— Clares, você está bem? — ele perguntou.

Clarissa piscou algumas vezes e o encarou, calculando as palavras dele aos poucos até juntá-las e entender seu significado.

— Sim. Só...cansada. — respondeu ela sorrindo apenas com os cantos da boca.

Ele continuou a encarando.

— Tem certeza? Está estranha. Sabe que pode me contar qualquer coisa.

— Henry, estou bem.

Seu irmão a olhou com ternura.

— Sabe que meu coração dói toda vez que tenho que partir e deixá-la aqui sozinha. — ele aperta a mão de Clarissa como um gesto de afeição — Mas daqui a alguns dias já estarei de volta para o baile, e poderei voltar a lhe perturbar à vontade.

Clarissa junta as sombrancelhas confusa.

— Baile? Que baile? — ela pergunta.

— Não soube? — ele se estica na mesa e puxa uma folha de jornal que estava próxima deles, mas que Clarissa não havia percebido antes — Os Bassetts... — após pronunciar o nome da família, Henry olha para o rosto de Clarissa, com medo de tocar em um assunto ainda delicado para ela — darão um baile. — ele termina.

Os olhos de Clarissa se encontram com as letras no papel.

"Senhoras e senhores pertencentes ao topo da sociedade londrina. É com enorme prazer que venho por meio desta matéria anunciar o baile dos Bassett, dia dezessete de agosto do sagrado ano de 1801. Infelizmente, não será aberto à todos, apenas convidados da família poderão estar presentes.

Para a felicidade deste redator, as reuniões da família Bassett sempre nos rendem meses de assuntos a se falar e discutir."

— Henry... — Clarissa diz quase como um sussurro — As pessoas estarão lá. Ninguém sabe que eu e Joshua rompemos o noivado, irão descobrir.

— Sim, era sobre isso o que eu queria falar com você. — Henry respira fundo — Clares, Thomas Bassett chegará na próxima semana. — ele olha em volta para ver se havia alguém por perto, como não tinha, ele continua — O planejado é que ele venha até aqui quando chegar à Londres para lhe conhecer, e então pedir-lhe em casamento...no baile...na frente de todos.

Clarissa continuou o encarando sem expressão. Ela sabia o que aquilo significava, claro, agora tudo fazia sentido. Por isso seus pais estavam conversando sobre esse assunto no dia anterior.

O que ela poderia fazer de melhor? Aceitar a proposta e fazer tudo o que lhe pediam. Só assim protegeria sua família.

Henry continuou a encarando preocupado, mas para a surpresa dele ela respondeu:

— Está tudo bem.

E sorriu.

Sorriu? Estranho..., Henry pensou.

Então sorriu de volta.

— Fico feliz que finalmente entenda que todos querem somente seu bem.

Será que ele sabia sobre a tal carta? Ou estava apenas defendendo seus pais, como sempre, apenas para evitar mais brigas entre ela e eles?

— Tenho que ir, maninha. — ele se levanta e beija a cabeça dela — Te amo. E se cuide. Quando menos esperar já estarei de volta para lhe perturbar novamente.

— Também te amo. — ambos sorriem.

Henry já estava andando em direção à porta de saída da sala, mas se virou uma última vez.

Through the time • RuelWhere stories live. Discover now