AZRIEL
🦇

Observo a fêmea por um tempo a mais antes de sair da cabana novamente. Ela pareceria imersa em seus próprios pensamentos enquanto eu, apenas me recusava a recordar os meus.

A emboscada, e então a ação do veneno... Tudo estava em minha, e em principal a forma como ela pareceu diferente depois que despertei. E pela Mãe eu me recusava a acreditar sobre os seus motivos.

Entretanto, a porcaria da minha mente insistia em enviar partes do acontecido de volta para mim. Era exatamente isso que as sombras sussurravam em meus ouvidos quando alcancei a cabana de Devlon, no centro do acampamento.

— Eu não quero você ou aquela outra aberração em minhas terras, Azriel. — ele rosnou assim que eu entrei. Sinto a mandíbula travar e as sombras se moverem mais raivosas com suas palavras. O que um golpe no ego pode causar. — Voltem para Rhysand e sua laia.

— As minhas ordens são para nos mantermos aqui e inspecionar os treinamentos. Há especulações de novos inimigos conspirando contra o acordo de paz entre as cortes e o Mundo Humano.

— Eu não vou aceitar uma fêmea instruindo meus homens...

— Aquela fêmea, deu-lhe uma boa demonstração de domínio em combate agora cedo, Devlon... — o interrompi, relembrando-o da capacidade que uma fêmea teve de demonstrar-lhe seu domínio sobre luta e combate. Coisa que Devlon, ou qualquer outro senhor de guerra, abominava. O olhar de ódio lançado pelo macho fez-me pensar que, se pudesse, incendiaria-me naquele momento.

— Ela não vai meter-se em meu comando! — Devlon esbraveja e eu prendo o riso mediante seu ódio. Ele realmente não gostava de ser contrariado.

— As ordens vieram Lorde Devlon, e assim será mesmo contra sua vontade. — eu disse antes de sair.

Sigo de volta para a cabana, sentindo os olhares atravessados dos outros soldados leais a Devlon. Eu odiava sentir esses olhares sobre mim, e mesmo que eu negasse os efeitos dele, ainda assim eu os odiava.

Era tarde quando chego a cabana novamente, o céu estava enegrecido e pintado com pequenas estrelas. Entro na cabana e a primeira informação que capto é seu cheiro. Cheiro de neve, e o conhecido cheiro de almíscar e madeira que as sombras carregavam. Cheiro de jasmim. Inferno.

Callyen estava deitada de maneira precária sobre o sofá nada confortável, entretanto ele aparentava estar cansada demais para reclamar sobre estar ou não confortável. O que me fez questionar o motivo pelo qual não subiu a um dos quartos.

A cabana não era grande, modesta, mas confortável o suficiente para acomodar o círculo de maneira que todos ficassem abrigados. Haviam camas e roupas, colchoadas e tudo o mais... O que novamente né veio a questionar sobre o porquê de ela estar literalmente, apagada, naquele sofá. Pior, ela parecia estar confortável ali, naquela posição.

Me aproximo, tendo a audácia de pega em meu colo para levá-la a um dos quartos, e então o cheiro se faz mais presente. Xingo mentalmente quando isso acontece, quando sinto o cheiro suave bate contra meus sentidos, e até mesmo as sombras ao meu redor apreciam isso, isso e o fato como ela parece pequena e se encaixa perfeitamente em meu colo. A aconchego mais contra mim, distribuindo seu peso em meus braços e ela reclama num ruído baixo, mas não acorda. Subo as escadas e abro um dos quartos, colocando seu corpo sobre a cama, alguns fios do cabelo negro estava caído sobre o rosto, era como se minhas próprias sombras rodeassem em seus fios.

Afasto-me minimamente para que eu possa observa-la. A maldita razão da minha inquietação mental estava ali, dormindo, alheia aos efeitos que tinha sobre mim, até mesmo sobre meus malditos poderes, com a manipulação das sombras. A observo, e então meu olhar para sobre o pequeno curativo ao redor de sua mão esquerda, e me recordo, a respeito da situação da caverna

Eu me recordo, sobre o modo como ela prontamente cuidou de meus ferimentos, e de como ela esteve lá...

Parceira.

Algo me disse, infelizmente, que lidar com essa certeza não seria tão fácil quanto parecia. A deixo no quarto enquanto caminho ao meu, as malditas murmurando em meus ouvidos para que eu voltasse, e firmasse o vínculo de uma única vez. Mas eu não podia fazer isso, eu não iria fazer isso, impor um laço que nem mesmo eu sabia se queria.

As sombras entretanto, se mostraram adversas ao meu pensamento. Elas já sabiam, e se eu fosse perfeitamente honesto, eu também sabia, mesmo que eu negasse.

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