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「ᨳ᭬꩜ 」

Hoje será o meu primeiro dia como recepcionista em uma clínica psiquiátrica daqui da cidade, eu havia mandando o currículo a alguns dias e aguardei me chamarem para uma entrevista. Contei a eles sobre a faculdade que estava fazendo e que se me dessem a oportunidade de trabalhar ali poderia ser a minha segunda experiência nessa área.

Quando mais nova, a vida de estudante de ensino médio estava me deixando chateada e totalmente enfurnada dentro do quarto, pois quando não estava estudando para matar o tempo, estava lendo ou criando algumas canções sobre amores platônicos e como a vida de adolescente pode ser entediante. Estava precisando de mais experiências para vida, já que naquela época eu tinha em mente todas as palavras azedas de meus pais sobre a carreira que queria seguir, e foi assim que consegui o emprego de recepcionista no consultório da minha família.

A mesma coisa estava começando a se repetir durante esses dias, as inspirações para novas músicas vinham a todo instante, era só terminar uma que novos sentimentos vinham a tona, tornando-os também em amargura dançante e divertida. Decidi então procurar algum emprego na área que estava cursando e também no que eu já havia exercido, aproveitando para manter a cabeça ocupada. Quando contei a minha atual chefe - a psiquiatra dona do consultório - que meus pais me deixaram trabalhar com eles na clínica até entrar na universidade, acabei ganhando a vaga, e ainda me disse que quando a época do estágio chegasse eu já teria um lugar para o fazer caso eu quisesse. Ela foi totalmente simpática e carinhosa, me passou uma energia incrível e renovadora com apenas um sorriso, diferente de muita gente que conheço.

Estico minhas costas na cadeira para me ajeitar melhor, ficando de frente para o computador que estava sobre a mesa em que era responsável, e após receber um mini treinamento de como as coisas funcionavam ali, começo a checar no sistema quais serão os primeiros pacientes daquela tarde.

Checo para ver se não havia ninguém por perto olhando e limpo a garganta antes de começar a ensaiar com o vento um bordão.

- Boa tarde! Você veio.. espera, você vai.. não, não. - resmungo. - Olá! Qual seu nome?- enceno um sorriso falso e tiro a conclusão de que isso estava ficando horrível. - Talvez se eu falasse só um boa tarde.. - coço a cabeça ainda confusa.

Logo a primeira paciente entra pela porta de vidro do consultório e se senta próxima a minha mesa. Dou uma disfarçada ao checar a agenda de pacientes no computador e me certifico de quem seja a mesma, sorrio gentilmente para a mulher de cabelos escuros e lisos, assim começando a pensar de menos e trabalhar de mais.

Algum tempo se passou e foi rápido como um piscar de olhos, restando apenas mais um paciente para ser atendido naquela tarde, mal podia imaginar que em uma plena quarta feira poderia ser o dia mais agitado de uma clínica. Coço um pouco os olhos por conta do cansaço e do sono, mas antes de conseguir me debruçar um pouquinho sobre a mesa para descansar os olhos por alguns minutos, avisto mais uma pessoa entrando pela porta. De primeira achei que era algum vulto e então não dei muita bola, mas quando percebi que era gente de verdade, rapidamente ajeitei minha postura e finjo estar antenada analisando algo importante nas fichas dos pacientes. Não havia mais ninguém para chegar.

O rapaz que acabara de entrar era praticamente da altura da porta, cheguei até imaginar que teria que abaixar um pouco a cabeça para passar sob ela, seus cabelos eram lisos como seda e escuros como os cabelos da primeira paciente, o mesmo era extremamente bonito e bem magro, talvez por consequência de ser tão espichado. Seu olhar parecia abatido, mas ainda sim conseguia enxergar uma luz vindo dos seus olhos, causando um arrepio em minha espinha só de os olharem por muito tempo. Observo pelos cantos o mesmo se aproximando cada vez mais, então consegui ver seu rosto um pouco inchado e avermelhado, podendo ser pelo frio que estava fazendo do lado de fora ou pode ter chorado a alguns instantes atrás. O mesmo solta a mim um sorriso sem mostrar os dentes, logo se sentando na cadeira vazia de frente para mim.

𝐂𝐑𝐔𝐒𝐇 𝐏𝐄𝐑𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎 • 𝐁𝐚𝐧𝐠𝐂𝐡𝐚𝐧Onde as histórias ganham vida. Descobre agora