Capítulo 8: Flesh and Bone

465 36 8
                                    


"Quebre a verdade dentro de mim;
Chame abaixo a mão na árvore do Diabo;
Agarrei o ramo de fuligem em chamas;
O pai subiu, para arranhar meu pé; (...)
Eu caminho só, fora de mim, sem lugar para ir;
Minha carne e osso, essa parte de mim, as sementes que plantei."

– Flesh and Bone, Black Math.


Em seus quatro anos de reinado como Suprema, Cordelia provou ser uma mulher competente e obstinada. Não por acaso, em menos de 48 horas após sua decisão final, todos os seus peões estavam devidamente posicionados no tabuleiro, cada um com seu dever a cumprir.

Alexis, que ainda era cética e não queria fazer parte daquele jogo, implorou para ficar em New Orleans tomando conta de Robichaux, mas Cordelia negou seu pedido, a escola e as alunas ficariam sob a responsabilidade de Queenie e Misty, pois Alexis tinha outro papel a desempenhar. E agora, encontrava-se, mais uma vez, em missão oficial do conselho, caminhando pelo subúrbio de Los Angeles a procura da nova rainha do vodu Dinah Stevens.

Foram poucas as vezes que Alexis viu de perto a sucessora de Marie Laveau, mas lembrava-se bem da fisionomia da mulher, e também de sua personalidade pouco amigável, tão verdade era aquilo, que Dinah escolheu esconder-se num fim de mundo na cidade dos anjos a ficar em New Orleans com as outras praticantes de vodu, ou talvez fossem elas que não aceitaram bem a substituição daquela que fora sua rainha por 300 anos. Independente de qual fosse a verdade, não interessava a Alexis, estava ali por que precisava da ajuda de Dinah e foi por isso que bateu à sua porta.

— Posso te ajudar? – um homem estranho atendeu.

— Estou aqui para falar com Dinah Stevens.

— Minha mãe não tem nenhuma cliente marcada para hoje, volte outro dia. – ele respondeu com grosseria, pronto para fechar a porta na cara de Lexi, mas ela o impediu com apenas um aceno de sua mão.

— Vá até a sua mãe imediatamente e diga que Alexis Goode está aqui para vê-la. Eu não vou pedir uma terceira vez.

O homem engoliu em seco, não desacostumado com os poderes de uma bruxa, até porque era filho de uma, mas com medo. Ele entrou de volta para a casa, e alguns instantes depois, Dinah saiu.

— O que faz aqui, garota? – Dinah perguntou. Nem de longe tinha o porte de rainha de Marie, mas impunha algum respeito.

— Eu é que te pergunto, Dinah. – Lexi retrucou. — O que a rainha do vodu, podendo estar entre os seus, faz neste pedaço esquecido de Los Angeles?

— O que é uma rainha sem súditos? Ou um domínio? – a sacerdotisa indagou retoricamente. — Há muita pobreza e crime em New Orleans para se viver em um subúrbio, e só uma de nós foi abençoada com uma família rica do French Quarter.

— Então é sobre dinheiro. – a bruxa concluiu que nenhuma das opções anteriores para a mudança de ares de Dinah era verdadeira, embora não soubesse que diferença faria mudar de um bairro de classe baixa da Louisiana para outro igual na Califórnia. — Os clientes da costa oeste são mais generosos?

— Sim, mas são poucos os brancos que procuram pelos favores do vodu, dizem que não querem se apropriar da nossa cultura. – involuntariamente, Dinah colocou o debate racial em pauta, muito mais constante em New Orleans do que em Los Angeles, já que as diferenças eram mais escancaradas em cidades do sul. Não existia sequer uma praticante de vodu branca, assim como era baixíssimo o número de descendentes de Salem negras. — Acho isso uma besteira, a cor que importa neste mundo não é branco ou preto, é verde. Com o dinheiro, todas as portas se abrem.

— Já que estamos falando de portas, talvez você possa abrir uma para mim. – Alexis resolveu ir direto ao ponto. Em outra ocasião, adoraria dar continuidade a um assunto tão importante, mas tinha pressa. — Precisamos da sua ajuda, Dinah, eu e meu Coven.

BelieverOnde as histórias ganham vida. Descobre agora