Capítulo 11

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P.O.V CRUSHER

Eu podia ser lerdo pra um monte de coisa, mas ali eu já tinha percebido o quanto as palavras da Bia tinham machucado a Maria Luiza.

- Lu, entra. - falei baixo.

Ela me encarou durante alguns segundos com os olhos marejados e eu assenti de forma positiva, assim, ela abriu a porta do carro e entrou.

Eu estacionei o carro direito na garagem e suspirei. Ficando ali dentro no silêncio com a Bia.

- Por que disse aquilo, filha? - perguntei calmo.

- Porque eu tô com saudades. - fez manha.

- Da Lara e do Bernardo? - engoli em seco ao falar esses nomes.

- Sim, papai. - ela soltou o cinto e apoiou nos bancos dianteiros, me encarando.

- Mas sabe que eles fizeram mal pra mamãe e o papai, não sabe? - perguntei a olhando.

- O tio Bê é o BMO malvado que a mamãe fala? - ergueu a sobrancelha.

- Sim, filha. - ficamos em silêncio alguns instantes.

- Beatriz, entra e vai pro seu quarto. - Lu abriu a porta do carro grosseiramente.

- Mas mamãe...

- Eu mandei agora, Beatriz. - sua voz estava firme.

- Tá bom. - Bia resmungou e saiu do carro.

Lu abriu a porta do carro e se sentou. Notei que havia uma sacola de papelão na sua mão.

- O que é isso, Lu? - perguntei.

- Eu gostaria de te fazer a mesma pergunta, Crusher Fooxi. - jogou a sacola no meu colo e saiu do carro, batendo a porta fortemente.

P.O.V MOB

Eu estava desligando meu computador quando ouvi um barulho vindo do corredor. Imaginei que seria o GS com mais uma trollagem e me escondi no banheiro.

Fiquei alguns minutos ali e ouvi a porta ser aberta, pulei para assusta-lo e vi minha sobrinha parada com uma mala rosa do lado.

- Oi, titio. - ela sorriu triste.

- Oi, minha linda. O que você tá fazendo com essa mala rosa? - debochei.

- Não sei, mamãe que arrumou agorinha e pediu pra eu vir aqui pegar o cabo do carregador dela. - mexeu nas mãos.

- Tá, eu acho que tá por aqui. - procurei na minha mesa.

- Tio, você acha que eu volto? - Bia me perguntou se sentando na cama.

- Volta da onde, oompa-loompa? - entreguei o cabo.

- Que é isso? - me olhou assustada.

- Uns anões da fábrica de chocolate. Mas voltar da onde, Bia? - perguntei de novo.

- Mamãe vai me levar pro Rio. Ela disse que a gente vai visitar as praias. - sorriu forçada.

- Como assim? Quando isso? - levantei boladão.

Sabia que alguma coisa tinha dado merda, a Maria Luiza não ia decidir ir pro Rio do nada.

Deixei a Bia brincando no meu quarto e desci, procurando pela minha irmã.

A encontrei na porta da frente, mexendo no celular e sua feição não estava muito boa.

- Maria Luiza. - a encarei cruzando os braços.

- Meu cabo? - ergueu os olhos e notei que estavam inchados e vermelhos.

- Ei, o que foi, baixinha? - perguntei preocupado.

- Depois eu te explico, não tenho tempo agora. Beatriz! - esquivou de mim e foi até o corredor gritando minha sobrinha.

- Você já é uma mulher, Malu. Tem noção das consequências das suas atitudes. Não vou te impedir de nada, até porque não posso. Mas eu te peço que cuide direito da minha sobrinha, e que você tenha consciência que ela não tem nada a ver com as suas tretas. - dei as costas e trombei com Bia correndo.

- Tchau, titio. - sorriu com os dentes sujos de marrom.

- Tu pegou meus chocolates, ô Bia? - agachei na sua altura.

- Ué, tio, você falou que eu era uma lumpa pumpa. - gargalhou.

A abracei forte.

- Cuida da sua mãe pra mim. Te amo. - beijei sua testa e saí.

Saí com a consciência pesada sem saber pra onde Malu estava indo especificamente.

P.O.V CRUSHER

Fiquei uns 40 minutos dentro do carro em choque e ligando para advogados.

- Finalmente você atendeu. - suspirei pesado quando Coringa reclamou do outro lado da linha.

- Fala o que é logo, mano. Tava com a Babi vendo filme, ela já tá bufando ali.

- Alguém mandou uma sacola aqui pra casa, com uma lingerie vermelha dentro com um bilhete escrito: "Você gosta dessa, combina com meu cabelo". - passei a mão no rosto.

- Tá me trollando, mano?

- Não. A Lu que achou, mano. Ela vai me matar.

- Calma. Entra em casa e conversa com ela. Mas vamos entender isso. Quem que mandou?

- Só pode ter sido a Lara. Os trem aqui são vermelhos. - encostei a cabeça no banco.

- Mas ela tá presa. Não pode ter sido ela. - assenti mesmo que ele não pudesse ver.

- Então quem? - abri a porta do carro e o tranquei.

- Acha que pode ser uma estratégia do BMO? Ainda mais que ele não foi preso, pode tá querendo separar vocês, mano.

- Mas não faz sentido. Olha, mano, valeu. Eu vou entrar e conversar com a Lu, aqui. - abri a porta que dava acesso a cozinha.

- Já é, boa sorte com a fera aí. - ele riu e eu o xinguei.

Deixei meu celular na bancada da cozinha e fui até a sala. Vi que estava vazia e subi, imaginando que a Lu estaria tomando banho ou brigando com a Bia, tanto que ela me interrompeu no meio da conversa com a menina.

- Lu? - chamei quando entrei no quarto.

Vi que estava vazio e o closet revirado. Revirei os olhos do mesmo jeito achando que aquilo havia sido antes de sair.

Fui até o quarto da Bia e o armário também estava revirado.

Contra minha vontade olhei para baixo da cama, onde ficava a mala rosa da Barbie, favorita da Bia.

Não tinha nada ali.

Elas não poderiam ter ido longe, afinal, não tinham ido na garagem pegar o carro.

Corri até a mansão e fui até a cozinha, dando de cara com Mob.

- Não me olha assim, tu deve ter feito merda. - revirou os olhos.

- Onde ela tá? - perguntei ofegante.

- Nesse exato segundo? - me olhou dando de ombros.

- Claro, né, o cacete. - revirei os olhos.

- No carro do Coringa, indo pro Rio.

Meu coração apertou e senti meus olhos encherem de lágrimas. Puta que pariu.

A Maria Luiza podia ir tranquilamente, arejar, espairecer, mas levar a nossa filha sem meu consentimento já era demais.

The Sister 2 | Loud Where stories live. Discover now