𝐂𝐑𝐔𝐒𝐇 𝐏𝐄𝐑𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎 • 𝐁𝐚𝐧𝐠𝐂𝐡𝐚𝐧

꒰ 02 ꒱ ;;

「 ᨳ᭬꩜ 」

Eu não vou chamar.

É isso, decido que o melhor é não chamar. Não vou fazer o papel de uma desesperada atrás de um namorado, ainda mais, falso. Além que aposto com todas as forças que isso não passa de uma brincadeira de mau gosto daquele fedido. Hyunjin ama tentar me iludir.

O problema é que o mau já estava feito, a todo instante me pego encarando o número de Chan, e mesmo tomando minha decisão de não chamar definida, fica uma pulga atrás da orelha em saber o que aconteceria caso eu o chamasse.

Talvez Hyunjin tenha razão em uma parte, eu deveria me aventurar mais e esquecer o que as pessoas vão achar das minhas ações, talvez não ligar tanto para as coisas e divertir tanto quanto tive medo de me soltar. Eu deveria chamar Chan e tentar descobrir como é sair com alguém romanticamente, como é ficar de mãos dadas, beijar.. mesmo que de mentira.

Abro o contato pela milésima vez e digito inúmeras vezes palavras e comprimentos que logo são apagados e me dou conta que não sei como vou fazer isso. Um Oi normal fica muito seco, um Oi com vários I's fica muito emocionado, Deus!

Os dias foram se passando e nada demais aconteceu. Após o encontro de Sana com o tal bofe misterioso, a gente descobriu que ela realmente apenas ficou com ele e mais nada, Hyunjin não pareceu muito surpreso e disse que é super normal pessoas marcarem apenas para ficar sem compromisso, mas os olhinhos dela sempre estavam a procura de algo - ou melhor dizendo, alguém.
Jinyoung levou minha gatinha até o dormitório, alegando que certamente ela deve ter sentido a falta de Jaebum, já que ele vive aqui dentro e a mima muito. A Mia sabe o caminho até o dormitório deles e incrível como até hoje eu não sei como ela descobriu isso, talvez Jaebum tenha a levado até lá e ela decorou a trajetória. Já o último citado não tardou em falar pela vigésima vez como não cuidar de um gato, o que nos fez brigar como todas as vezes que nos encontramos.

E em relação a Chan, não consegui encontrar coragem para chama-lo, mesmo depois daquele papinho de me aventurar e deixar de lado os medos. Passava minutos com o celular na mão encarando a conversa vazia e pensando em algo para enviar, alguma desculpa, qualquer coisa, mas nada vinha em mente, e por culpa disso, comecei a reparar mais no mesmo durante a semana, procurando alguma coisa em si ou em sua fala que pudesse ser um gatilho para a conversa.

Mas as únicas coisas que consegui reparar nele foram: seu rosto angelical, era bom demais ficar o olhando, você não se cansa nunca; sua boca levemente avermelhada dava um toque especial em seu rosto; junto de seus olhos que brilham a todo instante como pequenas estrelinhas. O ouvir falar é realmente aconchegante, sua voz com o tom animado, sua risada calorosa e gostosa, impossível não rir junto - isso porque na maioria das vezes ele estava falando com o loirinho, imagina se fosse comigo, uma morta falante.

E é óbvio que Hyunjin reparou nas minhas encaradas no outro e me encheu as paciências a semana inteira com esse assunto do encontro, o que nos fez discutir mais do que o normal, mas logo íamos tomar sorvete e esquecíamos do ocorrido. Literalmente, duas crianças birrentas.

- Bom dia Yeji. - digo a garota ao chegar no dormitório. Tiro meus sapatos e entro em casa sentindo o cheirinho bom de comida feita e quentinha. - Que bicho te mordeu pra ter feito o almoço?

- Bom dia Unnie, cheguei inspirada da faculdade, tentei fazer um macarrão diferente. Depois me diz o que achou. - Me abraça rápido e pega um prato para se servir.

Assenti com a cabeça e vou em direção do meu quarto, jogo a mochila em qualquer canto e pego o celular para checar se havia alguma mensagem importante. Abro novamente a conversa de Chan, eu preciso colocar um fim nessa indecisão. Percebo que ele está online, se eu mandar mensagem agora certamente irá responder agora, mas e se ele me ignorar? É isso, talvez ele nem responda. É agora ou nunca.