arfou quando viu o enorme hematoma que marcava a clavícula direita da Lucien. A feérica hesitou por um momento antes de descobrir parcialmente Lucien, puxando os cobertores até a cintura do filho. Rhysand estava prestes a dizer alguma coisa, mas foi calado com um aceno da cabeça de longos cabelos ruivos. Respirando fundo, ela levantou a camisa de Lucien e seu coração galopou quando viu os enormes hematomas em diferentes tons de roxo espalhados pelo torso do filho.

         Antes que os joelhos falhassem e a derrubassem no chão, Rhys conduziu a Senhora Outonal pelos cotovelos até a cadeira. Seus olhos vermelhos estavam arregalados quando ela esticou o braço para tocar o filho e se deteve. A mão a poucos centímetros do coração de Lucien ficou no ar alguns segundos antes da Senhora decidir acariciar o braço esquerdo de seu caçula, uma das poucas partes dele que não tinha hematomas.

       – Senhora. – Rhys ofereceu um copo de uma bebida âmbar que ela tomou em um gole só. Ela puxou a blusa de Lucien para esconder a visão dos hematomas que a deixava enjoada e estendeu a mão trêmula na direção de Rhysand que, com um estalar de dedos, encheu o copo com mais uma dose da bebida.

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