21 - When we were younger

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— Eu não diria isso. — dispara Joshua.

— Como? — o rosto de Ruel era uma mistura de raiva e ofensa. Ele acabou de acusá-lo de não ter honra? Ora...

— Eu não diria isso... — o jovem repete e complementa — sobre Clarissa.

— Não compreendi.

— Oras, acha que sou tolo? Estive sempre lá. Sei o quanto demorou para que ela superasse a sua...morte. — seus olhos ficam cheios de mágoa com as lembranças vindo à tona — Vi o quanto ela sofreu. Todos os dias. Como mesmo depois de tudo, depois de estarmos juntos, os olhos dela brilhavam quando alguém citava seu nome. — ele encara Ruel intensamente.

— Sei o quanto doeu, — Joshua continua — e o que ela ainda sente, pois eu estive lá por ela. E ela também esteve lá por mim, pois Clarissa não foi a única a perder alguém com quem se importava. Porque naquela época...eu também havia perdido um irmão, e sei quanto ainda o amo.

Ruel não sabia definir o que estava sentindo no momento, mas enquanto encarava Joshua, sentiu como se tivessem nove anos novamente.

•••

— O que eles acham que sou?

Pa!

Uma mocinha indefesa?

Pa!

— Sei muito bem o que faço, posso me defender sozinha.

Pa!

— Tenho certeza de que esta árvore não tem culpa sobre seus problemas. Enfrente alguém do seu tamanho.

Desde que os pais conversaram e decidiram juntos de que o castigo dela seria definitivo, Clarissa correu para o jardim dos fundos de sua casa, pegou um bastão do kit de lutas que ela e seu irmão costumavam usar quando eram menores para brincar e começou a...

Bater em um tronco de árvore como se fosse um boneco de treinamento. Até que Henry apareceu.

— Até que não seria uma má ideia canalizar toda minha raiva em você. — ela diz ainda séria, o que deixa Henry um pouco apreensivo sobre o que ela seria capaz.

— Clarissa, se acalme e pense, por favor.

— Sou uma mulher crescida, não uma donzela indefesa que precisa ser protegida em uma torre. Sei o que faço.

— Justamente por isso que precisa ficar em casa.

Ele pega o outro bastão e dá o primeiro golpe na direção da irmã. Ela desvia.

— Já disse o porquê de ter ido até a casa dos Vincent sozinha, tive meus motivos. Além do mais, ninguém me viu.

Clarissa parte em direção ao irmão, mas ele bloqueia o golpe com seu bastão e empurra ela para o lado.

— Sra. Berrycloth viu.

— Sra. Berrycloth é amiga de mamãe e ficará calada. Qual motivo ainda existe para que eu fique aqui?

— Não fazer nenhuma outra besteira?

Ele gira o bastão e a encara com atenção.

— Não sou mais uma... — ela desvia de um golpe repentino de Henry — criança.

— Mas age como tal. — Henry relaxa e abaixa o bastão — Clares, eles a amam e estão fazendo isso para o seu bem. Já teve o acontecido do jornal a desrespeitando, se alguém a visse entrando na casa dos Vincent sendo noiva de Joshua, a sociedade a comeria viva!

— Sim, Henry. Eu cometi um erro, e estou arrependida. Sei disso, mas não é um motivo aparente para que me mantenham isolada de todos até que eu me case. E não me casarei mais com o Sr. Bassett, sendo assim, estou nas mãos da escolha de papai para um noivo. — ela para e respira firme — Você mais do que ninguém sabe o quanto detesto a ideia de me casar com um estranho, você mais do que ninguém deveria ter ficado ao meu lado!

Clarissa começa a tentar golpear Henry com múltiplos movimentos, até que seu irmão imobiliza seu bastão, o joga no chão e finalmente a vira, segurando pelo pescoço. Fim de jogo.

Não fiquei ao seu lado, pois acredito que não seja um castigo, mas sim uma ajuda para protegê-la. E se quer saber, sim, concordo com você, acho um exagero mamãe não autorizar que escolha seu próprio pretendente, mas não sou o chefe dessa família, as escolhas não são minhas.

Clarissa se solta dos braços do irmão.

— Ao menos poderia tentar convencer o papai.

— Já tentei, okay? Mas ele não quis me ouvir. Mamãe já encheu a cabeça dele com suas ladainhas. Desculpe, Clares. Mas eles não vão mudar de ideia.

Clarissa se vira de costas para Henry e encara a grama verde sob seus pés. Estou condenada, ela pensa. Que ótimo.

Mas acredito que posso fazer algo por você.

Ela se vira e encara o irmão com um rosto confuso.

— Todos os dias, mamãe tem um chá marcado com alguma de suas amigas, sempre na mesma hora e lugar.

— Sim, eu sei. Ela sempre pede para não incomodá-la durante esses momentos por conversarem coisas de...mulher.

Clarissa então percebe onde ele estava querendo chegar.

— Por algumas horas, mamãe fica completamente ocupada em uma sala com alguma de suas amigas. E não quer que a pertubem. — ele sorri de um jeito malandro, exatamente como Clarissa sempre se recorda dele — Todos os dias o cuidador de cavalos anda com os meus para que não fiquem atrofiados. Como sei que você enlouqueceria se ficasse muito tempo presa em casa, poderia acidentalmente pedir para ele que a deixasse ir em seu lugar.

— Você faria mesmo isso por mim? — Clarissa não conseguia acreditar no que ele dizia.

Uma vez por semana. Para não levantar suspeitas, e para que mamãe não descubra. Papai não sai do escritório o dia inteiro, e não acredito que tenha mudado algo quando fui embora.

— Realmente.

— Use a saída traseira que leva até a trilha na floresta. A que usávamos quando éramos pequenos. Ninguém lhe verá.

— Você está falando sério?

— E algum dia eu já lhe deixei na mão?

— Bem...

— Não foi uma pergunta literal, por favor.

Eles riem.

— Mais uma coisa. Se eles descobrirem, não tenho nada a ver com isso.

— Já disse que te amo?

— Bom, isso depende. Em momentos em que lhe tirei de situações constrangedoras, solucionei seus problemas e...

Ela pula em cima de Henry e tenta tapar sua boca com a mão.

— Cale a boca! Você é um completo idiota. — ela diz rindo.

Ele desvia e a abraça.

— Também te amo, irmãzinha.

Through the time • RuelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora