Capítulo 19: God's Whisper

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"Eu ouço o sussurro de Deus, chamando meu nome;
Está no vento, eu sou o salvador;
Nós somos os salvadores;
Eu ouço o sussurro de Deus, chamando meu nome."

– God's Whisper, Raury.


A notícia da deserção de Alexis espalhou-se por Robichaux feito erva daninha, bem como as especulações dos motivos que a levaram a fazê-la. Das poucas bruxas que conheciam as circunstâncias de sua partida, nenhuma delas se dispôs a esclarecer, isto cabia a Mallory, e quanto mais tempo as meninas passassem entretidas em suas fofocas, melhor ela poderia preparar o terreno para contar o real problema do Coven e as proporções globais que ele tomaria mais dia menos dia.

Mas mais urgente do que contar a adolescentes mágicas que suas vidas estavam ameaçadas pelo apocalipse iminente, a filha do arcanjo precisava reunir o conselho e as demais bruxas experientes da casa, deixa-las cientes do plano que ela passou semanas articulando, que não somente era difícil de ser executado, mas também a única chance de impedir a extinção completa e irreversível da humanidade.

— Antes de começarmos, eu gostaria de agradecer a presença de todas. – Mallory pôs-se a falar, sentada na extremidade da mesa, lugar que anteriormente pertenceu a Cordelia, alternando seu olhar entre as cinco bruxas ao seu entorno. — Eu sei o quão desafiadora é a situação, e só o fato de estarem aqui significa muito.

— É ficar ou arder no fogo do apocalipse, que escolha temos? – Madison inferiu.

— De qualquer forma, estou grata. Sem a assistência de vocês eu estaria de mãos atadas.

— O que me leva a pergunta: o que estou fazendo aqui? – Coco indagou com impaciência. Desde que descobriu a verdade sobre a natureza de Mallory, a amizade entre elas não foi mais a mesma, e Coco passou a sentir-se desconfortável, como se não merecesse estar na presença do anjo. — Eu sou só um contador calórico ambulante, que serventia eu tenho no meio de bruxas experientes e poderosas?

Aparentemente, a dúvida de Coco era compartilhada por todas, pois o rosto dela não foi o único a encarar Mallory com expectativa, mas também o de Madison, Myrtle, Zoe e Queenie. De fato, os poderes de Coco eram tão simples ao ponto de serem irrelevantes em um combate contra o próprio anticristo, especialmente se ele estivesse acompanhado de uma Suprema recém-florescida.

Mallory respirou fundo, tomando fôlego, coragem e paciência para contar o que tinha em mente. Ela sabia desde o início que seu plano não seria facilmente aceito pelas descendentes de Salem.

— Acredite ou não, Coco, não é de seus poderes que eu preciso, mas sim do seu dinheiro, ele vai nos comprar uma passagem para o fim do mundo.

Dando tudo de si para ser o mais clara possível, Mallory passou minutos ininterruptos discorrendo as prováveis formas que o apocalipse poderia ocorrer, e em todos os cenários, os sobreviventes eram grupos de elite que podiam pagar pelo privilegio de permanecerem vivos. Essa foi a parte fácil de fazê-las entender, difícil foi explicar que teriam que permanecer passivas, meras expectadoras enquanto Michael transformava o planeta em um jardim de horrores.

— Longe de mim questionar sua autoridade celestial, mas... – Myrtle começou a falar, mas foi interrompida por Queenie.

— Mas eu estou questionando, que porra de plano é esse? – a bruxa perguntou sem fazer esforço algum para mascarar sua indignação. — Deus enviou um anjo à terra só para nos dizer que não podemos fazer nada e temos que aceitar esse destino horrível? Se for este o caso, me desculpe, mas Alexis teve mais prudência do que todas nós ao escolher o lado avesso da coisa.

— Não, Queenie! Não é isso que estou querendo dizer! – Mallory justificou-se exasperada, não podia se dar ao luxo de perder nem mais uma bruxa para Michael. — O que quero entendam é que, agora que Michael e Alexis estão juntos, o apocalipse vai acontecer, nossa única chance de impedir era destruir Michael de dentro para fora, e Alexis é a única capaz de fazer isso. No entanto, se agirmos com cautela, podemos amenizar o impacto das ações deles. Entendem o que quero dizer?

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