Casa dos Kim

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[...]

— Sana? Gatinha, acorda nós chegamos em Little Winning.

Chamei carinhosamente uma Sana que dormia profundamente no meu colo. Antes mesmo de pegarmos o trem para a minha cidade natal, nós tínhamos combinado que ela poderia descansar a vontade, pois não tinha passado uma noite muito boa após a carta miserável dos pais dela.

Eu nunca vi alguém tratar tão mal o filho do jeito que nem os Minatozaki tratam a Sana.

Era cruel demais.

Sana abriu lentamente os olhos e se sentou ainda aparentando sonolência, isso me fez sorrir pequeno.

Ela é muito linda, até mesmo com cara de sono.

— Passou tão rápido – coçou os olhos.

— Duas horas – sorri me colocando de pé e estiquei o corpo.

Percebi que Sana olhava com curiosidade para as demais pessoas se levantando também de seus assentos enquanto mexiam em seus smartphones ou ouviam músicas com fones de ouvido.

— Dahyun, o que são essas caixas pequenas que esses trouxas são tão obcecados?

Eu soltei uma gargalhada suave, ela era tão sem noção do mundo trouxa que chegava a ser fofo.

— Isso é um celular, nós usamos para comunicação e outras coisas – respondi entregando a mala dela e vi Sana levantar uma sobrancelha.

— Prefiro as corujas e as cartas – piscou pra mim e entrou na fila de pessoas que se juntavam para sair do trem.

Não sei por que sempre fazem uma fila para sair do trem ou avião.

As pessoas não podem simplesmente ter paciência e sair quando abrirem as portas.

[...]

— Está com fome? – olhei para o meu relógio no pulso — Ainda temos algum tempinho até meu pai vir nos buscar.

— Eu 'to morrendo de fome – Sana respondeu envergonhada — Mas não tenho nenhum dinheiro trouxa.

Sorriu sem graça.

— Eu pago o nosso lanche.

O milagre eu pagando alguma coisa para a toda poderosa Minatozaki.

Eu peguei a mão da loira e rumamos para a minha lanchonete favorita que por sorte ficava na esquina da estação principal.

Caminhamos conversando um pouco sobre o mundo trouxa e as curiosidades dela como motocicletas eram piores que cavalos e por que pessoas gritam tanto quando falam nas pequenas caixas (celulares)

Para Sana era tudo muito hilário e isso me fazia rir demais.

[...]

— Dahyun, você viu aquele homem? – apontou para um cara com os dois braços todos tatuados — Ele parece ter ficado anos em Azkaban, não é perigoso?

— Sana – eu ri novamente — As pessoas fazem isso com uma forma de arte no mundo trouxa, não se preocupe ok?

Ela me olhou curiosa e assentiu.

Nós adentramos a lanchonete e logo escolhemos uma mesa mais reservada onde Sana não corria o risco de ofender alguém com os seus comentários desavisados e logo pegamos o cardápio para escolhermos o que comer.

— Boa tarde, já sabem o que vão pedir? – a voz com tédio da atendente logo mudou — Dahy? Meu Deus quem é vivo sempre aparece!

Logo, eu desviei o olhar do menu para ver uma conhecida de longa data do meu mundo trouxa.

Amortentia - SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora