Capítulo 15

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P.O.V CRUSHER

Jesus tinha vindo me ver e fez alguns curativos no meu rosto. Nesse momento eu estava sentado no quarto do Coringa.

- Ainda tá tentando ligar pra ela? - ele apareceu saindo do banheiro.

- Tô preocupado. - suspirei.

- Malu já é uma mulher, mano. E sem contar que ela amadureceu muito. - começou a ligar o pc.

- Uma parte dela amadureceu, a outra ainda é muito impulsiva. Sei que qualquer pessoa na situação que a gente estava ficaria tão puta quanto ela ficou, mas tinha que ter conversado comigo e não ido pro Rio com a minha filha. - desliguei o celular o deixando de lado.

- Isso é verdade, não dá pra negar não. - Bak apareceu da porta.

- Ainda bem que não sou só eu que acho isso. - suspiro.

- Aí, mano, as tias fizeram um lanche da hora lá. - GS apareceu pulando.

- Vamos então, as tias vão ter férias mesmo por causa desse courona vairus. - Coringa falou enquanto dançava, ou tentava, brega funk.

- Visão dos infernos, tropa. - Bak fingiu vomitar.

Fomos até a cozinha e encontramos Babi e Voltan sentadas, já comendo.

- Notícias da Malu? - Voltan perguntou.

- Ainda não. Ela não me atende. - bufei.

- Eu tô puto que ela foi com meu carro. - Coringa revirou os olhos se sentando, fazendo bico.

- Que drama. - Babi o encarou.

- Eu tô puto que ela foi com minha filha. - arqueei a sobrancelha.

- Viu? O Crusher me entende. - Coringa levantou as mãos pro alto como se agradecesse.

Babi revirou os olhos e Voltan riu.

- Aí, a gente podia fazer alguma coisa pra animar o Crusher, né? - GS animou.

- Um futzinho. - Bak disse.

- Eu pilho. - Voltan falou.

- Sei lá, tô muito animado não. - falei dando de ombros.

- Aí, mano, relaxa. A Malu com certeza tá bem, notícia ruim chega rápido. - Coringa falou e recebeu um tapa da Babi.

- Puta merda, Victor Augusto. - ela revirou os olhos.

- Se você revirar esse teu olho com tanta força de novo é capaz de não voltar, eu hein. - ele emburrou.

- Duas crianças. - Bak riu.

- Igual alguém que eu conheço. - Voltan falou baixinho.

Eles começaram a brigar de bobeira e se calaram do nada. Encararam algo atrás de mim e suspirei já sabendo o que era.

- Vai me porrar mais? - falei.

- Não. - ele bufou.

- Provoca não, porra. - Coringa me advertiu.

- Qual foi, vim te pedir desculpa. Vacilei. - disse com dificuldade.

- Já é. - falei ainda sem olhar para ele.

- Tô falando sério, mano.

Me virei.

- A gente pilhou um futebol, vamo. - sorri.

Mob podia vacilar quantas vezes quisesse, podia me porrar pra cacete, mas éramos todos uma família ali, seja pela Loud ou pela Malu.

Ele sorriu sem graça e nós descemos pra quadra.

P.O.V MARIA LUIZA

- Beatriz. - caminhei rapidamente até ela e a puxei.

- Qual foi, madame, machuca a cria não. - o garoto disse eu fiquei revoltada.

- Você não tem nojo disso não?! Ela é só uma criança! - falei.

- Mamãe, ele só tava me ajudando. - Bia resmungou.

- Ajudando com o que? - coloquei as mãos na cintura.

- A tia Manu ficou com uns homens que dão medo e aí eu e o Luiz viemos pra cá. Só que tipo, mamãe, a gente não viu mais a tia Manu, aí o tio RD deu um picolé pra gente e tava ajudando. - soltou num só fôlego.

- Coé, madame. Perigoso, né? - me olhou.

- Se você encostar na minha filha, eu juro que mato você. - bufei.

Peguei Beatriz e Maju pegou o sobrinho da Manoela e fomos atrás da mesma, deixando o tal do RD pra trás.

QUEBRA DE TEMPO

- Ih, Maria Luiza, dá uma relaxada. O RD não caga nem cheira. - Manu disse fazendo as crianças rirem.

- Manoela, ele trabalha num morro. Sabe do que ele é capaz? Esse tipo de gente não deve ter um pingo de pena de criança. - falei.

- Aí, tu tá se achando muito, Malu. Tu não conhece nada aqui não, já é? Fica na tua. Se eu deixei as crianças brincarem no parquinho sozinhas é porque eu tenho confiança nos menor aqui do morro. - bateu a porta saindo da casa.

- Pra onde ela vai? - perguntei pra Maju.

- Malu, a nossa realidade é sim muito diferente da que você tá acostumada. Mas não é todo mundo bandido aqui não. Muitos dos que estão ali não tiveram oportunidade e esse foi o jeito. Manu vacilou sim, mas não adianta você querer dar lição de moral nela, tu não é mais nem menos do que ela. - falou na boa.

- Eu não queria dizer nada que a magoasse, é que devido a tudo que eu já vivi... - ela me interrompeu.

- Devido a tudo que tu já viveu, tu tem medo. Medo de pegarem tua filha de novo, medo de machucarem você ou ela. Mas aí, não adianta viver com medo não, filha. Vai o que? Deixar de se permitir viver fazendo tuas paradas ou vai ficar se escondendo? - falou tranquilamente.

- Tá, porra. Já entendi, vacilei. - sentei no sofá.

- Relaxa, só segura tua onda. E quando a Manoela voltar, tu vai conversar com ela de igual pra igual.

Assenti olhando Bia brincar com o Luizinho, que é um amor de menino.

- Agora me conta porquê tu tá aqui. - Maju me despertou do meu transe.

- Aí, amiga. Depois que a polícia resgatou a gente da casa que estava o BMO e a Lara, fomos pra mansão. Passamos o dia tranquilamente, aí quando estávamos voltando pra nossa casa, a Bia disse que sentia falta deles.

- Criança não vê maldade, Malu. - ela sorriu fraco.

- Enfim, o Arthur falou pra eu entrar. Aí eu fui conferir o correio e vi umas cartas jogadas por debaixo da porta. Não entendi nada, peguei uma e tinha um bilhete falando pra abrir a porta, assim eu fiz e tinha uma sacola.

- Amiga, podia ser uma bomba, caraio. - ela me olhou assustada.

- É. Mas era uma lingerie vermelha, e um papelzinho falando que o Arthur gostava porque combinava com a cor do cabelo dela, e ainda tinha uma foto. Dele e da Lara. Porra, amiga. - afundei as mãos no rosto.

- Ok, Malu. Aí tu pegou tuas coisas e veio pro Rio? - perguntou.

- Óbvio! Ele me traiu. - disse e senti meus olhos marejarem.

- Tu é muito impulsiva. - soltou na lata.

- Acha que eu tô errada? - coloquei as mãos no peito.

- Não. Eu tenho certeza que tu tá errada.

Me fiz de chocada.

- Tu tem que aprender a sentar e conversar, a vida de vocês dois é corre pra caralho e o que tem de gente tentando fuder vocês dois, minha filha, é isso aqui. - gesticulou com as mãos.

- Ah, Maria Júlia. - insinuei.

- Maria Júlia o caralho. Tu tá acostumada a ouvir que tá sempre certa e enquanto tu ficar na minha casa tu só vai ouvir sinceridade de mim, tu estando errada ou certa. - sorriu.

E eu sorri também. Talvez eu precisasse disso.

The Sister 2 | Loud Where stories live. Discover now