— Adrey! Philip e Jasper me auxiliaram, me livraram das mãos dos homens realmente maus e desde então tem feito minha segurança. Como você pode duvidar de minha palavra? — Flora sentia a fúria dominá-la.

Adrey, pensativo, tentando juntar as peças, questionou:

— Quando eles a encontraram?

— Na manhã seguinte do dia que eu parti. Por que a pergunta?

— Não acha estranho que, querendo o seu bem, esses dois guers não a tenham levado diretamente até Gadol?

— Adrey, fui eu quem...

— Sinto muito, princesa, porém, essa história está muito suspeita e o príncipe poderá interrogá-los a fim de saber a verdade. Não posso fazer o que me pediu — ele respondeu dando o assunto como encerrado.

Flora apontou o dedo indicador para o rosto dele.

— Você está cometendo um grande erro! Se não fosse por Philip, aí sim eu estaria correndo perigo, se é que estaria viva. Ele me livrou da mão dos meus sequestradores e o senhor quer culpá-lo?

Adrey avaliou o rosto furioso da princesa e no fundo se divertiu com a postura dela. Porém, ele conhecia Flora o suficiente para saber da facilidade com que era enganada. Ele mesmo já havia conseguido, na adolescência, tirar proveito da pureza da bela princesa e conseguido se livrar de algumas enrascadas que envolviam atividades "ilegais" no jardim do Palácio, pedindo-a que encobrisse suas peripécias, sem se dar conta de que ele não era inocente.

— Essa história está muito estranha, princesa. Quem nos garante que eles não estão envolvidos e enganaram a senhorita esse tempo todo para pensar que eles são os heróis? Precisamos investigar!

— Pois investigue, agora mesmo! — ela ordenou mais uma vez avançando de forma ameaçadora até o rapaz. — Faça perguntas, descubra quem são! Mas solte-os!

— Faremos isso quando chegarmos ao palácio de Gadol — replicou sem se deixar intimidar pela princesa.

Conhecendo bem a inflexibilidade de Adrey, Flora voltou-se a um dos subordinados do rapaz e ordenou:

— Você, solte-os!

O homem, embora tenso por precisar desrespeitar as ordens da princesa, recebeu um olhar ameaçador de Adrey e temendo negar o pedido dela, apenas se afastou. Jasper não foi capaz de esconder toda a diversão com a cena, muito menos preocupado com seu destino do que Philip.

Flora estava pronta a tomar atitude com as próprias mãos, quando ouviu a conversa dos soldados a respeito da carruagem e do condutor. Percebeu o olhar amedrontado do jovem cocheiro e sentiu pena. Caminhou com passos duros até a carruagem, retirou de lá seus pertences e a cesta de comida, depois deu ordem para que o rapaz desse meia volta e retornasse pelo caminho de onde veio, tranquilizando-o e pedindo que não levasse preocupações a Ana e Simon, uma vez que a situação "estava sob controle".

— São amigos — ela disse baixinho. — É apenas um grande mal entendido.

O rapaz assentiu e preparou-se para partir.

— Ele foi apenas designado para conduzir a carruagem, deixe-o ir em paz — ela disse impedindo que Adrey intrometesse em suas ordens. — E tenho certeza que quanto a isso você não ousaria se opor, Adrey.

O olhar duro da princesa foi suficiente para ele entender que ela estava falando a verdade. Permitiu que o desejo dela fosse cumprido e voltou-se aos prisioneiros.

Flora queria muito fazer algo por Philip. Percebia, em seu rosto, a humilhação a qual fora submetido. Sabia que ele havia se privado de lutar, reagir e até mesmo se defender, em respeito a ela e isso a deixava ainda mais chateada. Entregou seus pertences a um dos soldados e protestou, horrorizada, quando amarraram os dois homens, cada um em seu cavalo, as mãos na sela e os pés no estribo, em seguida prenderam os animais nos da cavalaria do palácio.

A princesa desacertada (e seu irremediável destino)Where stories live. Discover now