▸ Capítulo 21.

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Jungkook errou a chave na ignição duas vezes. Ele estava suando, revivendo as memórias no Canadá e o exato momento em que, embreagado e em seu desenfreado desejo de amar alguém uma noite, teve uma relação com Taehyung com camisinha. Ele não se lembrava de muito, mas se lembrava disso perfeitamente. De vestir o preservativo enquanto observava a curva torneada e grossa da perna do Kim. Dos olhos marejados dele por algum motivo que Jungkook não entendia. Do sexo lento e profundo que fizeram até altas horas da madrugada.

Ele não entendia.

Sair desgovernado por aí não é nem de longe uma atitude que ele costuma tomar. Estava tão nervoso que, perto de chegar em seu apartamento, ele virou uma rua aleatória e teve que dar a volta no quarteirão todo.

Um filho.

A porra de um filho. 

Um sonho.

~


Taehyung não dormiu, e no dia seguinte, colocou o primeiro pé no box com uma sensação horrível de solidão, taquicardia e frio. O bebê parecia resoluto; sem dar sinal algum de vida. Ele tinha uma consulta hoje e não sabia como ia chegar lá, não sabia nem se queria ir. 

O seu banho foi demorado. Quase meia hora analisando os azulejos e pensando se esse era o seu destino, o abandono. As imagens do seu casamento vieram sem querer, e ele se sentiu sozinho. Talvez se estivesse com Jackson agora, nada disso estaria acontecendo. Provavelmente. Depois, Sori. Sori significava mais do que o amor da sua vida. Era tudo o que ele queria. Uma família. Liberdade. Dar o amor que não teve. O casamento e Sori eram o auge de tudo, o topo. Ele pensava, preso naquela vida de merda, que estava livre da outra vida que tinha na casa dos pais. Quando sua mãe era viva, refém de uma doença e de uma crença.

Ledo engano. 

Ele não gostava de pensar em Pietro, preferia não deixar sua imaginação correr solta nesse sentido. E agora toda uma avalanche. Miguel, Jungkook, Seo Joon, o bebê que ele esperava e que já não tinha pai, nem carinho, nem ânimo, pelo visto.

Taehyung nunca pensou que a sua própria história ia se repetir. Ele cuidou pra que Sori nunca passasse pelo que ele passou, e no entanto, o bebê dentro dele já representava e encarnava anos de repressão e opressão. E pior, vinha dele mesmo. Que prometeu cuidar dos seus filhos e amá-los acima de tudo, nunca deixar que passassem pelas mesmas coisas que ele passou.

Ele saiu do chuveiro sem nenhuma vontade de ser um ser pensante. Sem nenhuma vontade de lembrar das últimas horas, em que Jungkook o proporcionou um pouquinho de vida para depois arrancá-la.

A sua bunda doía, as suas mãos doíam, os pés, mas o que mais doía era ter se apaixonado em uma noite só por uma ideia. A de que ele finalmente tinha encontrado os braços que iriam acolhê-lo. E nessa mesma noite, essa ideia caiu por terra e se provava uma imbecilidade fantasiosa.

~


Jungkook chegou dez minutos atrasado na empresa, e para a sua surpresa, nenhum dos seus empregados estavam no setor. A primeira pessoa que ele encontrou foi Heejin, que parecia apreensiva quando o tocou desnecessariamente no bíceps e disse que Min Yoongi precisava falar com ele.

Jimin já estava na sala sentado nos sofázinhos - bem longe da mesa do marido, os dois discutindo sobre alguma coisa séria. Eles imediatamente interromperam o assunto porque, aparentemente, Jungkook estava péssimo e com cara de morte.

— O que está acontecendo? - Jungkook perguntou, colocando o celular em cima da mesa do advogado, tentando entender a cara de enterro dos dois.

Begin -- jjk+kthWhere stories live. Discover now