CAPÍTULO 2

75 33 132
                                    

Me levantei do chão sujo, a caixa laranja ainda estava lá e a única coisa que estava segurando agora era a carta, o mesmo que comprovaria que eu não estava enlouquecendo.

Minhas mãos estavam tremendo e com um aspecto branco, isso não era natural. Meu corpo adquiriu um aspecto molhado, de tanto de que me cercava, um suor gelado e estranho.

Ouvi alguns gritos á distância, voltei meus olhos para o último trecho da carta. Que dizia que, algo perigoso e perverso estava a sacanear os aventureiros que ali estavam antes de nós.

Por mais perigoso que fosse chegar até a porta de ferro enferrujada eu tive essa coragem insaciável.

Minhas pernas já não doíam tanto como antes, e já sentia uma sensação positiva, acreditando eu mesma de que não estava no Polo Sul, pelo frio ter desaparecido. Esse sentimento b logo desapareceu quando cheguei até a porta e vi marcas de sangue pela neve de longe.

Os gritos se tornaram constantes e isso me enlouqueceu.

A verdade é que eu sempre fui e morrerei sendo sensível a gritos e desespero. Muitas pessoas devem está a imaginar o quanto eu sou fresca, mas, o que eu vi me deixou espantada e com mas desejo de sair daquele lugar.

- Alice ? - Você, Você não vai nos ajudar ? - Nicolas exclamou procurando fôlego e com um tom de voz rígido e trêmulo, ele e os outros Jason, Amanda e Edward estavam a arrastar um corpo caído.

De quem era aquele corpo ?

Minha respiração se alterou e eu não pude negar a minha preocupação e meus incontroláveis pensamentos negativos.

- Gregory ? - Eu o chamei - O que aconteceu com ele ? - Olhei para os outros que estavam a descansar. Eles de facto estavam a arrastar o corpo do garoto a horas percebi pelo cansaço incontrolável.

Ele estava desacordo, com o mini game coberto a neve em sua mão direita sem nenhum movimento.

Sua outra mão esquerda estava com uma quantidade assustadora de sangue, o mesmo era escuro e úmido, parecia ter pouco tempo que estava ali.

Eu gritei um grito baixo, virei o rosto para o lado e sentei na neve, os rapazes e a Amanda ficaram em silêncio. Não falaram nada, não disseram o que aconteceu e nem perguntaram se eu estava bem, se eu notei algo estranho na cabana ou com o lugar.

- Chegamos a um certo ponto em que a neve estava cobrindo os nossos joelhos. Isso não deveria acontecer estamos no Polo Sul, não é ? Nicolas ? - Amanda perguntou frizando a testa colocando em seu rosto uma expressão inexplicável, a mesma expressão que venho a colocar no rosto quando estou confusa. Sua voz estava acelerada, parecia estar procurando fôlego.

- Não podemos ficar aqui fora ! - Nicolas falou se recolhendo do chão coberto a neve. Essa foi as únicas palavras que ele tirou de sua boca. Parecia está nervoso e preocupado com seu filho desacordado e tirando muito sangue.

Analisei os rostos que estavam ali.

Amanda olhando para o corpo, Ed olhando a pulsação e Jason preocupado recolhendo o suor da testa.

E então fiz algo que veio como impulso. A tamanha coragem de abrir a jaqueta do garoto.

O zíper já estava aberto e a blusa de dentro estava com um rasgo enorme. Me segurei para não ver nada mais que apenas sangue. Mas ali não tinha apenas sangue. O couro do garoto estava destacando e o sangue parecia sair mais ainda.

Encostei a testa próximo ao peito do Gregory, comecei a chorar e ali mesmo confessar o quanto eu fui uma pessoa ruim e fechada para ele. Uma surpresa veio a me fazer arregalar os olhos e engolir o choro no mesmo instante. Pude sentir algo se mover.

O coração do garoto ainda batendo. E se fosse pelo chá de silêncio de todos eu ainda estaria a pensar que ele estava morto.

- Vamos levá-lo para dentro, ele ainda está vivo. - Exclamei conduzindo o corpo do garoto com os outros que estavam ao meu lado para a cabana.

Os rapazes e a Amanda me ajudaram a colocá-lo deitado em uma cama que não era nada confortável, a própria cama da cabana. Uma bem velha de madeira escura e frágil bem antiga, com molas enferrujadas que nem trazia mais conforto.

O pai parecia não se importar com o filho e meus únicos pensamentos era cuidar dele e fazer ele contar o que fez aquele estrago no estômago dele.

- Você viu o que causou com seu próprio filho ? Na próxima, pense duas vezes para onde quer levar seus cachorrinhos. - Surtei próximo a ele, enquanto ele estava intacto, não falava nada apenas tinha ouvidos para ouvir.

Parecia entender que o erro foi dele.

Logo depois, pude perceber que não tinha fogão para aquecer a água e assim limpar todo o ferimento com um pano úmido, equipamentos médicos principalmente curativos.

- O que você fez com o armário ? - Jason perguntou analisando os objetos que estavam esparramados pelo chão.

- Enquanto vocês estavam procurando o Gregory eu estava aqui, prestes a se tornar uma escultura de gelo. Foi aí que o armário se rompeu e eu achei essas coisas. - Expliquei com paciência, ajudando Jason a vasculhar os objetos a procura de algo que possa diminuir o sangramento do enorme corte.

Talvez um medicamento ou esparadrapos e bandaids para ferimentos menores.

- Achei isto ! - Puxei a carta do bolso e, entreguei a Jason que me olhou logo em seguida, com um olhar que dizia " Por que não me mostrou isso antes ? ".

Jason sempre foi o líder do bando, era aquele que liderava o grupinho e resolvia os erros do Nicolas.

Era nosso Alfa. Nosso líder de boas palavras, aquele mais inteligente do bando, que sabe de tudo até dos mínimos detalhes, por onde devemos ir, as frutas que devemos comer.

Sua terrível história de quando era mais jovem foi a coisa mais difícil de ser revelada, nossa amizade fluía bem até que em uma tarde de quarta feira, estávamos em uma cafeteria de Nova York. Tomando Cappuccino, até que um deles tocaram no assunto. Imaginamos o desconforto do Jason só de falar as primeiras palavras, lembro-me tão bem que parecia ser em um dia como hoje, tirando a cabana velha e a neve.

- Minha infância não foi como a de uma criança normal que saía com os amigos para jogar bola ou algo semelhante a isso - Ele passava o dedo indicador nas laterais da caneca. Parecia ter cuidado com o que estava a falar, como se estivesse desligando os fatos, cortando um por um e escolhendo os que deveria e os que não deveria mencionar.

- Minha mãe era agredida quase todos os dias. Meu pai vendia, usava e transportava drogas. Minha vida seguiu nesse ritmo até meus 14 anos. — Ele falou como se ali fosse o fim daquela conversa, e para terminar ele encostou seu rosto próximo ao peito da Amanda começando a chorar. Me trazendo a impressão de que ele estava arrependido de algo.

Eu sei que deve ser torturador mais fiz uma promessa a mim mesma de que ia tirar o que ele estava a esconder e assim ajudá-lo a confiar mais em seus amigos, ajudá-lo a enfrentar os seus medos e trazer paz aos seus pensamentos do que aconteceu no passado.

A cafeteria desapareceu, se apagandi lentamente, tudo parecia ser apenas uma memória, e foi uma até a cor viva do sangue que estava a escorrer pelo colchão que parecia precisar de mais algodão aparecer em minha frente. Me fazendo acordar do que estava a pensar.

Jason leu e releu a carta, seu rosto avermelhou-se e pude notar que ele  entendeu e pensou a mesma coisa que pensei. Nós dois voltamos nossos olhos para o enorme corte na barriga de Gregory e presumimos que há algo perigoso correndo pela neve.

Perdidos no Polo Sul Onde as histórias ganham vida. Descobre agora