P.O.V MARIA LUIZA
- Bom dia, meu amor. - disse entrando na cozinha e vendo meu marido tomando café.
- Bom dia, Lu. - sorriu e me beijou.
Arthur só me chamava de Lu. Pra tudo. E eu adorava.
Desde nosso casamento, todos os dias nos descobrimos mais.
- Você busca a Bia no colégio hoje? - me perguntou enquanto me abraçava por trás.
- Busco sim, tem algo para fazer hoje, Crusher Fooxi? - perguntei erguendo uma sobrancelha.
- Playhard marcou reunião. Vamos jantar juntos hoje? É quinta. - sorriu de canto.
Arthur havia sismado com isso. Toda quinta fazíamos algo. Era o dia da família. Jantares, passeios no parque, cinema.
- Claro. - sorri de volta.
Terminamos o café e ele saiu, para a tal reunião que duraria o dia inteiro.
Era péssimo ficar sozinha.
E não ter começado minha faculdade me enlouquecia. Quanto mais o tempo passava, mais eu sentia minhas chances diminuírem.
Respondi alguns directs e cuidei de algumas contas da casa.
Quando olhei o relógio já havia dado 16:30h. Meia hora antes do horário da Bia sair da escola.
Minha menina já com 7 aninhos, todo dia de manhã, antes das aulas, eu a ajudava com os deveres e matérias de 3° ano.
Peguei as chaves do carro e um casaco, fui até a garagem e segui rumo ao colégio.
Até que fui invadida por um pressentimento. Um aperto fortíssimo no peito e um nó na garganta, era como se tirassem uma parte de mim, um órgão, um membro.
Desesperada, porém tentando manter a calma, pensei em ligar para Arthur. Mas não quis atrapalhar a reunião com ligações desnecessárias.
Acelerei sem nem ao menos perceber e só lembrei do freio quando observei o trânsito caótico.
Senti minhas mãos suarem e cada vez mais, eu só queria chegar ao colégio da minha filha e ter a certeza de que ela estava bem.
Em 40 minutos, lá estava eu em frente o colégio. Aguardei 5 minutos, já que eu estava 10 minutos atrasada. Quando notei que todas as crianças existentes saíram de dentro daquele prédio, saí do carro indo até o porteiro.
- Boa tarde, Seu Agenor. - o cumprimentei sorrindo.
- Oh, Dona Luiza! Que surpresa a senhora aqui. - me olhou estranho.
- O que quer dizer? - senti calafrios.
- A Bia já foi liberada. Uma mulher a levou, alegando ser tia dela.
Foi nesse momento, que eu perdi o chão, perdi o mundo, perdi o ar.
Perdi minha filha.
QUEBRA DE TEMPO
- Irresponsabilidade! - gritei na sala da diretora.
- Senhora Luiza, acalme-se por favor. - a inspetora que eu nem sei o que fazia ali me dizia.
- Como vocês liberam a saída de uma criança sem constatar os pais? - me sentei afundando as mãos no rosto.
Eu havia ligado para Arthur e ele estava a caminho.
- Lu! - ele disse ao entrar na sala.
Me agarrei a seu corpo como se fosse meu único refúgio.
E era.
- O que vamos fazer? A minha menina. - chorei no seu ombro.
- Já ligaram para a polícia? - perguntou tentando controlar a respiração.
- Sim, estão enviando dois agentes pra cá. - a diretora respondeu.
E logo ao acabar a frase, a porta foi aberta por dois oficiais fardados.
Contamos tudo o que sabíamos.
- Como era a mulher? - um deles perguntou.
Encarei a diretora e logo o porteiro foi chamado.
- É difícil recordar. Eu vejo muitas pessoas todos os dias. Mas dela eu me lembro. Usava um casaco preto com capuz, e mantinha a cabeça baixa. Ela afirmou com convicção ser parente da menina, e a pequena Bia apenas segurou nas mãos da mulher e elas saíram em um carro.
- Qual carro? - o outro agente perguntou.
- Eu sinto muito, mas não me lembro. Só me recordo da cor, era preto também.
- E você não desconfiou, Agenor? - perguntei irritada.
- Iniciaremos buscas atrás dela, se puderem nos acompanhar para dados e fotos da menina. - eu e Arthur assentimos e levantamos.
Antes de sair, olhei para trás.
- Me desculpe, Dona Luiza. - Agenor me olhou e eu apenas sorri amarelo.
- Ela será encontrada. - a diretora afirmou.
QUEBRA DE TEMPO
- Mano do céu. - todos disseram em coro.
- Minha sobrinha... - Mob afundou as mãos no rosto.
Não era uma notícia fácil de ser dada, então deixei com que Arthur falasse.
- Postaram algo? - Coringa perguntou.
- Não sei. Não sei se eu gostaria que isso se tornasse público. - eu disse.
- Talvez ajudasse. - Arthur tentou.
- Existem muitas pessoas ruins, até mesmo as que fingem terem visto alguém desaparecido. - GS disse e eu concordei.
Suspirei e saí da mansão, indo até a entrada. Me sentei na calçada e me permiti chorar mais. Levantei a cabeça para olhar a noite estrelada, e meu coração doeu ao pensar que algo ruim poderia acontecer com Bia e ela se tornar uma daquelas tão brilhosas estrelas.
Encarei o chão e algumas marcas de sangue estavam ali.
As lembranças me atingiram. BMO e a faca.
BMO.
Esse nome rodeou minha cabeça algumas vezes e uma luz se acendeu.
Se ele tivesse feito algo à minha filha, eu seria capaz de torturá-lo até a morte.
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The Sister 2 | Loud
Fanfiction- Achei que após o nascimento da Bia e meu casamento, seria minha hora de ser feliz. Manteve-se um silêncio curto até que ela falasse novamente. - Eu estava errada.