Flora despediu-se da senhora e partiu, completamente alheia à situação corrompida na qual havia se colocado.

Seguindo a orientação recebida, a princesa parou diante de um cômodo — um pouco escuro e sujo para seu julgamento — e leu a placa "Taverna da Lua cheia". Feliz e mais aliviada por ter conseguido chegar até ali sem se meter em novas confusões, parou por um momento em frente à porta do estabelecimento, ouvindo o som de vozes masculinas vindo lá de dentro.

Obviamente, acostumada com todo o luxo e mordomia do palácio, e sem nenhum conhecimento da cultura local, o lugar pareceu um pouco sombrio. Mas, ponderou, era um local onde um homem guerreiro como Philip poderia estar... Bem, embora ela também não tivesse um claro conhecimento sobre o comportamento masculino fora do ambiente real.

Resignada a não parecer uma mulher ingênua para o rapaz, levou a mão até a maçaneta e abriu a porta, adentrando no ambiente bastante segura de si.

Flora não esperava se deparar com o tumulto que encontrou. Sentiu um forte odor masculino misturado à bebida alcoólica, fazendo seu estomago revirar. Por um breve instante, a ideia de sair correndo dali lhe ocorreu, porém, antes mesmo de conseguir decidir colocar em prática, uma cena à direita captou sua atenção.

Um homem vestido de preto, com a barba longa e negra, dono de uma avantajada barriga — chamaremos de Stuart — estava parado, de olhos fechados, enquanto um segundo homem, mais ou menos da mesma estatura e vestido similarmente — Richard —, apontava uma arma de fogo em sua direção. O coração da princesa gelou diante da expectativa de presenciar um assassinato e, com toda bondade e pureza de seu coração, correu e se colocou diante da arma.

— Não faça isso, eu imploro! — ela suplicou chamando a atenção de alguns homens ao redor, que, para horror de Flora, nada faziam além de assistir a cena.

— Moça, saia já daí — Richard ordenou com a voz levemente arrastada, sinalizando um possível sinal de embriaguez. — Você está atrapalhando nossos...— Ele deu um sonoro arroto e riu. — Nossos negócios!

— Não, por favor, eu não sairei daqui! Vocês são adultos, homens, podem resolver suas questões de outras maneiras.

Flora surpreendeu-se com as inesperadas risadas ecoando ao redor e a gritaria masculina, zombando da situação.

— Você está vendo, Stuart? — Richard gritou e abaixou a arma, zombando do parceiro, outrora de olhos fechados, parecendo agora furioso. — Essa moça aqui não permite que o nosso acordo ocorra. Sendo assim, eu venci!

— Atire agora, Richard! — Stuart revelou-se muito nervoso, contudo, os gritos da multidão ao redor não permitiram Flora ouvir as palavras de baixo calão pronunciadas depois.

— Eu não posso! — Richard sorriu maliciosamente para Flora e parecia muito satisfeito por ela ter se colocado entre eles. — Essa incrível e linda donzela não me permite. Nesse caso, ela venceu! Sendo assim, você não se arriscou o suficiente para receber sua grana.

— Isso não é possível! — Stuart tentou protestar, mas o alvoroço à volta já havia determinado o fim da questão. O homem com a arma estaria impossibilitado de dar continuidade com suas intenções e a aposta havia findado.

Flora, de braços cruzados, um pouco amedrontada, um pouco intrépida, sentia a adrenalina percorrer suas veias, dando, de alguma maneira, coragem para manter-se imóvel mesmo diante da ameaça masculina ao seu redor.

Richard guardou a arma e se aproximou dela, tocando seus cabelos de maneira nada digna.

— Obrigada, docinho! Vou ficar devendo. Bem, se quiser, posso demonstrar minha completa gratidão agora mesmo — ele insinuou fazendo Flora recuar um passo.

A princesa desacertada (e seu irremediável destino)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang