De fato, nossas instalações não eram incríveis, mas eram o suficiente. Na noite em que saímos daquele acampamento, levamos algumas coisas. Como também utilizamos de alguns machos e fêmeas para comprar mantimentos ou vender o pouco que produzimos de forma discreta. Não tínhamos luxo aqui.

Mas nenhum luxo compraria a paz que temos nesse lugar.

- Muito obrigada Reille - Fiz uma pequena reverencia e sai.

- Maleah - A voz doce me chamou antes que eu saísse - Para dar sorte - Zoe me dera a pequena escultura.

Eu aceitei, de fato precisaria de muita sorte.

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A tenda de reuniões estava cheia. Os chefes de cada setor do nosso acampamento estavam presentes. Machos e fêmeas, lado a lado. Nós decidiríamos isso juntos.

Mas como havia imaginado, a reunião não estava nos levando a lugar nenhum. Todos tinham algo a dizer, mas nunca chegávamos a nenhum consenso.

Kaila estava com o rosto severo enquanto Cendra dizia:

- Eu acho tudo isso uma loucura. Depois séculos de cautela, de cuidados excessivos para não chamar atenção para o que temos aqui, vocês simplesmente querem voar até lá e entregar a nossa localização?

O controle de Kaila parecia estar prestes a se dissipar quando ela disse:

- Antes de qualquer coisa somos Illyrianas Cendra. As fêmeas de nosso povo finalmente foram autorizadas a aprender a se defender, só que temem as consequências. Precisam de nossa ajuda. Acreditam que se mantiverem suas asas e aprenderem a lutar, nenhum macho se interessará por elas. Temem por pensar que não haja uma alternativa de vida a não ser esposa e mãe de alguém. Se mostrarmos e contarmos o que temos aqui talvez elas mudem de ideia.

Kaila disse com esperança:

- Talvez sejamos o empurrãozinho que elas precisam.

- Você é muito sonhadora menina, não viu metade do que já vi. - Cendra disse com desprezo no olhar - Não é só porque manteve suas asas que você possa voar alto demais. Quanto mais alto você for, maior será a sua queda.

- Brigas não nos levarão a lugar nenhum - Interrompi a discussão que provavelmente duraria horas.

- Graças a Mãe - Agnes disse levantando as mãos aos céus e balançando os cabelos azuis - A velha cendra aqui acordou rabugenta demais hoje. Toma - Agnes jogou uma das frutinhas em Cendra - Para adoçar esse seu coraçãozinho amargurado. Também não tenho mais minhas asas, mas nem por isso invejo o voo dos outros.

Cendra já abria a boca quando decidi intervir para que aquilo não se tornasse ainda pior:

- Me importo com a opinião de todos vocês, por isso convoquei essa reunião - Falei com sinceridade olhando nos olhos de todos os que estavam presentes.

Fechei os olhos inspirando coragem e continuei:

- Se eu tivesse que tomar essa decisão ontem, minha resposta provavelmente seria não. Mas... - Por um momento minha atenção se deteve nos olhos sempre alegres de Agnes, nos cabelos azuis mal cortados na altura do queixo, então continuei - percebi o quão egoísta seria se permanece trancada aqui e nem ao menos tentasse ajudar aquelas meninas. - Meus olhos encontraram os de Kaila, e os lábios carnudos dela subiram em um sorriso de aprovação.

- Não estou pedindo a vocês que voem até lá comigo. Só que me deem a sua benção para que eu ao menos tente. Se não quiserem não contarei a história de vocês a eles - Coloquei a mão no peito enquanto dizia - Mas me deixem contar a minha.

Fiz uma pausa e soltei uma risada abafada:

- Talvez contar as histórias nem mude nada, talvez aquelas meninas olhem para mim e ainda irão preferir suas tarefas. Mas eu preciso, preciso dizer a elas que aprender a lutar e manter suas asas é um direito delas. - Agnes pareceu se encolher um pouco - Não é necessário que todos vocês me acompanhem, mas saibam que eu irei. Eu preciso ir.

- Se te dar a minha benção significa voar com você até aquele acampamento e ver a cara de alguns machos novos, eu topo - Agnes disse apontando para os machos presentes na reunião - Já estou cansada desses rostinhos.

Eu sabia o que ela estava fazendo. Estava aliviando o clima pesado. Estava tentando fazer com que aquilo se tornar mais fácil para mim. Eu a amava por isso, a amava por fazer com que nossas tarefas sempre parecessem mais leves.

A maioria ainda gargalhava, menos Cendra que se direcionando a mim de forma seca disse:

- Não serei a estraga prazeres aqui - Ela disse apontando para as pessoas na tenda - Mas lembre-se que existe um grupo de viúvas e órfãos doidos por vingança pelo que aconteceu séculos atrás. Nem todos ficaram felizes com a morte daqueles machos. A maioria de nós somos gratos a você por aquilo, mas não se esqueça que temos inimigos por todos os lados. - Ódio lampejou em seus olhos - Espero que meu pai não se torne mais um.

Cendra então se levantou e se encaminhou para fora, mas antes de alcançar a saída me disse:

- Se você encontrar aquele velho desgraçado, dê um chute na bunda dele por mim. - E saiu.

Alguém no fundo do recinto disse:

- É, não podemos negar que Devlon de fato mereça um belo chute na bunda.

Oi minha corte dos sonhos,

Como vocês sabem me chamo Tayná.
Sou mais conhecida como Tay por conta do meu instagram: @taaysbook.
Primeiramente agradeço por me emprestarem seu tempo ao se dispuserem a ler minha fanfic.
Prometo que boa parte das minhas teorias estarão aqui.
Espero que se divirtam e que a leitura seja agradável.
Capítulos novos serão lançados todos sábados, mas se batermos as metas que anunciarei no Instagram, alguns capítulos extras poderão ser lançados no meio da semana.

Se gostarem, votem na história e por favor sigam a Tay pra sempre receber as notificações de novos capítulos ❤

CORTE DE SOMBRAS DA LUAWhere stories live. Discover now