Capítulo 38 - parte 1

2.6K 268 43
                                    

Brayan franziu a testa quando Bella saiu do palácio vindo até ele.

– Foi... Rápido? Nem anoiteceu ainda.

– Não houve resistência alguma, e Freya... Ela enlouqueceu.

– Enlouqueceu?

– A morte dos irmãos acabou com ela, tinha que ter visto... Estava péssima. As explicações para o concelho que demoraram apenas. Foi isso, foi bem simples.

– A grande Freya Smith... Uau.

– Eu também fiquei surpresa, esperava uma batalha mas não teve nada disso.

Erik se sentou no trono, seu trono.

– Espalhem que o que os Smith fizeram e espalhe que a rainha Freya foi... Executada.

– Como queira majestade – Brayan sorriu – Manterá mesmo ela aqui?

– Ainda é minha mulher, ficará na torre presa sendo vigiada.

– Sabe que pode desfazer o casamento com ela.

– Mas eu não quero – Brayan riu disso – Agora vá, General Wanzeller! – Erik sorriu pronunciando o novo posto do amigo com clareza.

Brayan abaixou a cabeça e sorriu, se virou e se retirou com a ordem real. Estava feliz, tão feliz que tinha tomado uma decisão. Uma importante decisão. Pediria Idália em casamento assim que voltasse depois de cumprir a ordem real.

Graham estava só, esperava quando o barco partisse para Neakail estivesse pronto.

– Guerreiro, espero que não pretenda voltar atrás na sua palavra. – Aquela voz lhe surpreendeu.

– Alina? – Ele olhou para ela

Ela vestia calças e além de carregar a mesma espada de sempre, tinha consigo uma bolsa. Ela sorriu para ele.

– Me fez uma promessa.

– Não tive tempo de falar com-

– Mesmo se falasse de nada adiantaria – ela disse ansiosa – Eu não contei mas eu sou uma filha ilegítima, sem dote ou qualquer coisa do tipo mesmo que ainda seja muito favorecida. Eu mesma falei com meu pai e ele nos desejou felicidades, permitiu que eu seguisse minha vida como preferisse. Minhas irmãs apenas fizeram que eu prometesse que iríamos visitá-los sempre. Pensei que talvez todas as vezes que seu irmão fosse a Rikiblár com Sarah poderíamos... – Ela não terminou – Apenas, claro, se decidir me aceitar apesar de ser uma... bastar-

Graham não permitiu que ela continuasse.

Bella se aproximava de Graham depois de vê-lo de longe, mas ele beijava uma mulher? Ela tinha visto direito? Chegou bem perto e parou olhando para eles. Os dois se separaram se olhando, não disseram nada quando repararam sua presença.

– Bella, está é Alina, ela e eu...

– Outra dama de Eve? Desse jeito minha amiga passará a deixar as damas dela longe dos McLauchlan.

– Ela vem comigo para casa.

Alina que segurava a mão dele sorriu envergonhada.

– Ouvi tudo que aconteceu, se escolher ficar convencerei ele. Não se preocupe com isso – Naquele momento Graham riu, já tinha deixado aquilo claro que não iria forçar mais nada nem convencer ninguém a nada que não quisesse.

– Só por isso já tem a minha benção para vocês dois. – Bella riu

– Fala como Lady McLauchlan... – Graham murmurou antes de se aproximar para abraça-la – Vou sentir muito sua falta.

– Vai me fazer chorar.

– Se cuida, não direi nada a meu irmão.

– Obrigada – Ela sorriu enxugando as lágrimas – Céus, como eu estou sensível.

– Precisamos ir agora, acho que aquele é o nosso barco. – Alina disse triste por não ficar mais para conhecer a tal famosa Bella.

– Sim é ele mesmo.

– Assim que o de você forem irei entrar no que me levará.

– Para sua ilha?

– Sim, minha ilha. – Eles tinham que embarcar – Vão logo, não olhem para trás.

Bella viu eles embarcarem e ajeitou sua bolsa nas costas, acariciou sua barriga que tinha crescido mais ainda agora sendo visível nas camadas de roupas. Embarcou logo em seguida, foi bem recebida por todos ali. O problema foi quando começaram a se afastar do porto.

Estava tudo acabando e ela voltaria para sua primeira casa. Mas os enjoos, eles só aumentaram mais ainda.

A viagem até a ilha foi uma tortura para seu estômago. Na cabeça dela tudo só tinha acabado realmente, toda aquela guerra havia acabado quando seus pés tocaram a areia quentinha.

–Minha ilha... – Bella disse enquanto olhava para o lugar que lhe trazia nostalgia de sua infância.

Ela não esperou o barco ir embora para entrar em sua floresta, eram tantas lembranças que inundaram elas nos primeiros passos da trilha que já estava sendo tomada pelo mato também. Bella tampou sua boca para não chorar alto com as lágrimas quentes da saudade escorriam, se encostou na árvore para respirar fundo.

Lembrava de correr com Lancelot e seu pai nessa trilha, indo e voltando da praia, se lembrava de muitas vezes que tinha percorrido esse trajeto levando frutos do mar para cabana.

Ela continuou a caminhar, se lembrava de subir em algumas árvores para pegar suas frutas acompanhada de Lancelot, lembrava das épocas que davam frutos e épocas que floriam. Isso a fez caminhar até uma das árvores onde ela tinha razão, estava dando frutos e ainda os preferidos de Conrado. Colheu alguns e continuou o caminho, não se apressou momento algum até chegar na cachoeira.

Se sentou já começando a sentir as dificuldades da gravides e tirou os sapatos molhando os pés na água gelada. Olhou a sua volta nos topos das árvores, lembrou os banhos, dos momentos divertidos e inclusive dos ruins... Essa cachoeira tinha salvo sua vida.

Ela iria até a cabana, sua antiga cabana quando se lembrou do que tinha acontecido da última vez. Resolveu levantar e foi até a rachadura. O que viu ali a surpreendeu.

– Ludie?!

Fazia muito tempo mas ela ainda reconhecia a raposa, e claro, a raposa também reconhecia ela por isso não se levantou para atacar. Continuou deitada dando de mamar para os filhotes.

Ela entrou e se ajoelhou próxima, não esperava realmente quando a raposa macho entrou na fenda e se aproximou dela sem ligar muito quando Ludie se levantou e se aproximou dela. O macho trocou um carinho rápido com ela e Ludie veio até o colo de Bella onde se atentou a barriga que começava a ficar cada vez mais redonda. Brayan tinha mesmo feito o que tinha prometido, mandou algumas raposas-do-deserto para aquele lugar.

– Também vou dar à luz – Ela achou graça e fez carinho na raposa – Senti sua falta, Ludie.

A raposa ficou com ela por alguns minutos, era como uma conversa silenciosa até que o macho chamou por ela, Ludie voltou para ele e seus filhotes. Bella ficou observando e se lembrou de... Caillen? Porque dele?

– Já matou a saudade ou precisa de mais tempo? – Ela se virou surpresa. Lá estava Henry Smith que sorriu.

– Henry. O que faz aqui?

– Levando você de volta, ou achou que deixariam uma grávida ficar sozinha vagando por uma floresta só com sete raposas como companhia, o que não conta muito como companhia. Não, não. Não conta mesmo. 

A que salvou o rei - Gab MachadoWhere stories live. Discover now