Beijando nos bastidores

164 10 0
                                    


Abracei sua cintura fazendo vir de encontro ao meu corpo e levantar seu olhar para mim. Pensei ter ouvido um sussurro que questionava: "aqui?".

E por quê não aqui?

______________

Aqui como nos bastidores dos shows. Aqui como em meu apartamento e em sua casa. Aqui como nos finais das festas que íamos juntos "como quem não quisesse nada". Tanto aqui, como em alguns esconderijos que buscávamos ao redor do mundo, onde ninguém nos vigiava. Podíamos enganar o mundo todo, mas a nós mesmos não; E nem sei se ao mundo todo mais. Nossa capacidade de dissimular nunca foi das melhores e com o tempo confesso que isso já não bastava mais pra esconder. Precisava de algo maior para nos parar e até agora, não houve nada, muito menos alguém que o fizesse. Quando já era minha, de olhos fechados, a beijei fazendo ela se encostar na parede que nos serviu de base para tantos outros beijos que vieram depois. Em um momento estávamos quase nos esquecendo de onde estávamos, e no momento seguinte paramos para recuperar o fôlego...foi quando pude ter a certeza de que ela estava falando mesmo:

- "Senti tua falta" – enquanto me abraçava pude sentir seus braços me apertarem fortemente ao redor de minha cintura. Me afastei tentando fazer com que ela me olhasse nos olhos, tentando mostrar que eu sabia muito bem do que ela estava falando.

A beijei na testa e sussurrei em seu ouvido:

- "Eu também" – a agarrei pela cintura e saímos andando pelo estacionamento como um casal de namorados que acabavam de se reencontrar após longos dias de espera...

Uma espera que apenas duas pessoas eram capazes de sentir o quão longa era:

Uma espera tão minha quanto sua, uma espera nossa.

Subimos juntos para o quarto, mas quando chegamos você foi logo apressando o passo, fugindo de algo ou fingindo fugir. Nos corredores dos hotéis, quantas histórias, quantas lembranças. Apressei o passo para alcançá-la antes que entrasse em seu quarto e logo pude tocá-la nas costas em frente a sua porta.

"Dul, temos tempo, não?"

::

"Dul, temos tempo não?" – Ele sussurra baixo em meu ouvido.

- "Anh" – me viro para ele sentindo aquele arrepio de sempre voltar.

- "Você não acha que temos algo inacabado?" – jogava comigo enquanto ainda estávamos no corredor, aliás tudo entre nós era inacabado. Ele me agarra desviando da direção inicial e me guiando para o seu quarto, desviando-me das paredes geladas do meu quarto e me fazendo levitar para o calor e aconchego do seu mundo...

Não falo nada, não faço nada.

Era hora da entrega.

______________

Disfraces y Antifaces (Português)Where stories live. Discover now