Capítulo 1

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P.O.V CRUSHER

Tudo era um sonho.

Uma casa bonita, o meu trabalho indo cada vez melhor, e acima de tudo, o que eu mais valorizava, a minha família. Uma esposa linda, uma filha linda.

Mas havia ido por água a baixo.

Todas as vezes em que entrei na mansão Loud após a chegada da Lu, foi uma loucura. Misto de sensações. Mas nunca imaginei entrar e me deparar com meu mundo no chão. Foi quando eu contei a notícia a todos que minha ficha caiu. Minha filha estava desaparecida.

- Vou atrás dela. - afirmei para o pessoal na sala.

Saí procurando ela pelos cantinhos da casa e por uma janela, a vi sentada na calçada.

- Lu. - coloquei a mão em seu ombro.

Ela me fitou com um olhar congelado, os olhos marejados mas nenhuma lágrima caía.

- Tudo vai ficar bem, a polícia já tá cuidando disso. - tentei dizer, mas parecia mentira.

- A polícia não vai procurar ela. Vai ser só mais um caso entre milhares de caso, se não fizermos isso por conta própria não vamos achar nossa filha. - afirmou secamente.

- O que cê tá querendo dizer? - perguntei confuso. - Temos que ter fé no trabalho dos policiais, Lu.

Ela riu amarga.

- Eu vou procurar minha filha. - agora uma lágrima caira.

- Você não pode fazer isso sozinha, é perigoso e... - fui interrompido pelo celular tocando.

- Atende. - ela me deu uma ordem.

- Lu, estamos conversando. Não vou atender. - bati o pé.

Ela pegou o celular no meu bolso e pôs na orelha.

- Alô? A esposa dele. Como? Aonde? Estou indo pra aí. - desligou. - Dizem ter achado uma menina que parece a Bia.

Entramos no carro e eu dirigi, já que a Lu não parecia estar muito bem para isso. Pedi que ela passasse uma mensagem avisando o pessoal que iríamos embora e não dava tempo de nos despedirmos.

QUEBRA DE TEMPO

- Acharam? - Voltan levantou num pulo.

- Foi horrível. - Lu caiu de joelhos e começou a chorar.

A peguei no colo e a coloquei sentada no sofá, a abracei e fiz carinho em seu cabelo. E repetia inúmeras vezes que aquilo já havia passado.

- Eu acho melhor a Malu ficar um pouco com as meninas, não acha, Crusher? - Coringa perguntou e fez um sinal para que eu fosse até eles.

Beijei a testa da Lu e saí, indo para a cozinha. As meninas ficaram com ela.

- O que aconteceu? - Mob perguntou.

- Não era a Bia. - suspirei. - Mas foi horrível. - me arrepiei lembrando da cena.

- Como assim, mano? - GS me entregou um copo d'água.

- Era um cafofo no meio do nada, a garota devia ter a idade da Bia, ela havia sido sequestrada e abusada sexualmente. - abaixei o olhar e segurei o copo com tanta força que o quebrei.

Me doía ver qualquer pessoa naquela situação de abuso sexual, ainda mais uma criança. E minha mente trabalha para tentar negar que seja a Bia uma próxima vítima.

- Puta merda, mano. Mas calma, Bia não vai passar por isso, e a menina que vocês viram vai ficar bem. - Coringa tentou me confortar.

- A menina veio a óbito. Isso que desestabilizou a Lu. Eles avisaram antes de entrarmos no local que a vítima já estava... - não consegui completar a frase.

QUEBRA DE TEMPO

- Podia ser a Bia. - Lu soltou quebrando o silêncio.

Ficamos na mansão para dormir, nenhum de nós gostaria de voltar para casa sem nossa menina e ver o quarto dela vazio.

Agora estávamos deitados, cada um olhando o próprio celular no criado mudo, esperando que tocasse.

- Ela não vai passar por isso. - afirmei.

Ninguém encosta um dedo na minha garotinha.

- Eles não vão procurar a Bia. A cada criança que eles encontrarem vão nos chamar para reconhecimento? Eles tem fotos, eles tem a rotina dela, passamos tudo! Não pode ser impossível como eles colocam. - Lu se sentou.

- Lu, é difícil. São muitas crianças, adultos, desaparecidos. Deve ser difícil equilibrar buscas, não sei. - tentei manter a calma.

- Eu vou procurar minha filha. Se eles não montam o quebra cabeça, eu monto. - saiu da cama indo até o banheiro.

Suspirei e fui atrás dela.

- Espero que a Bia tenha herdado esse seu jeito determinado e inteligência. - a abracei por trás beijando seu pescoço. - Vamos achar nossa filha. - dei um tapa leve em sua bunda para descontrair.

Nos sentamos na copa da cozinha, com um caderno e caneta. Eu não havia noção do que estávamos fazendo, mas eu precisava apoiar a Lu.

- Então vamos lá. Principal suspeito. Quem faria mal pra Bia? - me olhou com a caneta em mãos.

- Lu, pode ter sido qualquer pessoa, não temos como saber.

- Existem milhares de crianças naquela escola, e só a minha filha foi sequestrada. Não é nenhuma coincidência. É instinto de mãe.

- Tem razão. - comecei a entender. Ou a fingir que entendia.

- Eu voto em BMO. - deu de ombros.

- Tá preso. - apoiei o cotovelo na mesa.

- Você não pensa, Arthur. Pode não ter sido ele diretamente, mas sim uma ordem dele.

Pra mim era o cúmulo.

- Lu, sei que tá sendo difícil pra você, pra mim também está, eu sou pai. Mas não podemos perder o controle. Você já está... Está ficando louca. - gaguejei e saí da cozinha.

Eu precisava de um tempo.

The Sister 2 | Loud Where stories live. Discover now