37. Aparências

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SEM REVISÃO.

oi, podem me xingar.

***

Há momentos em que o universo decide te dar dicas de coisas que estão acontecendo na sua vida, sem que você peça por elas. As vezes ele se cansa do drama em algumas histórias e, finalmente, resolve deixar algo claro.

Acho que ele finalmente fez isso comigo.

Foi quando o museu de Paris caia aos pedaços, desmoronando em cima dos meus ombros, e tudo que eu conseguia ver eram olhos muito verdes atrás de uma máscara de fuga, que eu entendi. Era minha vez de dar um fim naquilo.

Ela tentou me enganar, de novo. Puft, boba!

Tudo começou há uma semana atrás.

Lauren tinha acabado de sair do apartamento, tínhamos dito coisas sentimentais demais aquele dia. O que me alegrou, admito.

Ela foi embora, mas com a promessa de que nos veríamos no dia seguinte. “Vou te levar na melhor sorveteria da cidade”, ela disse.

E então ela me ligou às 14h do outro dia, dizendo que já estava chegando. Ela ainda se lembrava que eu odiava todos os sorvetes, exceto um. Eu tive que sorrir ao saber que Lauren ainda lembrava meu sabor favorito.

Banana.

— Você parece aérea hoje. Tudo bem? — ela perguntou, enquanto eu me perdia em pensamentos novos. Como chegamos até ali? Nossa vida era uma loucura, nosso passado era desastroso. Tínhamos raízes, e histórias ruins. Mas estávamos tomando sorvete, juntas, em Paris.

— Nada, só.. Só pensando no quanto o universo é estranho. — respondi, levando a colher de aço à boca, sentindo a testura gélida derreter em minha língua. Ela me olhou, com um semblante confuso e sobrancelhas franzidas.

— Assim? De repente?

— É. Nada demais. — dei de ombros.

— Bom... — ela ainda parecia um pouco confusa com minha fala repentina. — O universo é mesmo estranho. Mas acho que a única coisa que nos resta é nos adaptar naquilo que ele nos serve.

Eu acho que nunca disse à ela, ou a qualquer outra pessoa. Sei que isso é clichê e bobo, mas os olhos dela...

Lauren tinha olhos verdes muito confusos me olhando naquele instante, eu sei que não era o assunto certo ou até esperado para um momento como aquele, mas esse não era o ponto.

Ela continuava a dizer em como as coisas aconteciam e em como nossas ações sobre elas gerariam consequências no futuro, e o universo estaria encarregado de mostrá-las cedo ou tarde, mas eu realmente já nem a ouvia mais.

Talvez eu nunca tenha dito, e que continue assim. Mas os olhos dela eram tudo. Não sabia o quanto estava sentindo a falta deles até vê-los novamente.

— ...e então não nos resta outra alternativa. — ela pontuou, muito convicta do que dizia, gesticulando com a colher entre as mãos e o canto dos lábios sujo de sorvete.

— Você está certa. — eu confirmei, mesmo sem saber. — Está sujo aqui. — não esperei que ela perguntasse onde ou fizesse qualquer gesto, me ergui sobre a mesa e levei meus dedos até o canto de sua boca, aproveitando para sentir a maciez da mesma, em um ato inesperado por ela. Meu polegar sentiu a textura de seus lábios e por um instante tive que respirar fundo. — Agora não está mais.

— Você está esquisita hoje. — ela riu, juntando sua mão a minha, pressionando meu tato sobre seu rosto, beijando delicadamente em seguida. Múltiplas sensações me atingiam agora.

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