Após uma terrível briga com seu namorado, Gigi decide se fechar pra qualquer relacionamento e mergulhar a fundo na experiência do Drag Race, ela está alí para ganhar e sabe disso.
Do outro lado, Crystal está completamente perdida naquela competição...
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Voltando para a recepção, Crystal olhava impaciente de um lado para o outro, a manhã antes calma começava agora a dar lugar ao início de tarde. Caminhando distraído, ele mal conseguia ver o que se passava no salão, pessoas andavam para lá e cá, algumas de roupas de banho, famílias prontas para ir à praia e aproveitar um belo dia em Los Angeles. Crystal se sentia em outro mundo, não podia se dar ao luxo de andar pela cidade ou até aproveitar o ar livre que fosse fora do hotel, com certeza Gigi estava por aí com a mesma sensação amarga, não conseguia imaginar onde Gigi estaria. Continuou a observar a recepção, ponderando enquanto andava afim de chegar numa conclusão.
Pense Crystal, não é como se você não conhecesse ele.
Bem, na piscina Gigi não estava, caso contrário já tinha causado vários suspiros em Crystal. Foi caminhando rápido até o restaurante, passou os olhos de súbito tentando não divagar por um tempo, o lugar não estava movimentado como na noite anterior e agora a luz forte do dia inundava o recinto pelas grandes janelas, tudo parecia diferente naquela manhã, mas ainda nenhum sinal de Gigi. Crystal continuou, deu uma corridinha até o salão de jogos, até que um dos recepcionistas lhe chamou atenção por estar perambulando por lá e cá. Foi quando ele parou e percebeu, talvez Gigi não esteja por aí se divertindo ou coisa parecida, ficou preocupado, imaginou ele preso em seu quarto naquele sábado ensolarado e sentiu um aperto inexplicável.
Voltou para a recepção.
- Moça, eu preciso de ajuda.
Ele estava tão eufórico que a mulher lhe estranhou.
- Bom dia! Pois não? - Ela falava educada, porém fria.
- Preciso achar meu amigo. - Ela levantava as sobrancelhas e Crystal se aterrorizava vendo sua expressão cada vez mais antipática. - É o seguinte, ele está em algum dos quartos, mas eu não sei qual.
- Tem o nome dele? - A mulher parecia grudada o computador, mal encarando Crystal.
- É Geggie. - Crystal não lembrava do nome real de Gigi e estava começando a ficar em pânico.
- Vocês são do programa, não é? - Crystal se aliviou, mas não recebeu uma expressão saudosa dela. - Eu não posso dar essas informações a qualquer um.
- Moça, olha eu sou sim do programa. Pode procurar aí, meu nome é Cody, Cody Harness.
- Me dá um segundo. - Ela bufou voltando a mexer pelos teclados do computador. - Aqui, Samuel Geggie?
- Sim é ele.
- Terceiro andar, quarto 302, vou avisar que você está subindo. - Ela pegava um telefone ao seu lado, mas foi parada por um gritinho de Crystal.
- Ah! Tem como não avisar a ele que eu estou indo?
- Por que eu faria isso? - Ela lhe estranhou.
- É que... Esquece. Obrigado moça, de qualquer forma. - Crystal correu até o elevador que estava prestes a fechar.
Se juntando a uma família naquele espaço apertado ele se preparava psicologicamente para ter de falar com Gigi, mesmo depois da última vez que se encontraram e da forma que Geggie tentava lhe afastar, seja qual fosse o jeito que ele fosse lhe tratar, Crystal iria mesmo assim. Ele sentia que havia algo ali, um dos muitos detalhes sobre Geggie que ele não sabia sobre a Miss Goode, porém esse parecia importante, era essa coisa que lhe afastavam.
Algo lhe dizia que Gigi era a pessoa dos seus sonhos, seu sonho platônico não podia nascer do nada. Crystal respirou fundo sentindo o cheiro salgado de mar e ouvindo as risadas das crianças em volta de si. Ele se olhava pelo espelho no fundo do elevador, o que será que Daya e Lux lhe diriam se o vissem agora? Talvez até Daegen zombasse dele por estar sendo tão emocional e bobo, para Gigi ele ainda era um colega de competição, não tinha motivos para suas mãos suarem tanto. Checou se estava tudo ok com sua camisa colorida, se seus óculos estavam limpos, ou seu cabelo bagunçado. Ouviu a porta se abrir e verificou, havia chegado ao terceiro andar.
Ansioso abriu espaço entre as pessoas para ter acesso ao andar, o elevador atrás de si fechou e tudo pareceu mais silencioso. Em volta de si era tudo branco, as paredes claras refletindo a luz quente do sol e ao longe depois de uma enorme varanda com cadeiras e flores, uma vista linda de Los Angeles. Era exatamente como o andar que ele estava hospedado, foi caminhando observando atento cada número de cada porta. Parou na desejada, grudou o ouvido na madeira, lá dentro parecia tudo mortalmente silencioso, ele podia até sentir um pouco do ar gelado do ar condicionado sair pelas frestas da porta, respirou fundo e bateu de forma tímida.
- Eu sabia que você viria. - A porta foi aberta na primeira batida. Gigi colocava a cabeça para fora encarando a Methyd sem nenhuma expressão aparente.
Crystal deixou um sorriso enorme criar vida em seu rosto.
- É, as outras... - Ele tentava, mas não conseguia se concentrar, não sabia que a presença de Gigi iria lhe dar tantos calafrios e uma tremedeira imensa, droga, tanto trabalho mental para quebrar na frente dele outra vez?
Gigi continuava lhe olhando dos pés à cabeça, esperando alguma resposta, ou explicação do porquê Crystal estava ali.
- As outras, elas querem saber se você quer...
- O quê? - Ele abriu toda a porta se recostando num canto, estava sem camisa e seu rosto inchado denunciava que acabara de acordar.
Crystal suspirou vendo que ele agora lhe olhava com menos julgamento que antes, ou talvez ela suspirou forte ao ver seu torso nu assim tão de repente, mas o caso era que Gigi lhe desconcentrava horrivelmente, Crystal se sentia a pessoa mais boba e ridícula do mundo perto dele, e aquele estalar de suas unhas, mania esse de Gigi que Crystal agora odiava, estava lhe dando nos nervos.
- Gigi você quer ir comigo, e as outras, comer a piscina?
Ele falou rápido, um pouco rápido demais.
- Do que você está falando Crystal? - Gigi fazia de tudo para segurar o riso.
Engolir as palavras ou se atrapalhar todo e acabar se perdendo entre elas, típico da Methyd, tão típico que por um segundo Gigi esqueceu de tudo, esqueceu até de sua auto pena ou de se manter distante do outro. Crystal invadia seu dia, como os raios de sol que insistiam entrar pelo seu quarto e mandar para longe toda a escuridão que Gigi achava necessitar. Ele admirava Crystal cada vez mais deliciado com a imagem que enchia seus olhos, por dentro sentia, iria acabar cedendo aos encantos do mullet.
- Você está aí sozinho?
- Claro que estou. - Ele encarou o riso apavorado do outro e um suspiro foi ouvido por Crystal. - Vem... - Gigi lhe deu espaço para entrar.
