o lugar onde tudo começa

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 Ele me agarra desviando da direção inicial e me guiando para o seu quarto, desviando-me das paredes geladas do meu quarto e me fazendo levitar para o calor e aconchego do seu mundo...

Não falo nada, não faço nada. 
Era hora da entrega.

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    De entregar meus olhos molhados pra você secá-los. De entregar meu sorriso pouco pra que você possa aumentá-lo. Entregar meus cabelos presos pra que você possa libertá-los. Era hora de entregar meu corpo gelado pra junto ao teu nos aquecermos, hora de te entregar meu coração solitário para que possas enfim, preenchê-lo. 

    Era também hora de esquecer. Esquecer que lá fora, um mundo inteiro te julga. Esquecer quem eu sou por essa hora pra poder viver o nós. Esquecer as nossas diferenças e desavenças. Afinal, acima de tudo a hora é de permanência. Permanecer num beijo sonhado, num desejo saciado, num olhar sem ser repudiado, num sorriso de malícia, num abraço constante. Permanecer na inquietude da tua voz rouca que agora não para de repetir argumentos de amor. Eu permaneço, na tua presença, na tua saudade...No meio do desejo de nossos beijos:

“Respire para dar sorte, respire bem profundo
Este ar é abençoado, que você divide comigo
Esta noite é selvagem, tão calma e encoberta
Estes corações aceleram por auto-controle
Suas pernas são macias e elas roçam nas minhas
Nós estamos bem, não estamos fazendo nada de mais.
Minhas esperanças são tão fortes, que um beijo seu pode me matar
Então me mate, para que eu morra feliz”

    Ao mesmo tempo em que entrego você satisfaz. Desabotoa a camisa me olhando nos olhos e quando se livra dela me abraça como se fosse a última vez. Nunca entendi a nossa intensidade, talvez por sempre pensarmos que poderia realmente ser a última vez.

Fugitivos e prisioneiros.

    Segura forte a minha mão agora. Era como se transmitíssemos em pensamentos o que queríamos, os nossos desejos reprimidos pelos dias de ausências. Falávamos pouco e fazíamos muito. Falamos pouco e fazemos muito, porque é presente. Com as mãos entrelaçadas parecemos dançar uma música escrita por nós mesmos, a melodia, o ritmo, os corpos, tudo se encaixava perfeitamente. 

- “Eu quero ser tua” – Falo baixo enquanto ele se desfazia da minha blusa.
- “Você já é minha” – Ele afirma sorrindo aquele sorriso responsável por eu me apaixonar todas as vezes que o vejo.

Sorrio fechando os olhos como quem diz: “então me faça sentir tudo”

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    Eu não vou te decepcionar. Tiro cada peça de roupa dela de olhos fechados, faço tudo isso bem devagar pra viver intensamente aquilo do jeito que apreciávamos. A tenho nua em meus braços, deitados na cama, lutando incontrolavelmente para conter nossos corpos assim, fazemos durar o máximo possível. A beijo na nuca enquanto ela se contorce de prazer e “arranha” as minhas costas com as pontas dos dedos. Deixando-me louco, mas do que eu já era, ela continuava provocante me segurando pela nuca e algumas vezes fugindo do meu beijo o que me fazia lutar ainda mais por aquilo. Sorrio aprovando seus ataques e em ritmo moderado íamos nos encaixando pouco a pouco, logo prontos um para o outro. 

    As nossas aventuras traduziam o que éramos nós dois, nada acomodados com a realidade dura e injusta, e muito apaixonados como o início de um romance. Aliás, se não houvesse tanta paixão não haveria tanta fuga. E, se casualmente, não precisássemos fugir, poderíamos cair na monotonia. 

    Será?

    Ela agora, não tirava os olhos de cima de mim, seu corpo estava prestes a me queimar com o fogo que explodia de dentro para fora. Mas a sua voz parecia ter encontrado naquele momento a paz da qual necessitava, porque de sua boca as palavras saíam devagar eu quase não as escutava...era como sussurros de amor.

“As palavras são calmas, não vamos ser pegos,
apenas deite comigo aqui no desconhecido
Seguros aqui de todas as perguntas estúpidas.”

- “Como é bom te ter aqui”.

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Disfraces y Antifaces (Português)Where stories live. Discover now