Ele moveu um dedo, abrindo uma passagem na porta no alto das escadas para encontrar Ília de pé ao lado da lareira apagada e repleta de cinzas. Havia uma janela no lugar, mas Ília não era tola de tentar fugir. Ela era perigosa, mas estava sobre o poder de Ykner e mesmo ela não o enfrentaria enquanto ele tivesse sua essência presa em um frasco.
— Precisamos fazer isso hoje. — o macho rosna quando entra no espaço. Ela não se vira, nem é preciso. Ela sabia que ele viria antes mesmo que ele tomasse a decisão.
— Você está disposto a morrer para isso? — Ília questiona mesmo sabendo a resposta que o macho lhe daria. Ela viu seu sorriso predatório sem nem mesmo se virar para olhar.
— Você não vai tirar mais o que necessário para isso.
— Será necessário mais, agora que ela está sob a proteção do laço de parceria, e uma vez que você quer isso para o mais rápido possível.
Ykner cerrou os olhos para a fêmea próxima a lareira, quando ela finalmente se virou para ele.
- Quanto? — ele questiona. Ília quase não diz, mesmo quando ele aperta um pouco mais sobre ela apenas com o olhar escuro que ele lança sobre a fêmea. — Demorou bastante para que eu pudesse aprender a controlar isso... Mas sabe, você Ília deveria saber que no momento que eu apertar demais, nem mesmo a divindade do que seja lá o que você seja irá desaparecer... E eu não gostaria de perder isso.
— Você não gostaria de perder nada que signifique perder poder, meu Rei. — Ykner sorriu com a audácia do tom de sarcasmo presente na voz da fêmea.
Entretanto, ela estava certa. Ília valia muito para ser descartada se apertasse demais em sua essência, e Ília sabia que só havia uma coisa de mais valor para Ykner, e ele estaria disposto a dar toda a essência de Ília se isso significasse ter controle sobre o poder de Callyen.
Ília também não estava contente de estar compactuando com os planos do macho sádico sem escrúpulos, mas infelizmente, ela também sabia que não tinha escolha. E depois, se ambas sobrevivessem, e ela tinha fé em seu Deus que isso ocorreria, ela poderia implorar perdão de ambos. Depois. Agora, ela continuaria a atuar seu papel para sua liberdade.
— Um sacrifício maior será pedido. — a fêmea diz sobre o olhar do macho.
— De que tipo, bruxa?
— Um coração pelo controle de outro... — Ília diz.
O macho pondera por alguns segundos antes de atravessar na escuridão para aparecer segundos depois na companhia de uma de suas fêmeas. A pequena estava com os olhos vidrados a frente, enquanto Ykner mantinha seu poder sobre ela. Sem esperar pela ordem o macho puxa o dedo formado em uma garra em uma ponta negra e corta a palma da mão, fazendo o sangue negro fluir num linha fina, antes o mesmo enfiar a mão no peito da outra fêmea, tirando seu coração fora ainda pulsando em seu punho fechado.
Ília não tem tempo de acompanhar o movimento, ou demonstrar alguma reação antes que o macho erguer o órgão vermelho de sangue e a outra fêmea caísse morta. Os olhos ainda vidrados, agora, sem vida.
— Comece. — Ília ouve a ordem explícita, observando o macho apertando o coração entre os dedos. Permitindo que as gotas caiam sobre o pequeno altar que tinha no centro do espaço.
Ília entoa as palavras em seu idioma natal. Não se importando no momento, que o preço que ela pagaria por usar tais palavras seria algo que condenaria ainda mais sua essência. Ela não deveria estar usando o Leshon Hakodesh, a Língua Sagrada para tal ato... Era abominável, e, se ela já não tivesse sido expulsa, agora ela estaria condenada. Ela sabia que merecia sua condenação, entretanto.
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