Sinfonia

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(Leiam ouvindo Circle de Ludovico Einaudi, musica que coloquei acima)

"Comecei a entender que o amor não é apenas aquilo que você quer que as pessoas façam por ti, mas é muito mais aquilo que você quer que as pessoas façam por si mesmas.
E foi nessa hora que eu voltei.
Foi nessa hora que eu comecei a lutar por nós dois.
Antes, pouco eu tinha feito.
Agora, eu sabia, abandonar o meu egoísmo e estar ao teu lado.
Eu te amo, eu te amo...
Agora eu sei."

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Quando eu já tinha me conformado com a sua ida, com o seu adeus tão prematuro quanto a sua chegada, me vi tomada por seus braços e sua respiração inquieta que me dizia tantas coisas.

Me dizia, principalmente, pra não desistir de nós, do que fomos, do que somos.

Meu coração bateu de emoção e na minha barriga pude sentir aquele frio provocado pelas borboletas que sobrevoam meus sonhos inquietos. Você voltou. E voltou mais cedo do que eu imaginava, mais cedo do que eu podia esperar. Eu desejei acordar para te agradecer, mas podia ser apenas a minha imaginação que tratava de me consolar, então, decidi apenas me deixar ser abraçada e envolvida por teu cheiro. Minha boca parou de tremer, meus olhos secaram, meu corpo esquentou, minha mente ficou leve...e minhas mãos puderam sentir nossos dedos entrelaçados outra vez.

Obrigada por estar aqui.
Eu te quero muito...

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A única vontade que eu tinha foi cumprida no momento em que eu a vi encolhida no canto que era o meu da cama. Tomei o meu lado da cama de imediato a empurrando com o peito e acariciando a sua barriga. Depois de um tempo, que precisei para controlar a minha respiração, entrelacei meus dedos com os seus e a beijei no pescoço podendo sentir novamente o frescor do cheiro de seus cabelos. Ansiei pelo momento da volta desde que tinha botado meus pés pra fora daquele quarto a umas 4 horas atrás. É, isso não se compreende, como eu sempre falo, apenas se vive. E muito mais, se sente. Eu gostaria de te sentir aqui.

"Você não está mais sozinha."

Sussurrei em seu ouvido antes de adormecer colado em seu corpo.

Eu comecei a escrever Sinfonia nessa noite. Pelo menos em minha cabeça...

"Habrá canciones por escribir y emociones de amor por compartir..."

As coisas eram tão intensas pra nós dois que por mais que a queda fosse forte, levantar não nos custava muito. E essa era a conversa que precisávamos ter para seguir...

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Quando acordei pude sentir, de imediato, que não estava sozinha. Era o seu cheiro, a sua respiração que completavam a sua presença, além de tantas coisas mais. Antes de mais nada, resolvi tomar um banho...ainda que minha vontade fosse ficar.

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Ouvi barulhos no quarto e logo decifrei que ela deveria estar no banho ou se vestindo. Quando a vi sair enrolada em uma toalha branca, de cabelos molhados e totalmente sem maquiagem, tive a visão da mulher que ocuparia a minha cama por muito tempo ainda. Ela me olhou receosa e disse um "Bom dia" singelo e um pouco aflito, talvez esperando por uma resposta de consolo, mesmo sabendo que o consolo que eu podia dar pra ela agora era o de estar ali. Tive um pouco de medo do seu olhar misterioso e desviei o meu procurando me levantar e distraí-la com meu corpo nu. Quando me levantei, pude ver o seu sorriso no canto da boca, isso era bom, mas não significava tudo.

Talvez, significasse que ela entendia a minha ida, mesmo brusca.

Antes de tentar decifrar seus pensamentos camuflados por atitudes receosas, e deixei água cair em mim como uma espécie de benção, o que me trouxe um pouco de paz, não posso negar.

Depois de um tempo no banho, decidi que estava pronto para introduzir a conversa com ela. Saí do banho e resolvi vestir algo para não distrair nossas atenções. Precisava que nos concentrássemos por inteiro no que vinha a seguir.

Sentei no sofá e chamei por seu nome, enquanto esperávamos pelo café da manhã.

Logo ela se juntou a mim, de cabeça baixa.

Eu sabia que esse era o sinal para eu começar o assunto...

- "Ontem...eu saí, tinha que cuidar um pouco da minha mente" – comecei de cabeça baixa também, procurando suas mãos e a puxando para sentar nas minhas pernas.

- "Eu entendo, precisaria do mesmo tempo ou até mais se estivesse no seu lugar" – ouvi-la dizer isso era tão difícil quanto acreditar.

- "Você tá dizendo que tudo bem eu ter saído daquela forma, te abandonado num momento de fragilidade, ter sido um egoísta?..." – logo sou interrompido por sua voz um pouco fraca.

- "Não Christopher, eu não estou aceitando isso que você fez, estou apenas dizendo que se estivesse no seu lugar faria o mesmo, isso não quer dizer que eu ache certo, que eu concorde com o que você fez..."

- "É, difícil acreditar que seria tão fácil assim pra você entender" – digo sem mais enquanto ela se levanta do meu colo e somos interrompidos pelo serviço de quarto.

- "Volta aqui" - Trago ela de volta - "Sei que hoje não haverá tanto tempo para conversarmos, temos que nos preparar para o show e tudo mais. Queria te dizer apenas que estou contigo e vai ficar tudo bem, pequena".

Antes mesmo de completar a frase, uma lágrima já escorria de seu rosto e fui rápido em beijá-la levemente nos lábios... Nos abraçamos e nos sentimos conectados, ainda que adiássemos nossa conversa definitiva.

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Disfraces y Antifaces (Português)Where stories live. Discover now