Capítulo 7: Send Me An Angel

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"Ouça a voz de dentro, é o chamado do seu coração;
Feche seus olhos e você encontrará a passagem fora do escuro;
Aqui estou;
Você vai me enviar um anjo?
Aqui estou;
Na terra da estrela da manhã."

– Send Me an Angel, Scorpions.


"Você irá compreender no seu tempo." A voz de Michael ecoou pelo vazio, e então, o mundo escureceu. Quando voltou a enxergar, Alexis encontrou-se em um campo aberto banhado pela luz de uma lua de sangue, e novamente vislumbrou os anjos que estiveram em seu sonho dias atrás, mas ainda não era possível enxergar seus rostos. De um lado do campo, a mulher de asas brancas e coroa dourada montava um cavalo, na mão esquerda levava uma trombeta, e na direita, uma espada. Ela soprou a trombeta, e com o som, uma legião de mulheres vestidas de preto surgiu atrás dela. Na outra extremidade do campo, o homem de asas negras levantou suas mãos e murmurou palavras em uma língua antiga, e das cinzas debaixo de seus pés, os mortos já apodrecendo levantaram-se da terra. Os anjos encararam-se e, sob seu comando, seus exércitos correram um em direção ao outro para iniciar a batalha...

Alexis acordou assustada, sozinha em seu quarto em Robichaux. Cinco dias se passaram depois das Sete Maravilhas, e em nenhuma noite desde então deixou de ser acometida pela presença de anjos em seus sonhos. Agora ela sabia que não era uma coincidência e sim um aviso, especialmente por ter sonhado com eles pela primeira vez logo após ter feito um ritual pedindo auxilio a Hecate, a mãe de anjos. Mas pior do que ter seu sagrado descanso perturbado por mensagens desconexas, eram suas intepretações para tal. Lexi tinha fortes razões para acreditar que estava desenvolvendo um novo poder, algo como uma variação da Visão, e levando em conta que bruxas ficam mais fortes em tempos de crise, e a crise fora profetizada por Cordelia da pior forma possível... talvez o fim estivesse realmente próximo.

Consternada, Alexis saiu da cama, pegou seu maço de cigarros na gaveta, vestiu um robe preto por cima do pijama e desceu as escadas em direção à sala de estar. Lá embaixo, encontrou o conforto que procurava dentro do grande armário de vidro que estava na escola desde o reinado de Mimi DeLongpre, recheado de bebidas alcóolicas para todos os gostos. Lexi serviu-se de uma generosa dose de whisky, acendeu um cigarro, abriu uma das cortinas e sentou-se no vão da janela, deixando a luz da lua entrar.

Ela tinha plena noção de que seu gosto pela bebida já estava ultrapassando os limites do saudável, mas não conseguia evitar. Depois de tantas noites acordando no susto, e com Madison tão longe, não havia nenhuma outra bruxa em Robichaux com quem pudesse desabafar. Cordelia já estava com a cabeça cheia de problemas para ser incomodada com mais um, e Zoe, por mais que Alexis a amasse de todo seu coração, não podia ser confiada a aquele assunto, pois seu primeiro ato seria levar a fofoca aos ouvidos da Suprema. Infelizmente, só podia contar com seus maus hábitos para esquecer e adiar os problemas.

— Você está bem? – a súbita pergunta no meio da madrugada teria assustado Alexis se não fosse pela voz extremamente doce de quem a fez. — Alexis?

Mallory estava parada ao fim da escada, seus compridos cabelos castanhos caíam em ondas sobre a camisola branca, cujo tecido escondia parte do rosário dourado que nunca abandonava seu pescoço, e seus olhos, que curiosamente mudavam de tonalidade dependendo da luz, brilhavam num castanho mel. Era uma beleza bastante comum, mas aos olhos de Alexis, algo em Mallory a fazia parecer etérea... quase tão divina quanto Michael.

— Estou bem, só não consigo dormir. – Alexis mentiu, não conhecia a garota o suficiente para confiar nela, e mesmo que o fizesse, não a perturbaria com questões que provavelmente estavam além de sua compreensão.

— Você não parece bem. – ela falou apontando para o copo e o cigarro na mão de Alexis, o rosto franzindo em incômodo ao sentir o cheiro da nicotina.

BelieverWhere stories live. Discover now