Cap. 103

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- 04:28 -

Acordo pela quarta vez por causa dos pesadelos que tive com Laura morrendo, desde que deixamos ela no hospital não tivemos resposta e minha mãe achou melhor eu descansar um pouco.

Saio do meu quarto descendo as escadas indo para o lado externo da casa, sento no sofá olhando o céu ainda escuro lembrando como tudo começou. Apenas sabia da existência dela pelos boatos que corriam aqui na favela, a tal filha de Terror teria voltado e não me interessou muito saber quem ela era.

Alguns amigos meus me chamaram para ir ao baile só para curtir mesmo e eu não poderia deixar o Alemão naquela noite sem ao menos ficar com a morena. E desde então minha vida sempre se voltava a dela, a gente se tornou muito próximo em pouco tempo.

Cada discursão, cada briga, cada ciúmes bobo só fez com que nos aproximassemos mais ainda e aí ela engravidou. Sempre sonhei em ter um moleque e quando Laura apareceu na minha vida acho que isso só firmou.

— Acordado a essa hora? - me assusto assim que minha mãe diz parada no batente da porta.

— Não consigo dormir, toda vez que deito a cabeça no travesseiro só consigo imaginar ela e o nosso filho morrendo na minha frente.

— Não pensa isso, pelo amor de Deus! Olha, isso vai passar, você vai ver só. Já já vamos para o hospital e ela vai está bem, os médicos vão conseguir fazer com que ela e o bebê saiam de risco e ela vai poder continuar a gravidez junto a nós. - ela diz me tranquilizando enquanto me puxa para um abraço.

. . .

Saio do carro com meus pais tremendo de ansiedade, é o que o amor fez em mim. Entro no hospital indo até a família de Laura, abraço meus sogros e vejo apenas Luana dormindo num canto.

— Conseguiu dormir? - minha sogra pergunta e eu nego — Bom, nem eu, sabe, eu só quero minha filhinha de volta, abraçada a mim, ansiosas para a vinda do baby.

Sinto meu coração errar as batidas a cada segundo que passa, não sei nem mais respirar direito. Não gosto nada dessa sensação, minhas mãos suam frio e eu não paro de pensar no pior. Logo vejo Mônica, a obstetra, chegar com mais dois médicos, bem sérios, por sinal.

— E aí amiga, me fala, como está a Laura? E o bebê? Eles estão bem? Ou não? Aconteceu algo?

— Calma Letícia, respira um pouco! Temos duas notícias, uma boa e a outra nem tanto. Preferem ouvir qual primeiro? - preferimos a ruim é claro - Bom, com a perfuração da adaga houve a necessidade de retirar o feto o mais rápido possível, mesmo prematuro, ele já estava sentindo falta de ar e estava sufocando.

— A boa é que conseguimos salvar a vida dos dois, eles estão fora de perigo, apenas precisam de um tempo no hospital mas fora isso estão bem, e nossa equipe vai estar de prontidão para assegurar que nada de mal aconteça nesse tempo. - outro médico diz e a única coisa que eu quero saber é se posso vê-los.

— Já foi liberada a visita? - pergunto ansioso querendo ver minha mulher.

— Apenas a garota, o pequeno ainda está muito frágil e suscetível a qualquer contágio de doenças.

— É um menino? - ela assente e eu sorrio de ponta a ponta, eu estava certo, é um garoto.

Não vejo a hora de poder vê-lo, pegar no colo, brincar, estar junto dele, vê seu crescimento.

Acompanho a médica com Terror e Letícia indo até o quarto onde Laura está, meu coração está mais do que acelerado para poder ver o amor da minha vida de novo.

Paro na porta vendo a mesma dormir, conectada a alguns fios continua linda, depois de uns minutos conversando com a doutora ouço a voz dela fazendo eu me arrepiar inteiro.

— Mãe? Pai? - ela diz olhando para os desesperada tentando levantar mas eles logo a acalmam para que ela não se machuque.

Os dois abraçam Laura com cuidado e assim ela me vê, dou o melhor sorriso que posso chegando perto dela, inspiro seu cheiro, único, beijo seu rosto querendo dar muito mais.

— Eu pensei que nunca mais fosse ver vocês! - ela diz fraca e eu a repreendo.

— Nem diz isso filha, você precisa saber de uma coisa.  - meu sogro diz chegando mais perto dela e ela logo se desespera.

A mesma olha para sua barriga e começa a fungar.

— O que foi? Perdi o bebê? O Henrique matou o meu bebê?

— Não, nada disso, com a facada foi necessário fazer uma cirurgia filha, o bebê não conseguia mais respirar. - Letícia diz e Laura para de choramingar olhando por todo o quarto. - Ele não está aqui no quarto mas logo logo você verá, e sabe o Bernado estava certo.

— É um menino, amor! - digo assim que ela olha para mim, vejo um sorriso lindo brotar em seu rosto.

O sorriso que eu quero admirar pelo resto da vida.

Continua...

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⏰ Last updated: Apr 14, 2020 ⏰

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A filha do dono do morroWhere stories live. Discover now