Capítulo 16: Trevis

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   Quando eu propus que América e Taylor fossem para Louisiana com a gente não sabia que iria ter que aguentar Abby tagarelando no meu ouvido depois o quanto ela queria que fosse uma viagem romântica nossa, o que não era algo que eu havia pensado, até porque ir para casa dos meus pais não iria ter nada de romântico afinal, seria impossível.

Na verdade eu queria que América fosse com a gente, não o Taylor, mas como eles estavam juntos seria estranho demais eu chamar somente ela.

- Você está me ouvindo? – perguntou Abby assim quando parei o carro em frente seu apartamento, dês de que América e Taylor havia saído da cafeteria ficamos discutindo sobre o fato de eu ter os convidado, claro que eu não estava mais aguentando e por isso preferia fingir não estar ouvindo.

- Boa noite Abby. – falei rispidamente sem olha-la, eu podia jurar que ela estava com a testa toda franzida e mais furiosa ainda.

- Porque boa noite? Você não falou mais nada, nem parece ter me escutado aqui dentro do carro. – ela protestou.

- Claro que escutei Abby, eu não estou indo falar para Taylor e a América não irem mais, por mim Taylor não iria, mas o que a América tem haver com isso? – a olhei irritado, minha voz já estava alterada e isso só piora a nossa briga, por mais que eu sabia que não resolveria, mas era como se Abby estivesse me sufocando a ponto de ter que falar alto para ver se ela parava de tagarelar para mim. – Eu não quero brigar. – falei tentando amenizar o tom de voz. – Vamos parar por aqui. – eu disse cansado.

- Trevis, eu achei que por você saber sobre eu e Taylor isso faria com que você o mantivesse longe da gente. – ela disse também tentando soar calma. – Mas pelo visto você não se importa com isso.

- Eu me importo Abby, obvio que eu me importo. – falei a olhando. – Mas ele namora a sua melhor amiga, achei que você estivesse feliz pela América e quisesse comemorar junto dela, assim como ela comemorou junto de você quando você conseguiu o seu estágio.

- Trevis ela não vai durar um mês naquele trabalho novo, os pais dela vão descobrir e vão tirar ela a força dali, ou vão conseguir subornar o chefe dela para demitir ela. – eu conheci a anos Richard, fomos colegas de faculdade e sabia que ele não era um cara ganancioso ou desonesto a ponto de tal coisa.

- Eu não acho que o chefe dela faria isso. – respondi confiante, confiante até demais.

- Como diz isso com tanta convicção? Nem conhece a América ou os pais dela, nem mesmo o chefe dela. – Abby disse cruzando os braços e com a testa franzida, achei que ela iria me perguntar se eu os conhecia, ou qualquer coisa assim, mas ela não fez: - Viu só como você nem ao menos os conhece, outra coisa, isso é somente um hobby mesmo de América, uma hora ela cai na real. – por mais que Abby fosse a melhor amiga da América, naquele exato momento ela parecia muito mais como uma inimiga.

- Porque deseja tanto que sua melhor amiga se dê mal? – minha pergunta a assustou, ela esperava que eu desse apoio nas suas criticas, mas não fiz.

- Eu nunca disse que desejava o mal para ela, só digo o que eu vejo. – ela respondeu sem graça. – É uma coisa que ela fazia dês de quando era criança, qual criança nunca desenhou e ficou imaginando bobagens?

- Abby eu sempre te achei incrível, mas nesse momento sinto uma pontada de decepção por você. – eu passei o braço por cima da Abby para alcançar a fechadura da porta do carro e a abri, ela pensou que aquele movimento fosse para lhe oferecer carinho ou abraço, mas minha atitude a pegou desprevenida.

- Você está me expulsando de dentro do seu carro?

- Não Abby, apenas estou abrindo para você descer e ir para o apartamento que você divide com a sua melhor amiga e pensar no que me disse. – respondi tentando manter total equilíbrio no meu tom de voz com Abby, o que foi quase impossível, porque minha voz fez com que Abby fechasse os olhos assustada. - Desce Abby. – falei vendo que seu corpo não havia se movido nem se quer um centímetro para fora do carro. – Amanha busco vocês às seis horas da manhã. – eu falei quando ela saiu do carro, ela não me respondeu nada só seguiu para dentro do apartamento batendo os pés com força e pressa.

Eu nem animado não estava mais de viajar, mas não queria estragar essa viagem com problemas com a Abby, problemas que eu nunca havia tido e um lado da Abby que eu nunca havia visto. América só não tinha crescido em uma carreira como desenhista porque todos ao seu redor nunca a apoiaram, na verdade a América havia se tornado tudo o que todos a sua volta queria que ela se tornasse, uma garota cheia de sonhos guardados a sete chaves, sem liberdade.

Em momento algum eu havia me arrependido das palavras que havia usado com a Abby ou o tom que eu havia usado, eu defenderia a América quantas vezes fosse necessário, mesmo que aquilo significasse contar tudo sobre a gente para Abby, foi então que eu entendi porque América também não havia falado sobre os serviços de Garoto de aluguel para Abby, ela possivelmente zombaria da amiga e a deixaria envergonhada. Era notável ver a diferença das duas, por mais amigas que fossem e pela classe social que haviam crescido, Abby tinha um lado esnobe enquanto a América nem se quer sabia o que era aquilo possivelmente e era exatamente disso que eu gostava na América, ela era uma mulher incrível, pena que passou muitos anos sem saber disso. 

Muito além de você - CONLCUIDAOù les histoires vivent. Découvrez maintenant