Cap. 73

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- segunda-feira, 07:15 -

- Galera, guardem os materiais que a gente tem uma palestra para assistir! - o professor Diego fala entrando na sala.

Deixo minhas coisas na mesa mesmo, vou ter que usar depois de qualquer jeito.

Guardo meu celular no bolso saindo com Guga da sala.

O mesmo falava o quanto Camila é linda e blá blá blá.

- Gustavo, eu não aguento mais cara! - falo parando no meio do caminho e ele olha para mim sem entender - Não aguento mais você falando da Camila, ela é isso e aquilo. Garoto, eu também existo sabia? Pode falar bem de mim.

- Não fica com ciúmes não, tem Guga para todo mundo, gatinha. - ele fala batendo na minha cabeça.

Isso é um pouco do meu dia com esse infeliz.

Me agride o tempo todo.

Me sento em uma poltrona da 3° fila, bem de frente para o meio do palco.

O professor Diego sobe no palco com a diretora Ayla.

Espero que seja um assunto legal, mesmo que eu não vá prestar atenção.

Não porque eu não quero, mas eu tenho um demônio do meu lado que não para de conversar nem por um momento e a melhor pessoa com o melhor ombro para se encostar e dar uma bela cochilada, Pietro é claro.

- Então gente, eu e a diretora Ayla estávamos pensando nos jovens de hoje que não estão  racionando direito, transar sem o uso preservativos, compartilhar aquela seringa que vocês tanto conhecem né? - ele fala rindo e a diretora olha assustada para ele fazendo todo mundo rir - Ai, eu pensei comigo mesmo, por que não trazer dois universitários para falar mais sobre a Aids, essa doença que não tem cara, nem cor, nem nada. Pode vim Henrique e  Paula! - ele fala e eu fico de cara no chão quando vejo Henrique Nunes bem a minha frente.

O que esse psicopata está fazendo aqui?

Vou pedir para ir no banheiro e nunca mais voltar.

Olho para o lado vendo as veias de Gustavo saltarem, ele vai pular naquele palco num instantinho.

Sinto ele tocar em minha mão e eu aperto chamando sua atenção para mim. 

- Tudo bem, olha eu estou calma. Você também precisa estar calmo. Relaxa, ele não vai me fazer nada, ainda mais na frente de todo mundo.

- Sua voz está tremula, e você tá com a mesma cara de quando fica com medo. Vamos sair daqui, Laurinha. - ele me conhece tão bem que chega a dar raiva.

- Ok, eu estou mesmo nervosa mas ele não pode saber disso. Mas não importa, vamos assistir essa tal palestra.

Ele assente guardando o celular depois de ter mandado mensagem para alguém.

Suponhamos que seja para o melhor amigo dele, Bernado.

Se ele fez isso, eu piso no pescoço dele.

- Bom dia gente, eu me chamo Henrique, tenho 20 anos e estou cursando medicina. - ele fala recebendo aplausos e teve até uma garota que se passou chamando ele de lindo.

Reviro os olhos sentindo seu olhar diretamente para mim.

- Bom dia pessoal, eu me chamo Paula, tenho 21 anos e também estou cursando medicina. Bom, alguém aqui sabe o que é AIDS? - quase todos levantam a mão.

Olho para Renata que se atreve a levantar a mão, vamos ver ela passar vergonha e rir muito disso.

- É uma doença que pega pelo beijo e também gays e drogados sempre pegam. - essa garota é a minha vergonha.

Vão pensar que aqui não ensina merda nenhuma.

Todo mundo ri deixando ela bem constrangida, queria o que então. Ficasse calada, apois.

- Não, mais alguém? - a tal Paula fala rindo.

- É uma síndrome da imunodeficiência adquirida em que a pessoa é infectado pelo vírus HIV. - o nerd da outra sala fala.

- Isso mesmo, parece que alguém andou se informando. Muita gente ainda pensa como você mocinha, mas estão muito enganados. Algumas formas de transmissão são, como eu posso dizer de uma forma que vocês entendam perfeitamente? Se relacionar sem camisinha com seu parceiro ou parceira né, compartilhar objetos cortantes como alicate, seringas ou agulhas, transfusão de sangue, mas elas são bem raras sabe? Alguma dúvida até aqui? - ela pergunta e todos negam. - Bom, agora vamos fazer uma brincadeira tipo verdade ou desafio, eu vou escolher 3 meninos e o meu amigão aqui vai escolher 3 meninas. 

- Serão perguntas simples em que vocês responderam se é mito ou verdade e o motivo por tal escolha, ok? - reviro os olhos pela enésima vez me encolhendo na poltrona.

Esse filho da puta não pode me escolher não.

- Você. - fala apontando para Pietro, que olha para mim com cara de desesperado me fazendo rir, o mesmo se levanta indo para o palco - O loirinho! - fala para apolo que se encontrava no fundo beijando Natália, pois é galera, o povo daqui é sem noção - E o que respondeu sobre a aids. 

Eles três se sentam em alguns banquinhos e Paula fica falando alguma coisa para eles.

- Quem que eu vou escolher agora? A morena ai entre as gêmeas, você mesma mocinha - ele fala e ela se ajeita toda subindo no palco. - Você! - fala apontando para mim. 

Eu travo na hora ainda raciocinando.

Olho para Gustavo e me levanto subindo no palco, ódios.

- Só mais uma em, você ai do fundão, que estava aos beijos com o garoto. - ele fala e Natália vem mais vermelha que pimenta.

- Se apresentem, gente!

- Deixa que eu apresento todo mundo, ladainha do caralho! - ele xinga e eu nego com a cabeça rindo como todo mundo. - Eu me chamo Pietro, 18 anos e eu curso merda nenhuma. Esse bundão aqui é o Apolo meninas, comprometido tá? Tem 18 anos também, assim como o Luan gente. Agora a vez das meninas. - ele fala andando até o nosso lado, o Pietro não tem juízo não - Tem a Bianca, 17 aninhos que nem a Laura, a mais gostosa de todas viu? Anotem aí! E a Nat, tem 18 galera, barra pesada.

Ela revira os olhos me fazendo rir e ele corre porque ela ameça jogar a sandália dela na cara dele.

- Vamos começar com você que tá bem animado, você acha que é possível contrair o vírus HIV no sexo oral? 

- Mas é claro, qualquer sexo sem a porra da camisinha contrai essa bosta de doença. - eu acho que depois daqui ele vai direto para o banheiro para a diretora lavar a boca dele com sabão.

- Mulheres soropositivas podem engravidar sem que o vírus HIV seja transmitido? - Henrique pergunta com alguns centímetros de distancia. 

- Verdade. Não sei o porque mas vai verdade mesmo. - respondo vendo ele olhar diretamente para minha boca.

Ele demora para voltar a Terra mas assente, falando que acertei e explica o motivo.

- 12:38 - 

Atravesso a rua indo em direção ao carro de Bernado onde o mesmo se encontra mexendo no celular. 

- Você parece que não vai aprender nunca né? - falo roubando um selinho.

- Aprender o que?

- Você não pode dirigir! Minha mãe podia levar o JP na Vidigal ou ele podia pegar um uber.

- Não se preocupa comigo, vim te ver. - nego beijando muito sua boquinha - Quer dizer que o mala do Henrique veio aqui?

- Isso foi bem o cabeção do Gustavo que te falou!

- O cabeção tá atrás de você. - me viro vendo ele com cara de quem vai fazer alguma coisa.

Me escondo atrás de Bernado mas ele ajuda o delinquente do Gustavo a me fazer cócegas.

Corro dando uma volta no carro, não posso mais ficar em paz.

Continua...

A filha do dono do morroWhere stories live. Discover now