▸ Capítulo 10

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Taehyung deu um tapinha fraco nas costas da criança, como se quisesse empurrá-la para Jungkook mas sem realmente empurrar. Ele não queria passar por isso, ele não era obrigado a passar por isso.

Não era certo que isso estava acontecendo.

Ele e Jungkook transaram literalmente em outro continente, por que eles estavam no mesmo lugar de novo?

Não é justo.

Não é justo.

Taehyung podia sentir a náusea vindo com força, quase expulsando tudo o que ele comeu (e seus órgãos internos), na cara do Jeon. A palidez repentina e a maneira como seus olhos ficaram débeis foram o suficiente para assustar o moreno, que deu o lanche na mão da criança e segurou os dois braços do Kim.

— Você é um nojento mesmo. - O castanho claro murmurou, aproveitando-se das mãos de Jungkook para agarrá-lo com toda a força que tinha (que não era muita), porque ele sabia que ia desmaiar. Sua última lembrança deliciosa e estressante era que seu nariz se encaixou gentilmente na juntura do pescoço e clavícula cheirosa do moreno, e que uma mão de Jungkook era o suficiente para segurá-lo, porque a outra estava embrenhada em seus cabelos. Foi o desmaio mais delicado que ele já teve.

~


Taehyung acordou com um pensamento. O de que ele precisava ir para o hospital porque desmaiar nos braços de Jungkook tinha sido a gota d'água, mas que odiava hospitais e que não ia coisa nenhuma. Era o último problema que ele precisava: ter um homem infiel do seu lado. Era impossível, estando com o Jeon, que não se recordasse que por um instante ele mesmo também foi parte na infidelidade.

Ele só não se afundava em autopiedade porque sabia que a culpa não era só dele, e era muito bom dividi-la com alguém. Ainda mais alguém que tem bem mais culpa na balança.

Quando ajustou melhor o olho à claridade, virou para o lado com um suspiro pesado e deu de cara com...

— Miguel? - Disse tão baixo que teve que pigarrear. Sua voz estava tão falha que a criança sentada ao lado da sua maca sequer entendeu o que ele disse.

— Professor. - O menino deu um pulinho animado, levantando da cadeira e quase derrubando-a no processo. Tae demorou alguns segundos para entender, sua cabeça parecia um pouco lenta.

— Oh... Seo Joon. - Reconheceu, e ainda falando baixo, Tae virou a cabeça novamente para olhar ao redor. Ele estava na enfermaria da escola, coberto por um lençol frio. A sala estava gelada e a pequena televisão estava ligada num noticiário, e ele de repente se culpou porque não tinha falado com seu pai de tarde. Era muito para ele, todas essas coisas. Seu pai, Sori, Jackson, Pietro, Seo Joon, Miguel, Jungkook, uma queda de avião em pleno bairro residencial em Seoul e casas pegando fogo segundo o noticiante...

Ele não estava entendendo o que estava acontecendo com a sua vida nesse momento.

— Titio foi lá fora. - Seo Joon indagou, e parecia hesitante. Foi aí que Taehyung se lembrou da presença da criança, tão aéreo que estava. - Ele tava no telefone. E a médica saiu.

A médica - enfermeira, entrou novamente com um pequeno sorriso no rosto.

— Você tem passado mal com frequência, Taehyung. - Ela se aproximou devagar, as mãos enfiadas no jaleco. A voz quase maternal escondendo uma nota entusiasmada. - Por que não vai ao médico? A essa altura, você sabe que tem alguma coisa errada, não é?

Ela estava com uma expressão diferente, quase como se quisesse dizer alguma coisa. Alguma coisa que ele não estava entendendo.

— Eu já pensei nisso, mas eu...

Begin -- jjk+kthWhere stories live. Discover now