Capítulo 15:

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Eu começaria a trabalhar na segunda, já era quinta e por mais que faltavam poucos dias para começar a trabalhar, eu estava ansiosa. Antes de começar a trabalhar eu fui na empresa Pandora para conhecer e assinar o contrato, aquele lugar era incrível, tudo tinha uma aparência muito moderna e as pessoas que trabalhavam ali pareciam tão focadas e destemidas, algumas mulheres exalavam superioridade ao me ver, eram mulheres mais velhas do que eu, aparentemente eu era a mais nova naquela empresa.

Fiz um tour pela empresa acompanhada da Emma, o que fazia com que muita gente olhasse e nos cumprimentasse, a Emma que estava na empresa não parecia ser igual a do parque, ela parecia uma empresaria segura de si e bem sucedida, longe de ser uma mãe e esposa, talvez fosse por estar com o cabelo preso e com uma calça social e blusa social vinho, e não de vestidinho florido como no parque, segurando um mordedor e um bebê no colo.

- América, seja muito bem vinda. – ela disse assim que ela terminou de mostrar a minha sala, que ficava no ultimo andar do prédio, ao lado da sala do Richard e dela, a minha sala era grande e espaçosa, tinha apenas dois sofás e uma televisão no canto e no meio da sala ficava uma mesa e uma cadeira almofadada atrás, tudo tinha cor branca e marrom, atrás da mesa ficava uma grande estante com alguns livros.

- Muito obrigada. – falei apertando a mão da Emma, ela tinha um sorriso nos lábios.

- Esse lugar você poderá decorar do jeito que você quiser, como você tem uma praticidade em desenhar, pode fazer o design da sua sala que nós iremos mandar para um design de interiores para poder fazer as modificações.

- Sério? – perguntei perplexa.

- Sim, queremos que tenha conforto para sair os melhores desenhos desses seus cadernos.

- Obrigada. – falei olhando em volta, com uma felicidade que parecia que explodiria pelo meu peito.

- América não precisa me agradecer. – disse Emma e eu assenti.

- Pelo jeito gostou da sua sala. – falou Richard na porta, nem havíamos notado sua presença ali.

- Sim. – respondi. – Eu nem sei o que falar, essa é uma oportunidade incrível.

- Não precisa agradecer, só quero que você dê o melhor de si nos desenhos, quero tudo que você tiver de mais real seja expresso na sua folha de papel. – eu assenti.

- Sim senhor. – depois de assinar todos os papeis e ser oficialmente contratada, eu decidi contar para Taylor, Abby e Trevis também foi a cafeteria, mas ele já sabia da noticia e fingiu surpresa e felicidade como se tivesse também acabado de saber:

- Podíamos comemorar. – disse Taylor animado.

- Nós queríamos comemorar com vocês, mas amanha vamos visitar a família do Trevis. – falou Abby.

- Não sabia, voltam que dia? – perguntei tomando o gole do meu café, não havia imaginado que eles estavam indo tão rápido assim...

- Segunda cedo, porque tenho um trabalho para fazer. – respondeu Trevis. – Mas se vocês quiserem ir com a gente também... – ele propôs, mas Abby o olhou confusa e não muito feliz pelo convite que ele havia nos feito:

- Eu topo. – disse Taylor empolgado.

- Não, eu tenho que começar a trabalhar na segunda, isso pode acabar me atrasando no primeiro dia, viagens é bem imprevisíveis – respondi entendendo que talvez Abby quisesse ir sozinha com Trevis para conhecer a sua família.

- Assim como comemoramos o estágio da Abby precisamos comemorar o seu emprego América. – disse Trevis insistindo e sem olhar para Abby. Taylor jogou os braços ao meu redor e falou:

- Vamos aproveitar um pouco, sair da cidade e comemorar amor. – Trevis bebeu de uma vez seu café incomodado com a cena de Taylor.

- Tudo bem. – falei me esquivando do seu braço sutilmente.

Eu não sabia se aceitar a proposta do Trevis foi uma boa ideia, aliás, eu não sabia por que frequentemente eu sentia como se Taylor o incomodasse e com isso Taylor começou a me incomodar de certa forma, talvez fosse porque Trevis tinha uma implicância absurda com ele e estava já me contagiando. O que eu mais queria saber é o que Taylor fez para que Trevis não gostasse dele daquela maneira? De todo jeito fazia parte do passado de Taylor e eu precisava me recordar sempre disso para que aquilo não dominasse nosso relacionamento.

- Será que vamos ficar no mesmo quarto? – perguntou Taylor assim que parou com o carro na frente do meu apartamento.

- Esse é o seu maior interesse nessa viagem? – perguntei o olhando, ele riu.

- Claro que não. – me deu um selinho demorado. – América, eu queria te contar uma coisa. – eu assenti e ele permaneceu próximo de mim, eu tirei o meu cinto e fiquei de frente para ele, encostando minhas costas na porta do carro.

- Pode contar. – falei torcendo para que fosse sobre o que Trevis não havia me contado.

- Eu já estudei no mesmo colégio que a irmã do Trevis, nós nunca fomos amigos sabe, ela sempre foi de ficar na dela e eu bom, não era igual a ela. – eu assenti e ele prosseguiu. – Eu uma vez fiquei com a amiga dela, uma amiga muito próxima e rolou algumas coisas que não deveria, meus amigos havia deixado uma câmera no quarto e acabou filmando tudo, ele publicaram esse vídeo, na verdade foi partes do vídeo e tamparam meu rosto, deixando somente ela exposta naquela situação. – eu não sabia o que dizer, não imaginava como estaria aquela garota e como sua vida deveria ter sido destruída após aquilo. – Eu juro que eu não quis fazer aquilo com ela, não foi minha culpa, meus pais na época entraram no meio e deram um dinheiro muito alto para que aquela família ficasse calada e esquecessem o processo, então eles aceitaram o dinheiro e foram embora. Tudo foi resolvido eu juro e possivelmente essa garota deve estar bem, recebeu muito dinheiro para isso.

- Você então acha que o dinheiro resolveu a vida dela? – perguntei o encarando.

- Dinheiro não serve para isso? Aquela família era muito carente América. – falou ele.

- O dinheiro não compra dignidade e nem o respeito Taylor. – falei abrindo a porta do carro e saindo, Taylor veio atrás mim e me segurou impedindo de entrar no prédio.

- Porque está irritada? Eu mudei América. – ele disse me olhando seriamente. – Eu juro que eu mudei. Talvez tenha mesmo sido errado meus pais terem pagado, e eu não ter assumido ou me desculpado pelos meus amigos terem feito aquilo, sei lá, mas eu era jovem demais e bobo. – ele disse me olhando. – Não faça isso mudar nossa relação, eu te contei e foi difícil para eu fazer isso.

- Eu sei. – ele tinha razão. – É seu passado, eu entendo. – falei suspirando, era algo que eu precisava lidar primeiramente dentro de mim, era algo novo demais para mim.

- Só quero que fique tudo bem entre a gente ok? – ele disse beijando meus lábios devagar. – Eu gosto de você e eu mudei isso que importa ok? – eu assenti e me despedi dele. Quando entrei no apartamento me encostei-me à porta ainda chocada pelo que havia descoberto de Taylor, por isso Trevis não quis me contar.

Aquela conversa com Taylor havia me causado mais incertezas ainda dentro de mim, eu sentia como se não o conhecesse, como se aquela versão de garoto ideal para mim tivesse muito longe de ser algo real, mas algo eu mesma havia criado por causa da sua aparência de garoto certinho que tinha por trás daqueles suéteres que usava na faculdade e aquele cabelo bem penteado para trás. 

Muito além de você - CONLCUIDAWhere stories live. Discover now