7 - AS CRIATURAS

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Cassian

Duas criaturas completamente desconhecidas rastejavam pelas terras da Corte Noturna.

"O que estavam fazendo aqui?"

"Como chegaram até aqui"?

Estávamos tão atentos a criatura que saíra das sombras que não percebemos a segunda que se aproximava de nós. Enquanto uma caçava, a outra montava guarda.

Da posição em que me encontrava olhei para Agnes e vi que toda cor havia sido drenada de seu rosto. Ela encarava a criatura atrás de mim com um rosto assombrado. Medo, era puro medo estampado em seu belo rosto.

A fêmea caiu para trás e rastejou para longe do que quer que tinha visto atrás de mim. A contemplação do rosto aterrorizado de Agnes fez com que um calafrio subisse por minha espinha.

- Ora, ora o que temos aqui? - A criatura disse com um tom predatório.

Me debati em uma tentativa fracassada de me libertar. A criatura fincou com mais força suas unhas em meu ombro para que eu ficasse quieto em meu lugar. Contive o urro de dor, não queria atrair a atenção da outra criatura que ainda se preocupava em aterrorizar o pequeno cervo.

Com a respiração entrecortada disse:

- Faça o que tiver que fazer comigo, mas deixe-a ir - Olhei para Agnes ao dizer.

A criatura soltou uma risada de escarnio e disse:

- Seu heroísmo não será necessário - deboche envolvia suas palavras - Nenhum dos dois vai a lugar nenhum.

- Viemos em busca de comida, mas ganhamos um enorme presente - a criatura cantarolou Dois corpos para possuirmos. O de uma caçadora... e o de um general. - Disse enfatizando a última palavra.

"Possuir nossos corpos?"

"General?"

"O que aquelas criaturas eram?"

"Que poder possuíam?"

"Como sabiam que eu era um general?"

A revelação surpreendente me chocou ao ponto de fazer com que me faltassem as palavras.

Se dirigindo a fêmea que aterrorizada ainda segurava o arco contra o peito a criatura disse:

- Levante-se jogue esse arco para longe - Sua voz estava encharcada de puro sarcasmo - não que ele vá fazer alguma diferença no final.

Apertando meu ombro de forma mais intensa ela disse:

- Mas se não me obedecer, posso acidentalmente rasgar uma veia do general - Enfatizou ao fincar as unhas mais profundamente em meu ombro.

Encarei Agnes mais uma vez e fiz que não com a cabeça. Meus olhos imploravam para que ela fugisse, para que se salvasse.

Morrer defendendo pessoas inocentes sempre pareceu uma morte honrosa para mim.

Minha ousadia ao incentivar a fuga da fêmea fez com que a criatura arrastasse uma unha por uma de minhas asas. A dor provocada pela pele de minha asa sendo rasgada escureceu minha visão.

O pavor fez com que Agnes fizesse alguns movimentos com as mãos que não pude entender. Mas em poucos segundos já obedecia aos comandos da criatura e ignorava minha súplica silenciosa.

Agnes se moveu e com o rosto petrificado pelo medo ficou de pé.

- Muito magra - a criatura avaliou - Mas mesmo assim seu corpo ainda nos servirá muito bem. Que belo presente a mãe sombria nos trouxera! - O tom dela era triunfante.

CORTE DE SOMBRAS DA LUAWhere stories live. Discover now