Florean Fortescue's

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[Sana]

Era mais um dia daqueles que a gente só tem vontade de ficar deitada na cama esperando o tempo passar, só ouvindo a chuva forte do lado de fora e nada mais para fazer, mas não, esse não era o meu caso.

Daqui uns minutos eu tinha que me forçar a levantar e me arrumar, ser a filha perfeita, a Minatozaki exemplar de sempre em todas as reuniões dos Sagrados Vinte e Oito.

Os Sagrados Vinte e Oito eram um clube seleto. Continham apenas as famílias puro-sangue, ou seja, famílias sem nenhum ancestral trouxa na arvore genealógica.

Eu sinceramente não via razão de ter essas reuniões logo na minha casa, mas meu pai sempre as tinha como uma ótima oportunidade de promover as ideologias que ele e os companheiros do Ministério da Magia tentam colocar em vigor no mundo bruxo, ideologias essas que proibiam o casamento de bruxos puro-sangue com bruxos nascidos trouxas, ou casamento de bruxos em geral com trouxas comuns.

Segundo meu pai, a probabilidade de nascer uma criança trouxa de um casamento desse tipo era maior que qualquer outra, então ele e os outros Ministros estavam tentando há vários meses colocar essa tal forma de vida de volta, como foi um dia no passado distante.

Meu papel nisso tudo era só participar dos jantares e acenar com a cabeça quando se dirigiam a mim, eu não dava opinião sobre nada politico e não me interesso em nada dos assuntos em pauta, geralmente eram coisas maçantes de velhos metidos a inteligentes.

[...]

Eu tentava pensar numa desculpa que talvez fosse boa suficiente para que pela primeira vez eu não precisasse comparecer ao jantar, mas logo fui tirada dos meus pensamentos quando ouvi uma batida suave na porta e um dos elfos domésticos que trabalhavam minha casa apareceu no meu quarto falando com a voz fina esganiçada.

— Boa noite, Senhorita Sana, seu pai me mandou aqui para ver se você já estava pronta? – olhou para o chão como sinal de respeito.

Revirei os olhos e joguei as cobertas para o lado levantando logo em seguida indo até meu enorme closet cheio de das melhores marcas de roupas, o elfo me seguindo pelo quarto como de costume. Eu o olhei de canto de olho e ri divertida.

— Finty, o que você ainda 'tá fazendo aqui?

O elfo juntou os dedos indicadores se balançando pra frente e pra traz como se estivesse com vergonha.

— Estou aqui para servir a senhorita Sana. – sorriu amarelo.

Eu segurei uma risada e dei um tapinha nas costas do pequeno elfo,

— Finty, eu cresci olha. – me coloquei de frente ao espelho com o elfo de olhos enormes me olhando por trás. — Eu sei que você estava acostumado a me arrumar sempre quando pequena, mas agora eu consigo sozinha, 'ta bom?

O elfo assentiu meio desapontado e então me abaixei ao seu nível correndo o risco de ser pega pelos meus pais para falar melhor com ele.

Isso era algo inadmissível, um bruxo se abaixar no mesmo nível de um elfo servo, mas Finty praticamente me criou e tenho muito apreço pelo pequeno ajudante.

— Não fique desapontado, você sempre me ajudou desde que nasci, sou muito grata. – peguei sua pequena mão e balancei como cumprimento, o elfo sorriu satisfeito e desaparatou do meu quarto num estalo dos seus pequenos dedos.

Os elfos domésticos geralmente são muito teimosos quando se trata de cuidar de seu mestre, eles tinham que ter certeza que o mestre estava satisfeito ou realmente não precisava mais de seus serviços antes de seguir com seus afazeres, e foi exatamente isso que Finty fez.

Amortentia - SaiDaWhere stories live. Discover now