Perdidos no Polo Sul

CAPÍTULO 10

Pensei na Alice e nas palavras absurdas que aquele homem dizia. Alice não poderia está morta, quem seria Jason Mye sem a Alice Beckman?

Ela é tão adorável, uma pessoa extraordinária, gosto tanto dela. Seu sorriso me fascina; e me deixa parado em meio ao universo enquanto seus olhos deslumbrantes me levam até o buraco negro mais fundo de todo o mundo.

As vezes chego a pensar que Alice me completa, que eu não viveria sem ela ou sem suas brincadeiras ou até mesmo sem seus sorrisos.

Seria possível dois amigos se apaixonarem ?

Até o verão de 2021 éramos grandes amigos, ou irmãos para ser mais específico, essa era a palavra que nos definia, irmãos. Mais hoje o meu sentimento mudou e sinto que quero ser mais que seu amigo. E sua resposta ? Qual seria sua resposta ? Que ainda me considera como seu irmão ou um super amigo ? Tenho medo, esse é o sentimento mais besta nessas horas em que você esconde o que realmente sente.

Comecei a chorar depois que atravessei o corredor, não queria mais imaginar de quem seria aquele sangue no chão. Meu cérebro não pensava em outra coisa a não ser na Alice. E meus olhos ? Meus olhos não conseguiam mais ficar abertos. E sim chorar e chorar até pensar em alguma solução.

As lembranças estava me devorando esses sentimentos e pensamentos estão vindo sem bater, estão chegando sem minha permissão. Sou um tremendo louco em imaginar coisas que possivelmente não deveria estar acontecendo.

E se a Alice ainda estiver viva ? Estou prometendo a mim mesmo que quando eu a ver, irei dizer o que estou sentindo por ela e que assim seja, tenho medo da sua resposta.

A anos que luto para não tocar em seus lábios.

Por mais sem vergonha que eu seja eu já tentei beijar a Alice, mais nunca fui o homem de dar a ela um verdadeiro beijo, sim, eu a beijei mais ela evitou. O que fiz durante esses anos foi tratá-la como uma amiga, mas só eu sentia o que realmente estava sentindo, ela me via como um amigo ou um irmão. Meu medo me torturou me fazendo esconder o que realmente sentia por ela desde a faculdade em que ela estendeu a mão para mim.

Lembro-me como se fosse hoje, estava indo para o mesmo, ainda com aparelho e óculos com lentes de garrafas e verrugas por quase todo o rosto. Era o nerd mais bizarro de toda a faculdade. Entrei pelas portas amarronzadas de madeira resistente  e lá estava ela recolhendo seus livros de biologia e química no armário.

Estava com uma blusa azul marinho, calça jeans azul escuro, seus cabelos estavam soltos e lisos, estavam realçando um brilho enorme. Andei até ela inseguro e com uma dor ao pé do estômago, minhas mãos estavam tão geladas que pareciam ter saído do freezer a pouco tempo. Essa é a insegurança de um nerd em tentar mostrar que ama uma amiga de outra forma. Um amor mais intenso e ousado, vamos dizer assim.

Eu estava com um short jeans de cor bege e uma blusa de algodão preta e branca. Meus cabelos estavam cacheados naquela época, o que era mais bizarro e mais nerd de todos os nerds.

Andei até ela com pressa, ela já estava saindo quando vi a porta do seu armário bater e ela virar suas costas. Ainda não tinha me visto, faltando poucos passos até ela eu empurrei com meu corpo o seu corpo na porta do seu armário e a olhei nos olhos enquanto meus braços formavam barreiras em que ela estava dentro.

Ela estava calada, não tinha dito nenhuma palavra enquanto estávamos nos olhando, foi aí que eu a beijei confiante de que ela aceitaria meu amor. Seus lábios eram tão macios, me aprofundei no beijo com minha confiança e auto-estima ainda de pé.

Tudo mudou quando senti suas mãos tocarem em meus peitos me empurrando para trás.

- Jason ? O que você está fazendo ? - Sua voz saiu com desprezo.

Desse dia para cá cheguei a pensar que a Alice nunca mais falaria comigo.

Foi aí que em um dia qualquer em que estávamos na faculdade eu pedi desculpas a ela e disse que foi por impulso o que fiz. Saberia eu que não foi por impulso, mas relevei.

Meus pensamentos se perderam, me encontrei sentado ao chão manchado a sangue, minhas lágrimas já haviam secado deixando meu rosto grudento. me levantei e do meu lado sem que eu percebesse me deparei com a maleta. A maleta que estava trancada com um cadeado. Maldito cadeado!

Eu coloquei ela próximo a um monte de neve que formava um morro pequeno, olhei para o alto e vi o céu estrelado e flocos de neve caindo.

O monte de neve estava com uma cratera no meio.

Alguém ou alguma coisa deitou ali ?

Encontrei nas laterais do monte marcas de garras enormes e assustadoras.

E lá dentro. Ovos enormes que se movimentavam de uma forma desesperadora.