Não quebre promessas

367 22 33
                                    


A brisa adentrava a casa de madeira, balançando as cortinas finas que ali residiam, enquanto o belo jovem buscava organizar o amontoado de folhas em cima da mesa. Jinyoung não conseguia conter o sorriso que desenhava seus lábios ao notar cada desenho feito pelos pequenos betas. Todos muito coloridos e tão singelos que faziam seu coração se aquecer diante do vislumbre vivido.

Todos os dias se surpreendia com a inteligência daquelas crianças, que diante do local em que viviam, eram subestimadas por todos.

Certamente Carlon não era um reino muito receptivo com os betas, não se diferenciava de Soleil, todavia, em seu local de origem, as leis estavam mudando com o passar dos anos, séculos. Lá, pelo menos, eles tinham mais acesso a saúde, os homens eram escolarizados e as crianças tinham locais para ficar enquanto os pais trabalhavam. Carlon passava longe daquela aceitação toda.

Contudo, Jinyoung sentia que aos poucos, com suas ideias poderia mudar o pensamento dos moradores, sempre mostrando a eles que perante as leis dos deuses e da natureza, todos permaneciam iguais, independente da classe.

Respirou fundo por fim, terminando de analisar o último desenho. Guardou tudo dentro da pasta que havia organizado para aquelas tarefas mais dinâmicas. Passou a mãos pelos fios escuros, logo levantando-se e indo em direção a janela.

O sorriso apareceu outra vez. As crianças corriam, brincando uma com as outras e tudo aquilo deixava Jinyoung com o coração aquecido. Elas pareciam alheias a tudo, como se estivessem desligadas do mundo afora e, Jinyoung, por um momento lembrou-se da sua infância, das vezes que corria com Jimin pelos jardins do castelo e em como era bom brincando de se esconder do mais velho. Era uma nostalgia graciosa, bem-vinda e bem-acolhida. Jinyoung gostava daqueles momentos; daquela liberdade infantil que aos poucos, com o passar da vida, vai se perdendo.

— Ei, estão chamando você para o almoço! — Despertou dos devaneios pela voz do Jeon. — Vamos logo, porque eu estou com fome!

— Você está sempre com fome! — Murmurou divertido, aproximando-se do amigo.

— Eu como por dois agora. — Explicou-se cheio da razão, passando a mão na barriga.

— E como você anda se sentindo?

— Com muito enjôo e cansado!

— Bom, nos primeiros meses dizem que é algo normal.

— Eu espero que dure bem pouco, porque eu não aguento comer algo e ter que correr para o banheiro!

— Vai durar pouco! Podemos ir em uma casa de chás e pedir para lhe receitarem algo que evite isso ou amenize, que tal?

— Estava pensando em outra coisa. — Informou, descendo os dois degraus junto do moreno.

— No quê?

— Taehyun disse que aqui tem um Clã... algo com Sul se eu não me engano...

— Clã do Sul.

— Isso! Pois bem, talvez eu irei lá, pedir algo às bruxas e quem sabe, ver um pouquinho do futuro. — Soltou uma risadinha, voltando a acariciar a barriga de modo calmo, mesmo que ela ainda não dessa evidências de estar aparecendo.

— Por que vai ver as bruxas?

— Ora, não é óbvio? Quero que elas abençoem meu filhote. Você sabe... sempre que eu espero um, acabo por perder, quero que as coisas sejam diferentes agora.

— Você não irá perder. Está em Carlon, um lugar sossegado, longe dos incômodos do seu reino.

— Ei, fala baixo! — O reprimiu.

SoulmateOnde as histórias ganham vida. Descobre agora