32. Chloe?

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SEM REVISÃO
***

Inquieta e ansiosa, Camila subiu o sweater da maior, tremendo internamente ao sentir a pele dela exposta, tirando a própria roupa para ter mais contato. Os lábios dela tomavam sua boca de maneira sedenta, trovões soando do lado de fora e a temperatura baixando, quando lá dentro o cômodo ficava quente e seus corpos começavam a transpirar.

As línguas se enroscavam e Lauren pressionava ainda mais contra ela, as pernas enroladas e os toques cada vez mais intensos. Os cabelos emaranhados, assim como as sensações árduas e cortantes dentro de seus peitos. Lauren correu seus dedos para o zíper de Camila, abrindo-o, ouvindo-a soltar gemidos sensíveis e suspiros longos por entre seus lábios enquanto seu joelho massageava sua intimidade.

Aquilo tudo era real?

Era algo a se pensar.

O destino seria perverso naquele nível, realmente? Unindo mais uma vez duas personalidades tão distintas como as delas. Trazendo de volta o comichão ardente e impetuoso que dominava toda a corrente sanguínea de ambas, desenvolvendo o ecstasy dentro de seus sistemas.

O mais puro e venenoso medo.

Medo era a palavra que podia defini-las no momento. Só Camila sabia das noites mal dormidas e das dores arrebatadoras no peito às 4h da manhã, sentindo a falta de Lauren.

E só Lauren sabia o peso da culpa que carregava, os dias sem fome e a insônia incomum e preocupante que se agravou por meses e meses, sabia o preço de ter perdido Camila.

Agora cá estavam, o que dizer?

Corpos que se conheciam tanto, agora se experimentavam com curiosidade. Agitadas, confusas. Camila podia sentir os toques cálidos, o beijo forte, as línguas brincando, enquanto a ponta de seus dedos mapeavam as costas desnudas e firmes da outra. Algo no pé de seu estômago avisava que o que estavam fazendo era errado, que elas não eram mais as mesmas e que aquilo já não fazia tanto sentido. Mas a cada aperto em sua cintura, a cada mordida nos lábios preenchidos, a cada entrelaçar de pernas bobo, Camila ignorava. Só se vive uma vez.

Os lábios carnudos se conectavam, saciavam, lembravam. As mãos soltas e salientes por entre os corpos. Carinhos tão lentos que a eternidade parecia uma ideia real naquele pequeno instante.

Trovões soavam junto de raios que cortavam o céu e rompiam as nuvens. Dedos brancos e maquiavélicos pintando os céus.

Talvez fosse uma sentença, um pecado. Era como beber e sentir seu corpo ser envenenado pelo álcool, o corromper. Era como nadar até ficar sem fôlego, e depois subir para superfície.

Tudo aquilo que elas eram, era como um dia no deserto, e depois ser jogado em um rio de água cristalina.

Mortal, mas prazeroso.

— Eu... Eu não posso fazer isso. — Lauren de repente soltou, ficando estática, vendo o rosto de Camila de contorcer em dúvida. — Não posso.

— O que...? — Camila perguntou perdida e observou-a se sentar e passar a mão pelos cabelos.

— Não posso fazer isso, Camila. — respirou fundo, seus olhos encarando o show nos céus através da janela enorme em sua sala. — Não faz mais sentido.

— E desde quando sexo precisa fazer sentido para você? — a outra resmungou, começando a ficar chateada, sentando-se também.

— Você sabe que isso não é certo.

— Se você se sente tão mal assim, por que não negou da última vez? — esbravejou, um relâmpago dançando entre as nuvens.

— Eu não sei. Só... Só não vamos confundir as coisas. — Lauren sentia a garota ao seu lado respirar pesado, vendo-a pelo canto dos olhos negar com a cabeça.

Então Camila sorriu.

— Transar com você não significa que eu quero tudo que tínhamos de volta, ou que eu quero algo além de sexo, muito menos quer dizer que eu amo você. Desde quando sua mente diminuiu tanto assim?

Lauren engoliu seco.

— Eu só não acho certo, Camila.

— Por que diabos você está mantendo essa personagem comigo?! — a mais nova berrou, cansada daquela versão santa e boazinha. — Por que está agindo como se eu não conhecesse o seu pior lado? Sou eu, merda. Não importa como as coisas aconteceram, pare de tentar ser o que você não é.

— Aquela Lauren não existe mais, Camila! — Quinzel berrou de volta, ficando de pé. — Pare de tentar trazer de volta algo que já não faz mais parte do que eu sou.

Camila a avaliava, ainda sentada, e então assentiu, procurando por sua roupa.

— Ok, você está certa. — deu de ombros. — Está é você, Lauren Jauregui. — sorriu branda. — Acho que sou a única me enganando aqui.

Começou a caminhar em direção à porta.

— Está chovendo lá fora, você não precisa ir. — disse, olhando-a por cima do ombro.

— É melhor pegar um resfriado do que ficar na presença de desconhecidos, você não acha? — respondeu com gentileza, segurando a maçaneta.

E quando a girou e estava prestes a sair pela porta, ouviu um grunhido.

— Merda, Cabello. — Lauren a alcançou, segurando-a pelo pulso.

— Não me toque, eu não conheço você.

Os olhos de Lauren então ficaram escuros, e sua respiração tornou-se ofegante. Tocando o rosto de Camila, e puxando-a pela cintura, virando o queixo dela para o lado e beijando seu pescoço como costumava fazer, sussurrou em seu ouvido:

É claro que você conhece, babe.

***

Era tarde da noite, chovia forte, e Chloe se encontrava embaixo dos cobertores, sozinha. Algo estava faltando naquele apartamento e ela gostaria de não ter noção do que era. Mas ela sabia, e doía ainda mais ter consciência de que era tudo culpa sua.

Chloe amava Lauren, de fato.

Não sabia onde estava com a cabeça quando acabou com o noivado, mas desde o acidente Lauren parecia tão distante. Sempre pensando demais, fechada demais. Chloe não conseguia entender. Pensou ser sua culpa, resolveu deixar de lado suas vontades e cá estava.

Talvez nunca mais voltassem, ou quem sabe sim, se Chloe fosse corajosa o suficiente para ir atrás dela...

Para pedir que voltasse e a amasse como de costume, quem sabe ela deixasse o orgulho de lado e aceitasse.
Bom, era difícil saber o que aconteceria enquanto ainda se mantinha embaixo dos cobertores de sua cama.

***

— Por que demorou tanto para chegar? — Bruce perguntou ao vê-lo abrir a porta de seu escritório e fechá-la com cuidado, caminhando até a poltrona à sua frente.

— É difícil para um super-vilão sair andando por aí sem ativar a polícia local, sabia? — ele respondeu.

— Pensei que nada fosse impossível para você.

— Eu disse que era difícil, não impossível. — o homem de madeixas esverdeadas sorriu ladino. — Mas, diga-me de uma vez, o que você quer?

Bruce ajeitou-se em seu acento e respirou profundamente, antes de dizer:

— Preciso de sua ajuda para algo muito importante. — pronunciou, sério. Passaram-se alguns segundos até que uma gargalhada exagerada cortou o silêncio do cômodo.

— Você? Precisa de mim para fazer algo? Agora realmente estou bastante interessado. — comentou, limpando as lágrimas do canto dos olhos após tanto rir. — Do que se trata, afinal?

— Minha morte.

O sorriso no rosto de Joker então se desfez, deixando-o surpreso.

— O que- O que você disse?

***

Continuará...

PerversaWhere stories live. Discover now