Tento mover as asas, mas a tentativa de bate-las era dolorosa, além do espaço ser pequeno para que eu as mantivesse abertas por muito tempo. Suspiro sentado no chão úmido e frio, é quando ouço os sussuros doces em meus ouvidos, rastejando ao meu redor, ergo a mão no escuro, tateando para encontrar quem quer que esteja aqui, mas não há ninguém. Ainda assim os sussurros passavam, cantos doces e outros sombrios, e eu as sentia rastejando entre meus dedos, rodeando em minhas asas como o toque de um tecido. Elas falavam comigo. E eu... falava com elas."

Acordo com um sulavanco, sentindo o corpo de Azriel combinar em meu colo, eu aperto contra meu corpo o melhor possível, sabendo que logo os efeitos iriam passar. Mas inferno, eu estava receosa quanto isso. Mordo a ponta do meu lábio enquanto tenho a ousadia de alisar sua testa, retirando os cabelos grossos e úmidos de suor grudados ali, afastando-os de seus olhos. Então acontece de novo, mais uma vez eu sou sugada para dentro de suas lembranças quando percebo que meu sonho, não era de fato meu.

“Ela era linda. E eu sentia tanta saudade. Os cabelos negros grandes caiam em cascatas até abaixo de sua cintura e estavam presos numa sequência de tranças, a pele morena, e os olhos castanhos dourados, amáveis. Ela não me odiava, como minha madrasta e Kian e Ewan insistiam em dizer. Ela não era uma alucinação criada pela minha mente cansada no escuro, como eu insistia em me recordar. Ela era real. Eu sabia devido ao seu toque quando ela vinha. As asas se mantinham fechadas em suas costas. Elegantes. Imponentes. E ela não se importava quando eu tentava tocar, admirar. Recordo que ela apenas me segurava em seus braços e cantava para mim, uma vez na semana depois que eu contava os dias desde o último que ela viera.

— Tenha fé, meu pequeno guerreiro. Eu te amo. — ela sempre dizia em meio a música illyriana que ela entrava. Era sempre assim, até quando ela não veio mais.”

— Mãe! — Azriel grita em meio a dor e as lembranças, enquanto o veneno faz seu caminho para fora.

Arfo quando minha visão volta para a caverna e de repente, ela é tomada para ele novamente, quando volto para suas lembranças.

“— Não. Por favor parem! — a voz implorava, e eu apenas os ouvi rindo como loucos enquanto o líquido viscoso era derramado sobre mim, sobre minhas mãos. Desci o olhar para minhas mãos molhadas com o óleo e praticamente implorei novamente para que eles não fizessem isso. Mas os sorrisos diabólicos de Kian e Ewan me disseram que eles não parariam.

Que eles queriam isso. Que fariam isso. Para crianças de dez anos eles eram bem perversos. Tal como a mãe, tal como o pai.

— Escute irmãozinho, nos só queremos tratar suas... habilidades bizarras. — eles disseram, enquanto Ewan segurava uma tocha em suas mãos.

Eu apenas os observei, derrubando a tocha sobre mim. Eu senti a dor, o fogo consumindo a pele, me consumindo, consumindo tudo. Eu ia gritar. Eu não queria gritar. Mas foi impossível. Foi impossível quando as chamas tomavam conta e consumiam mais e mais...

Lembro da dor em minhas mãos. Lembro dos guardas do palácio virem ao meu socorro. Lembro que não soltei nenhuma misera lágrima quando observei as faixas ao redor dos meus braços depois que eles não conseguiram restaurar completamente minhas mãos.”

Recobro novamente a visão, enquanto puxo o ar. Desço as mãos até o corpo de Azriel para tentar frear seus impulsos, ou acorda-lo e faze-lo parar de enviar seus pensamentos para mim.

Devido ao veneno eu não consegui manter meu escudos de pé, e pelo visto, Azriel também não. Somente quando o toco e minha visão volta para ele que eu percebo o erro cometido.

Eu estava no escritório da biblioteca da Casa dos Ventos, e podia ver os três macho conversando. A imagem muda e eu já não vejo com meus olhos, a cena sendo projetada como se eu a estivesse falando.

— Ora vamos irmão, você realmente não vê? — Cassian questiona novamente, apertando o ponto em questão.

Azriel entretanto, suspira pesaroso, visivelmente frustrado, Rhysand apenas cruza os braços sentado na poltrona e ergue uma das sombracelhas, esperando.

— Eu vejo, irmão. — Azriel diz, num suspiro pesado e derrotado finalmente. — Só não sei o que fazer com isso. Em saber o que ela é para mim.

— E o que ela é, Az? — Cassian aperta um pouco mais. Eu sentia, toda a confusão, toda a renúncia, todo o sentimento de culpa enraizado e ainda mais, o ódio das palavras que atormentavam sua mente.

— Minha parceira. ”

Solto o rosto de Azriel e me distancio dele, ainda assim tomando cuidado para deixar que ele bata contra o chão da caverna. Puxo o ar entre os dentes enquanto tento absorver a lembrança.

Idiota. Idiota. Idiota.

Saio da caverna, tomando cuidado de permanecer próxima, e solto um xingamento. Parceira.

A palavra parecia não fazer sentido enquanto eu repassava a visão centenas de vezes em minha própria mente, enquanto eu não conseguia acreditar. E eu devia.

Parceira.

Pela Mãe, agora estava tudo explicado! Toda a tensão, as vezes que eu entrei em sua mente e vi e senti dentro dos escudos deles. A forma como ele me olhava como se eu fosse uma peça de quebra cabeças que ele não sabia onde encaixar. MEUS MALDITOS SENTIMENTOS BAGUNÇADOS SEMPRE QUE ELE ESTAVA PERTO!

Parceira. Parceira. Parceira.

Quanto eu mais pensava na palavra, mais eu me sentia confusa em relação a ela. A mim, a ele.

Entretanto, de duas coisas eu tinha certeza agora.

Primeira: Azriel era meu parceiro. A única pessoa em todo o universo que poderia quebrar ou restaurar a minha alma.

Segunda: eu não sabia como lidar com essa certeza.

N/A: Postei e sai correndo

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N/A: Postei e sai correndo.
Chorem comigo. Já sabem né? Vota, comenta muito que eu amo responder, e indica pras amigas. Ouçam a musiquinha 😌

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now