capítulo 20

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Camila despertou desorientada.

O quarto estava às escuras, mas algo lhe disse que era de manhã, não de noite. Virou-se e se encontrou olhando fixamente uma parede cheia de quadros dignos de um museu, um aviso de onde estava e como tinha passado a noite.

O lado do Lawrence estava vazio, embora tenha dormido com ele a seu lado. Esticou o braço para o abajur da mesinha de cabeceira e a acendeu para orientar-se. As cortinas faziam que ficasse difícil saber que horas eram, mas tinha a sensação de que ia chegar tarde ao trabalho. Então viu uma folha de papel dobrado sobre o travesseiro do Lawrence. Pegou-o.

"Querida Camila:

Espero que tenha dormido bem.

Quando estiver pronta, se encontre comigo na sala para tomar o café da manhã. O banheiro está à esquerda. Encontrará toalhas limpas e um roupão.

L."

Ela se levantou da cama. Apesar de que estava sozinha, sua nudez a embaraçou. Lawrence tinha insistido em que dormisse nua e, embora ela houvesse protestado dizendo que nunca seria capaz de dormir profundamente sem usar nada por cima, a intensidade da noite a tinha deixado exausta e caiu num sono profundo, assim que apoiou a cabeça no travesseiro.

Ela entrou no banheiro e fechou a porta com o trinco. Como ela esperava, tudo estava impecável e era elegante e moderno, cheio de espelhos e mármore preto. Havia uma banheira grande e um duche, os azulejos eram brancos rodeados por um boxe de vidro.

Como ele falou, atrás da porta estava pendurada uma camisola e um robe combinando da La Perla. Sobre uma bancada preta, encontrou uma escova de dente ainda sem abrir, uma pilha de suaves toalhas pretas e uma bandeja de prata cheia de produtos Kiehl e Molton Brown.

Ela escovou os dentes e lavou o rosto com um sabonete de soja. Seu cabelo estava desgrenhado, a franja torta e soube que o que realmente precisava era de um duche.

Abriu a porta de vidro. Não se parecia com nenhum outro duche em que já tivesse estado. O chuveiro estava pendurado no centro da cabine, perfeitamente redonda e plana como um crepe. Quando abriu a torneira, água caiu como se fosse chuva.

Encontrou xampu na prateleira. Sabia que se procurasse pelo banho, provavelmente encontraria um barbeador elétrico, mas não queria demorar muito. Quando ensaboou o corpo, suas mãos se demoraram nos seios e entre as pernas, onde se lavou com delicadeza. Sentia-se dolorida, mas era uma dor que acolheu com agrado.

Seu corpo era como um novo amigo desconhecido. Quem teria dito que poderia dar tanto prazer a ela mesma e a outra pessoa. Pensar em Lawrence fez que sentisse um delicioso estremecimento. Fechou os olhos e visualizou seu membro e sentiu uma intensa sensação quando o tinha tido no seu interior.

É claro, fazia tempo que imaginava como seria praticar sexo pela primeira vez. Mas agora se dava conta das ingênuas e limitadas que haviam sido suas fantasias. Como poderia ter imaginado o aroma de sua pele, o modo que sentia sua boca nos seios, a pressão das mãos atrás dela quando a guiou para seu membro ou como abriu o seu corpo para ele como se estivesse oferecendo alimentos depois de uma greve de fome...?

Fechou a torneira. Aquilo era uma loucura. Tinha que voltar para a realidade. Não tinha nem ideia de que horas eram e tinha que passar em casa antes de ir trabalhar, porque a única roupa que tinha era o vestido preto que tinha usado no Nurse Bettie.

Secou-se, penteou-se e arrumou a franja. Pegou a camisola da La Perla e viu que ainda estava com a etiqueta. Arrancou-a e a vestiu. O tecido era tão suave que era como se acariciasse a sua pele. E se deu conta de como era transparente. Pôs o fino robe por cima e o amarrou à cintura. Finalmente, olhou-se no espelho e pela primeira vez na sua vida se sentiu verdadeiramente bonita.

— Bom dia — saudou Lawrence com um sorriso.

Vestia uns jeans escuros e uma camisa branca com as mangas dobradas por cima dos fortes punhos. Tinha o cabelo molhado e os olhos brilhantes e desafiadores, como sempre.

Ele estava sentado numa mesa de café da manhã. Era estreita e preta e brilhava como se a cobrisse com uma capa de gelo. Ele estava numa ponta, com um laptop, rodeado por pratos de bolo, fruta fresca, muffins e uma jarra de café. Serviu-lhe uma xícara quando se sentou em frente a ele.

— Isto está... muito bom — comentou ela, sentindo-se repentinamente envergonhada. — Mas vou chegar muito tarde ao trabalho. Tenho que ir — afirmou.

— Já liguei para a Sloan — anunciou.

— Você fez o quê?

— Eu disse à Sloan que você não iria hoje porque íamos trabalhar fora do escritório.

— Não tem o direito a fazer isso. Não pensou que talvez eu quisesse ir trabalhar?

— Você não tem direito a querer nada. Você está se comportando pessimamente, e vai ter que ser castigada.

À luz do dia, essa conversa parecia muito menos razoável que às onze da noite.

— Isto não é um jogo — protestou Camila enquanto deixava a xícara de café na mesa.

— Tem razão. Estou falando à sério. A questão é: e você? — perguntou zangado.

— O que você acha que isto significa?

— Como pôde não me dizer que era virgem?— Ela se ruborizou.

— Sinto muito, mas não parecia que era o momento certo. Quero dizer, sentiame estúpida soltando-o assim sem mais.

— Nunca teria te fodido desse modo se eu soubesse.— Ela não podia acreditar na sua arrogância.

— Como e quando me fodem, como você o chama, não é decisão sua — replicou.

— Se você é tão boa para tomar esta decisão, por que não a tomou antes? Se você tivesse confiança para decidir por si mesma, já o teria feito. Mas tem medo. Eu a ensinarei a não ter medo. Se me deixar.

Ela ficou surpresa ao sentir que seus olhos se encheram de lágrimas.

— Esta tudo bem, Camila — a tranquilizou. — Será bom para você que eu assuma o controle. Você não tem que pensar em nada. Não há necessidade de entendê-lo. Não tem que pensar o que é o correto. Renda-se a mim e verá como gosta.

O ar ficou preso na garganta.

— Agora coma alguma coisa — ordenou Lawrence. — Precisa recuperar as forças.

A Bibliotecária Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon