Príncipe das Sombras

CAPÍTULO 63

— Você parece... deliciosa nessa armadura, anjo. — o olhar dourado do macho derreteu minhas entranhas quando ele se aproximou um passo a mais, uma das mãos coberta pela manopla segurando abaixo do meu queixo, para olha-lo.

— Você também...

— Mas está faltando alguma coisa... — ele diz, se afastando em direção a cama, pegando a cinta e vindo em minha direção ele solta uma das fivelas antes de se ajoelhar em minha frente.

Tremo quando ele passa o nariz pela minha coxa, ergo meu pé direito passando pelo espaço da fivela que ia em minha coxa. Um arrepio lento desce por minha pele, enquanto o toque sobe pela minha perna, os olhos firmemente presos nos meus, quando ele se levanta, as mãos passando pelo meu quadril, puxando a fivela de prata do couro negro e espesso pelas minhas costas, então trazendo para frente, cruzando-a em transversal sobre meu peito. Seus dedos resvalando na linha protegida pelas escamas illyrianas do meu seio esquerdo. Quando ele prendeu a última fivela, Azriel deu um passo para trás, a pupila dilatando consideravelmente ao me observar.

— Uma verdadeira guerreira Illyriana. — eu senti a entonação orgulhosa abaixo de sua voz, mesmo que eu sentisse em algum lugar da minha mente, escondida pelo escuro, que soava como uma mentira. Ignorei essa sensação, empurrando-a ainda mais para baixo da proteção escura do escudo e forcei um sorriso. — Precisamos ir.

Acompanhei Azriel para o alto do telhado da casa dos ventos,  de onde partiriamos para o acampamento juntamente com um Cassian que não estava aqui no momento. Algo me disse entretanto, que ele havia ido encontrar com Nestha, e eu não havia me enganado quando ele voltou com uma expressão assassina no rosto, embora, houvesse uma certa tristeza em seu olhar, escondida abaixo do castanho ocre e do sorriso debochado.

— Podemos ir. — ele disse, pulando da beirada do telhado, abrindo as asas e partindo. Azriel se virou para mim, saltando de costas depois de lançar uma piscadela em minha direção antes de abrir as asas em sua maior envergadura e levantar vôo. Respirei fundo, forçando a magia a se desprender das minhas costas e revelar as asas. Era quase doloroso, mas ainda assim eu as presava como minha vida. Quando a magia se desfez, as sombras se desprendendo, as penas alvas apareceram quando eu as forcei para cima, abrindo-as e então, pulando no vácuo abaixo.

Cassian era apenas um ponto escuro no céu claro da tarde quando partimos. As irmãs Archeron haviam permanecido em Velaris, embora, algo me informasse que Nestha não desejasse fazer parte da batalha, havia uma certa dúvida que ainda perpetuação em minha mente se ela não desejava está lá apenas para destrui-los.

***

Observo as formações rochosas abaixo, e quanto sobrevoava ao lado de Azriel e Cassian, todos analisando o terreno. A escolha entre a dívida da Noturna com a Diurna foi realmente oportuna em dois pontos. Primeiro, porque poderíamos facilmente avistar as tropas inimigas, e a movimentação dos navios de guerra da Legião Vermelha — além do acordo em manter a rede de espiões dos outros Senhores nós pimentões das outras fronteiras sob ordem de Rhys.

Segundo, o terreno era estratégico. Os declives que levavam a clareira eram oportunos para quem os conhecesse e soubesse como usá-los. E se havia algo que eu havia aprendido com Ykner, além de lutar pra sobreviver, era que quem dominava o terreno, dominava a parcial dos resultados da batalha. E era nisso que eu estava torcendo, no final. Todos estávamos.

As tropas illyrianas montavam acampamento atrás da linha de início da floresta, escondidos e protegidos pela densidade das copas dos pinheiros, as barracas eram montadas entre os excertos de Illyria e das outras Cortes. Eu podia enxergar mesmo dessa altura as bandeiras das Cortes, o sol dourado da Corte Diurna; o lobo branco tecido num tecido azul que informava ser a Invernal; O sol se pondo entre duas montanhas, a Crepuscular; Uma onda de maré alta, costurada em madrepérola da Corte Estival; a coroa de um cervo entre folhas de outono, a bandeira da corte do Outono. E por último, Ramiel, em linhas brancas sobre o tecido negro da bandeira Noturna a frente do acampamento de Rhys.