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     O sol parecia estar muito forte.

Mesmo não tendo tomado café, eu não estava com fome. Resolvi ir um pouco na piscina e esperar até a hora de almoço que estava perto.

Eu tirei a minha saída de praia e a deixei pendurada na cadeira, logo arrastando-a pelo sol e me deitando de barriga para cima. Coloquei o chapéu na minha cara, evitando que eu pegasse sol no meu rosto já que era sensível demais na parte das bochechas.

Respirei e inspirei.

O momento do jardim veio ao meu pensamento novamente, deixando meu coração acelerado ao relembrar a proximidade de Adam. Ao me lembrar o quanto ele parecia querer saber o que eu estava escondendo de todos, e até de mim mesma.

— Casey, Casey... — ouvi vovó cantarolar, me fazendo tirar o chapéu da cara assustada por não estar concentrada no mundo real segundos atrás. — O sol está bom?

— Bem quente. — respondi, voltando a deitar na espreguiçadeira. Vi que ela arrastou uma cadeira para o meu lado e tirou a sua saída de praia, se deitando.

— Está tudo bem? — quis saber. Eu coloquei minha mão acima dos olhos por não estar conseguindo ficar com eles abertos.

— Pedro já foi fofocar? — perguntei e ouvi ela soltar uma risada breve.

— Ele apenas me disse que houve um desentendimento ontem à noite entre você e a Ellie. — contou, me fazendo suspirar.

— Aquela garota é louca! Ela me desafiou a beijar o Adam. — disse, me sentando na cadeira rapidamente.

— Ela é louca mesmo. — vovó resmungou. — Mas ela é louca por desafiar você a beijar ele, ou porque ela sabia que era o que você queria?

— Vocês não cansam disso? — perguntei baixo.

— Querida... — ela suspirou e se inclinou para pegar na minha mão, mas quando ela parou de falar e olhou por cima do meu ombro, eu me apressei em olhar para aonde ele estava encarando.

E meu coração deu um pulo ao ver o Adam.

O vi ontem, mas na verdade, não o encarei nos olhos profundamente depois do que aconteceu com Ellie, já que todos devem ter ido embora quando ela deu a louca e fez aquele desafio sem sentido.

— Adam. — vovó se levantou, e foi até ele, o abraçando. — Como está, querido?

— Bem, obrigado. — ele respondeu, se separando do abraço. — E você?

— Vou ficar bem quando vocês se resolverem. — ela apontou para mim e ergueu uma sobrancelha, me fazendo desviar o olhar. Vovó foi até a espreguiçadeira que estava e pegou a sua saída de praia, e quando me dei conta, estava sozinha com Adam.

Eu fiz o mesmo que a minha vó e coloquei a minha canga, me levantando mas não virando na direção do Adam.

— Vim em uma hora ruim? — perguntou, quebrando o silêncio. Eu não respondi. — Será que nós podemos conversar?

— Sobre o que? — me virei e vi seu olhar atento a mim. Andei lentamente na sua direção e parei alguns passos distante, para evitar que meu coração, talvez, errasse uma batida.

— Você sabe bem sobre o que é. — afirmou, e deu os passos na minha direção que eu tinha evitado. Levantei meu olhar para o seu rosto e soltei um suspiro pesado, e me perguntei até quando ia conseguir ficar o encarando.

— Claro que eu sei. — passei a língua nos meus lábios. — Sobre as nossas férias. Bem, pelas minhas contas, faltam poucas coisas para fazermos. — ergui uma sobrancelha e forcei um sorriso. — Eu vou me arrumar, e se quiser podemos ir na lanchonete que você trabalha de novo. — sugeri, dando um passo para o lado e pronta para ir embora, mas Adam segurou a minha mão sutilmente, o que me fez parar.

— Casey... — chamou baixo, me deixando nervosa. — Você gosta de mim?

Sua pergunta me fez franzir a testa, mas quando vi que ele não estava brincando, voltei a minha expressão normal. Ele não tirou os olhos de mim, e ficou esperando pela minha resposta. Mas eu não podia falar o que ele queria ouvir. Não agora.

— Como? — engoli seco e pisquei várias vezes em pouco tempo. — Olha, posso ter iniciado essas férias não gostando de você, mas até que é um ótimo amigo. — elogiei, esperando que aquilo bastasse para a conversa.

— Não é dessa maneira que eu estou me referindo. — ele ergueu as sobrancelhas e encarou meus olhos de forma intimidadora. Deixei um suspiro escapar dos lábios mais uma vez.

— E por que eu gostaria de você de outra forma? — questionei, sentindo meu peito doer pela maneira que eu disse aquilo. Com desdém. Adam soltou a minha mão e minha respiração começou a ficar acelerada.

— Você não se incomoda quando eu estou com a Ellie? — questionou, parecendo mesmo querer ouvir da minha boca.

— E por que eu me incomodaria? — questionei novamente. — Vocês se merecem. Fazem um casal muito bonito, a não ser pelas loucuras que a Ellie fala às vezes. Nesse sentido vocês até que são diferentes.

— Então eu acho que vou pedi-la em namoro. — contou. Apertei meus dentes um no outro e o encarei com raiva. Eu não queria, mas parecia que naquele momento eu queria dar um soco nele. — Se você não gosta de mim, por que parece se incomodar com isso? — perguntou, quando eu estava prestes a sair.

— Adam, já chega. — falei seriamente.

— Então pare de mentir para mim, Casey! — ele pediu, franzindo as sobrancelhas. — Por que você não me diz?

— Se você já sabe, porque você quer que eu diga? — questionei.

— Porque se você não falar, não vai ser real. — explicou. Olhei fundo nos seus olhos e eles estavam com uma mistura intensa de sentimentos. Eu fiquei bem confusa apenas por olhar fundo neles e me sentir mal.

Vendo Adam vulnerável daquela forma me deixou completamente desconfortável por saber que era por minha causa que ele estava daquele jeito. Qualquer coisa que eu falasse poderia magoa-lo.  E mesmo que eu odiasse admitir isso, Ellie estava completamente certa.

Eu não era a pessoa certa para o Adam, porque eu iria magoa-lo. Eu não tinha nada para oferecer, já Adam... A garota que fosse destinada a ficar com ele tinha uma sorte grande por tê-lo. Tinha uma sorte grande porque com certeza seria muito amada.

— Eu não posso dizer o que você quer ouvir, Adam. —disse baixo. — Eu não posso porque simplesmente o que você quer ouvir, não é o que eu realmente sinto por você. — expliquei com o coração apertado.

Se qualquer coisa que eu falasse ia magoa-lo, então eu tinha que falar tudo de uma vez. Eu tinha que magoa-lo de qualquer forma porque se não, eu iria quebrar seu coração sem nenhuma intenção no futuro.

E eu não queria isso.

— Eu sinto muito se fiz você achar alguma coisa. — tentei soar sincera, e segurei o choro que eu sabia que sairia, só não podia sair agora. — Sinto muito se eu fiz você achar que eu gostava de você.

E aquelas foram minhas últimas palavras para Adam Turcker, antes de dar um passo lento para o lado e sair de lá, com os olhos cheios de lágrimas prontas para sair e me deixar com os olhos inchados pelo resto do dia.

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O Dia Em Que Eu Conheci Você || CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now