capítulo 34

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Camila apoiou o pé na lateral da banheira. A espuma chegava quase até acima. Inspirou profundamente e desfrutou da água quente com aroma de lavanda.

Lawrence soube exatamente o que fazer quando retornaram a seu apartamento. Ajudou-a a tirar o conjunto Morgane O Fay, envolveu-a numa suave e enorme toalha e a levou imediatamente ao banheiro, onde a deixou sozinha para que relaxasse.

Não sabia quanto tempo tinha ficado na água. Tinha os dedos dos pés e das mãos enrugados. Sentia-se relaxada e nervosa ao mesmo tempo. E estava cansada de estar sozinha.

Puxou a alavanca com o pé para esvaziar a banheira. Levantou-se, um pouco enjoada a princípio, e se envolveu numa toalha branca. Secou a nuca e soltou os cabelos para que caísse sobre os ombros. Quando se olhou no espelho, viu que tinha borrado o rímel com as lágrimas. Usou uma toalhinha para limpar o melhor que pôde.

Entrou sem fazer ruído no quarto.

— Pensei que não fosse sair nunca — disse Lawrence com um sorriso.

Trocou-se. Usava uma bóxer branca e uma camisa de um azul intenso desabotoada e com as mangas dobradas. Camila o adorava com camisa, como enrolava levemente o cabelo por trás, sobre o pescoço. Estava tão dolorosamente lindo, que fazia que tudo o que tinha pensado na banheira, resultasse muito mais difícil.

Ela viu as duas taças de vinho branco na mesinha de cabeceira. Lawrence, que tinha seguido seu olhar, pegou uma e a entregou.

— Obrigada — disse.

Estava frio e seco e, nesse momento, pareceu-lhe o melhor que já tivesse provado.

Ele se sentou na beira da cama e ela se acomodou a seu lado e se virou levemente para poder olhar o seu rosto. Quando ele sorriu, Camila quase perdeu a coragem ao ver aquelas covinhas. Mas não se permitiu acovardar-se.

— Lawrence, apreciei que tenha organizado tudo isto para solucionar o problema de confiança em nossa relação. Mas o que aconteceu esta noite... Assim não vamos aprender a confiar um no outro. Nem a nos conhecer. Ao menos, não do modo que eu desejo.

— O que tem em mente? — perguntou daquele modo zombador tão próprio dele.

— Você ficou furioso porque não disse que era virgem, por não revelar a verdade sobre minha experiência sexual. Mas você não me conta a verdade sobre seu passado, sua história, sua vida.

— É obvio que sim — protestou. — E já disse a você o que sentia por Sloan...

— Isto não tem nada que ver com Sloan. Ao menos, não com respeito a isso. Conhece a Margaret, da biblioteca? Falou-me de sua mãe.

O sorriso dele desapareceu.

— Ela não está um pouquinho velha para fofocar?

— Não estava fofocando. Viu-nos sair da sala na outra noite. Suponho que sentiu que eu deveria saber algo sobre o homem... com quem estou saindo.

— Mas não disse nada a você sobre mim, não é? Falou de minha mãe.

— Vamos. Não aja como se não soubesse o que quero dizer. Por que não me contou toda essa história? Na noite de meu aniversário, estivemos falando sobre o que nos preocupava de nossos pais, e você não disse nenhuma só palavra sobre isso. Por quê?

— Porque, como já disse a respeito de Sloan, não tem nada que ver com você.

— Pois eu digo que sim tem a ver. Se não falarmos sobre coisas reais, como poderemos confiar um no outro? O sexo espetacular não é o que faz que uma relação funcione.

A Bibliotecária Where stories live. Discover now