25. Curious - Part. 2

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SEM REVISÃO.

***

Encarou a porta do banheiro masculino uma última vez, e se surpreendeu ao ver Agustín encostado no batente com os braços cruzados. Ele balançou a cabeça em concordância para qualquer ideia que Camila estivesse tendo, e foi rápido quando ela e Lauren foram até o barman.

Não tão rápido quanto saíram com a garrafa de vodka em mãos.

(música on: Jack Stauber - Buttercup)

Não tão rápido quanto chegaram naquela obra abandonada duas avenidas abaixo.

Não tão rápido quanto Camila bebeu quase metade da garrafa sozinha.

— Hey, vai com calma, moça. — Lauren aconselhou, tomando a garrafa das mãos dela, enquanto estavam deitadas uma frente a outra, naquele chão sujo de poeira e cimento. — Deixe um pouco para mim.

Camila limpou o canto dos lábios que escorregava um pouco de álcool e deitou-se de vez no chão, deixando de se apoiar pelo cotovelo, como Lauren fazia.

Lauren deixou a garrafa ao lado delas e fez o mesmo, encarando todos aquela estrutura esquecida do grande prédio esquecido.

Ela sorriu.

— Foi aqui onde eu pedi Chloe em casamento. — comentou sorridente, deixando Camila surpresa.

— Você quem fez o pedido?! — era chocante.

— Sim... — murmurou. — Tinha um rapaz, Anthony, que queria namorá-la. E, bom, nós estávamos em crise. A agenda de desfiles dela estava cheia e ela nunca chegava em casa antes das 02h da manhã, e eu estava chateada com o trabalho e com a falta dela. Tudo foi ficando cada vez mais difícil e eu passei a ignorá-la porque achava que era culpa dela chegar sempre tão tarde e as vezes sequer chegar. Anthony estava lá para consolá-la quando brigávamos.

— E ela gostava dele?

— Sim, ela gostava. Mas eu a pedi em casamento e tudo ficou bem. Não queria mas não podia correr o risco de perdê-la. Tudo melhorou depois e agora eu tenho um casamento marcado para o final do ano, quando na verdade eu sequer imaginava a palavra "noiva" na minha cabeça.

— Acho que você a ama. — Camila concluiu, observando o perfil de Lauren enquanto ela observava o céu sem estrelas.

— Eu devo amar. — seu tom era sarcástico e então ela soltou uma risada seca. — Para falar a verdade, eu tenho certeza.

— Como tem tanta certeza?

— Eu só amei uma mulher a minha vida toda, acredito que tenha um pouco disposição para amar outra. Ela é importante para mim.

— Você está bêbada, não sabe o que está falando.

— E você também está.

Silêncio.

O maxilar de Lauren trincou, e ela se ergueu minimamente para beber um pouco, deitando em seguida.

— Posso te contar uma coisa?

— Aham.

— Ainda sinto o gosto dos seus lábios se eu me esforçar demais. Tento evitar pensar em você porque sei os erros que cometi no passado. Não me orgulho disso. — os dedos pálidos buscaram pelas mãos quentes da menor cegamente, encontrando-se e entrelaçando a sua esquerda em uma delas. — A vida segue e eu consigo ver isso. Pensei que nunca mais te veria de novo, mas cá estamos nós, e eu espero mesmo que você seja uma alucinação minha porque não é a primeira vez que eu te encontro nos meus sonhos.

Os grandes olhos verdes encararam o rosto da mais nova.

— Chloe é uma das coisas mais incríveis que já me aconteceram, mas tem ideia do que poderíamos viver se fôssemos você e eu? Seria incrível.

— E por que não podemos?

— Somos a coisa mais improvável desse mundo. — ela disse. — E tudo que é monótono chega a ser desinteressante. — seus olhos estavam fixados nos dela. — Seríamos uma bomba atômica se estivéssemos juntas, mas nem eu, e nem você saberíamos nosso momento de explodir.

— Isso parece ruim.

— É ruim. — Lauren grunhiu. — É por isso que nunca vamos dar certo.

O coração de Camila acelerou por um instante ao escutar aquilo. Deveria ter doido mas Wayne não sentiu absolutamente nada. Era assustador e preocupante. Ela sabia que deveria estar quebrada agora.

— Isso é louco. — murmurou. — Para falar a verdade, eu não ligo.

Lauren franziu as sobrancelhas.

— Não?

A latina riu alto.

— Ah, babe, não mesmo.

Lauren a analisou por um tempo, esperando que ela voltasse atrás com as palavras, mas quanto mais esperava, mais o tempo passava e Camila continuava serena encarando o céu.

Então a faísca que fracamente se acendia nos olhos verdes morreu, e os dedos entrelaçados aos da outra foram levados a garrafa de vodka mais uma vez.

— Você continua a mesma insensível de sempre. — resmungou, levantando-se.

— Tive uma das melhores professoras para me ensinar a ser assim, é difícil esquecer. — respondeu com um sorriso brincando em seus lábios, os braços cruzados.

— Pensei que tantos anos longe te fariam ter um pouco de saudade.

— Você matou meu pai, por que eu teria saudade de alguém que me tirou uma pessoa tão importante?

— Não foi apenas o seu pai quem morreu aquela noite.

— Mas foi o meu pai quem morreu para me salvar. Quanto de culpa você acha que eu carrego? — estavam se encarando como se fossem matar uma à outra. E até seria uma situação possível caso não estivessem tão bêbadas.

— Eu não queria que aquilo acontecesse. — Lauren lamentou, levando a vodka até a boca. — Mas o que você queria que eu fizesse? Era o meu pai! Aquele homem era tudo o que me representava e eu simplesmente não poderia deixar de escolhê-lo por... Por...

— Pelo o quê, Lauren?!

— Por amor. — estavam próximas demais e as respirações bêbadas se misturavam pelo ar, o coração frenético da maior batendo forte. — Eu amava você, eu sei disso. Foi a primeira mulher que eu amei na minha vida e foi indescritível, eu nunca vou saber como lidar com você assim como nunca vou saber como falar sobre o que tivemos, porque tudo foi mais do que intenso, Camila. — levou a mão livre até o rosto latino e observou os traços que agora estavam deveras mais maduros. — Me perdoe se magoei você antes, mas as pessoas mudam e cá estou eu. Uma fotógrafa rica, com 80% da mente tomada pelo álcool, alucinando o meu primeiro amor e uma aliança de noivado guardada no bolso.

— Você não está alucinando, Lauren...

A mais velha piscou por alguns instantes, vendo como os lábios carnudos da outra se mexiam.

— Eu poderia beijá-la, já que não é coisa da minha cabeça. Mas o quão eu seria cruel com quem me espera em casa? Céus, eu seria horrível.

— Desde quando você se importa em não ser cruel?

Desde quando eu parti sabendo que quebrei o seu coração por ser assim.

***

oi babys

o capítulo é curto? sim, mas é o que eu posso estar trazendo para vocês no momento

logo vlt com mais, amo vcs

Spoiler de hoje: "— Onde você estava? — ela perguntou, sentada no sofá, com o celular nas mãos e uma expressão descontraída.

— Acabei me perdendo em uma viela.

— Essa viela usa Chanel n° 5?"

PerversaWhere stories live. Discover now