Capítulo 17: Immortal

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"Eu quero ser imortal, como um deus no céu;
Quero ser uma flor de plástico, como se nunca fosse morrer;
Eu quero viver para sempre, para sempre em seu coração;
E nós sempre estaremos juntas, do final até o começo."
– Immortal, MARINA.


Em menos de quarenta e oito horas após a ligação de Zoe, Alexis estava de volta à sua terra natal. Retornar à New Orleans e à Robichaux sempre foi um evento, com uma comitiva de bruxas para recebê-la com muito entusiasmo, e dependendo do horário do dia, um almoço ou jantar de boas vindas. Mas desta vez, não houve nada, apenas silêncio.

Alexis atravessou os portões sozinha, e a porta, que ela precisou abrir com a telecinese, também sozinha. Encontrou meia dúzia de suas irmãs na sala de estar, onde uma conversa baixa e mórbida era acompanhada por xícaras de café, chá, copos de whisky e um leve cheiro de cigarro.

— Oi. – ela anunciou sua presença, fazendo a conversa cessar e seis cabeças se virarem para encara-la.

— Alexis. – Madison foi a primeira a reagir, com uma alegria melancólica ao rever a ex-namorada.

Sem se importar com os olhares e nem com o fato de que todas ali sabiam sobre o rompimento, a atriz se levantou e foi abraçar a bruxa recém-chegada. Alexis retribuiu com afinco, sentindo o peito transbordar em saudade, e também em culpa, não queria nem pensar em como Madison se sentiria se descobrisse que ela andou se pegando com Michael enquanto esteve fora.

— Vou avisar Cordelia que você chegou. – disse Madison, subindo as escadas e levando a mala de Alexis junto.

Lexi voltou sua atenção para as outras mulheres na sala. Mallory estava lá, majestosa e etérea como sempre, com Coco ao seu lado, e esta mais parecia a dama de companhia de uma jovem rainha. Na poltrona seguinte estava Myrtle, com seu costumeiro cigarro preto pendendo entre os dedos, e depois dela, Zoe e Queenie respectivamente. Alexis sentou-se na poltrona vaga antes ocupada por Madison, entre Queenie e Coco, pegou um maço de cigarros em cima da mesa de centro – que a julgar pela cor só podia ser de Myrtle – e acendeu um deles sem pedir permissão.

— Então. – Alexis pôs-se a falar, infestando a sala com fumaça mentolada. — Como ela está?

— Morrendo é o que ela está. – Myrtle respondeu sem um pingo de paciência. — É a razão pela qual te chamamos de volta, caso contrário, você ainda estaria em Los Angeles passando a mão na cabeça do anticristo, e fazendo sabe lá Deus o que mais.

A insinuação, que era verdadeira, poderia ter feito Alexis irritar-se e xingar a velha, mas ela atentou-se mais à forma como a anciã escolheu se expressar. Deus, foi o que Myrtle disse. É fato que a senhorinha ruiva também desiludiu-se da fé pagã, mas diferente de Alexis, que tornou-se uma herege assumida, Myrtle caminhava para a conversão.

— Obrigada pelo insight, Myrtle. – ela retrucou, fingindo-se ofendida. Sabia que debochar só pioraria as coisas, e que Myrtle provavelmente estava sofrendo com o luto antecipado para falar daquele jeito, mas não conseguiu evitar responde-la a altura. — Eu não poderia imaginar que Cordelia está debilitada, muito menos que você estava torcendo para que Michael me enforcasse durante a noite e te livrasse do desprazer de me ver nesta casa outra vez.

Coco tampou a própria boca com as mãos para evitar o riso, sabendo que seria errado, mas Queenie não teve esta preocupação, deixando uma leve e rápida gargalhada escapar. Zoe e Mallory, por outro lado, se mostraram desgostosas com a situação.

— Acho que as duas são bem crescidinhas para entender que o momento é delicado. – Zoe interviu antes que a conversa evoluísse para uma discussão. — Será que podemos dar paz à Cordelia em seus últimos dias de vida?

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