Capítulo 22 - parte 1

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Os dois dias de viagem foram difíceis para Bella, mas tudo estava prestes a piorar no momento que a largaram na praia gélida de Neakail com apenas a bolsa que Sidheach tinha a entregado como última possível ajuda, Bella tinha escondido ali as joias que estavam em seu cabelo, tinha juntado tudo que tinha e rasgado a maior parte do vestido de noiva para tentar se aquecer na jaula do barco.
Ela se sentou na areia e abraçando suas pernas nem conseguiu chorar, não tinha mais o que chorar, não tinha forças para isso.
Quando o barco sumiu pelo horizonte, Bella respirou fundo escondendo seu rosto, queria muito acordar e estar em sua ilha de novo.

Ficou assim até que foi puxada pelo braço, com um grito tentou se soltar do homem que a segurava com força.

– É ela.

– ME SOLTE! – Bella tentou chutar mas o homem apertou com mais força seu braço impedindo.

– Fique quieta, vadia. – Ela mordeu o braço dele com força.

Ele gritou de dor e jogando de cara em cheio na areia de novo e a chutou nas costelas. Bella gemeu de dor, tentou se levantar para correr mas sem eficácia.

– Bem que avisaram que era mal criada! – O homem a puxou pelo cabelo e os outros a sua volta riram

– Poderíamos brincar com ela não acha? Nosso pagamento mudaria? – Outro homem falou.

– Não podemos, embora seria ótimo. Ela parece deliciosa mesmo nesses farrapos imundos – Bella segurou no braço dele sentindo muita dor em seu couro cabeludo que era puxado – Pegue a corda! Vamos amarra-la, vai ser mais fácil transportar a garota assim.

Bella quis se encolher naquela hora mas o homem deu outro chute na barriga dela.

– Se comporte. Não lhe ensinaram a obedecer?

– Chefe, lembra do que mandaram fazermos? – Bella viu aquele homem nojento sorrir com uma faca em mãos.

O homem não tinha dois dos dentes e fedia muito ainda por cima. Ela se desesperou ainda mais quando o que a agarrava pelo couro cabeludo sorriu de volta pedindo a faca com as mãos.
Ele soltou o excesso de cabelo da mão, nesse momento Bella quase conseguiu correr, desta vez o chute foi mais forte e nas costas que machucou suas mãos na areia. O homem de aspecto totalmente selvagem e repugnante tinha perdido a paciência com ela e deu outros dois chutes, repetindo para ela obedecer porque ele queria seu pagamento.
Bella se encolheu no chão com lágrimas nos olhos mal conseguindo respirar de tanta dor, o homem se abaixou e envolvendo rapidamente o cabelo dela com a mão passou a faca de vez o cortando. Bella viu o seu enorme cabelo cair na areia antes do outro amarrar os pulsos dela e a jogarem em cima do cavalo de bruços.

– Pegue a bolsa que está no chão, pode ter algo de útil e vamos logo. Quanto antes chegarmos até os Callahan mais rápido nosso pagamento – O homem subiu e o outro lhe entregou a bolsa.

Bella queria gritar por ajuda mas quem iria ouvir? A dor estava tão intensa que não valia a pena tentar gritar. Ela apenas observou quase todo seu cabelo que ficando para trás na areia daquela praia gelada.
Pela noite apenas quando eles pararam os homens montaram um pequeno acampamento e deixaram ela jogada apenas no chão úmido. Um deles ficou responsável pela guarda noturna enquanto os outros dormiam, fingiu dormir também até que o vigia muito responsável também caiu no sono.
Bella não teve dificuldade de se soltar das cordas, o que atrapalhou tudo mesmo foram os locais dos chutes e a situação que seu corpo dolorosamente estava. Ela estava sem beber água ou comer fazia quase cinco dias, no dia do casamento não tinha comido nada, no dia seguinte estava presa ainda nas masmorras, mais dois dias de viagem para o seu exílio e agora o dia tinha sido resumido a suportar estar em cima de um cavalo encarando o chão enquanto o animal corria e presa a aqueles repugnantes.
Sem fazer barulho, Bella pegou sua bolsa e aproveitando conseguiu pegar uma das espadas dos homens, olhou para os cavalos e sentiu frio na barriga lembrando da sensação da cavalga, passou longe deles.
Bella não correu de imediato quando conseguiu sair, precisava fazer silêncio, assim que se afastou um pouco tentou correr, mas foi em vão. Ela caiu direto no chão e urrou de dor se encolhendo, lágrimas quentes escaparam de novo dos cantos de seus olhos e ela precisou se forçar a levantar para andar rápido, o mais rápido que conseguia. Se afastou o máximo que pode até o cansaço e o desespero de sua situação tomarem conta de novo dela.
A jovem se escondeu entre arbustos e chorou de novo, um choro doloroso que piorava mais ainda pela dor de seus lábios estarem com o gosto de sangue dos machucados e rachados. Foi assim até que ela adormeceu sem perceber ali mesmo, no meio daquela floresta estranha, naquele lugar estranho apenas segurando seu bem mais importante em seu peito. O colar de seu tio que tinha sido antes ainda de sua mãe que nunca conhecera.
Bella acordou com muito frio e dores por todo o corpo. Agora que a adrenalina tinha se acabado, tudo doía muito mais que antes. Ela vasculhou a bolsa e quase chorou novamente apenas de gratidão vendo que Sidheach tinha colocado suas coisas ali dentro, ela não sabia como ele tinha conseguido aquilo mas o homem tinha. Sua capa estava ali e ela pode se cobrir, seu arco e três flechas também, sua adaga agora limpa além do resto das joias do casamento que ela tinha simplesmente jogado ali.
Bella se levantou devagar saindo do seu esconderijo entre os arbustos e ela encheu seu cabelo de neve. Ficou surpresa com o que seus olhos viam mas preferiu não pensar no seu azar que aumentava cada vez mais com a chegada do inverno. Aqueles homens estariam loucos a procurando e ela precisava se afastar mais ainda deles, então seguindo a esquerda do caminho que tinha tomado para fugir deles no momento de desespero Bella foi adentrando mais ainda na floresta.
Suas mãos tremiam e ela se abraçou mais, parecia que quanto mais andava mais a quantidade de neve tinha a sua volta aumentava e a temperatura diminuía.
Bella precisava de água mas duvidava que fosse achar qualquer fonte de água que não fosse estar congelada.
O dia já estava se pondo quando Bella tremendo muito se esforçou ao máximo que seu corpo suportava e subiu em uma árvore para se proteger dos animais que com certeza deveriam ter ali. Ela tinha se arriscado muito adormecendo naqueles arbustos e não podia repetir o erro.
Bella não conseguia dormir de tanto frio, sede, fome e dor que sentia. Quando ouviu som de cascos e pessoas se aproximando, com medo armou seu arco e a flecha, ficou preparada para atirar a qualquer segundo. Era um grupo enorme viajando, a visão de Bella estava turva já então não pode diferenciar nenhum deles, sem querer deixou a flecha escapar do arco denunciando onde estava.


A flecha passou rápido na frente deles e todos pararam, os homens tiraram as espadas buscando de onde tinha vindo.

– Estranho, não deveria haver ladrões nessas terras. – Caillen franziu a testa e olhou na direção de onde a flecha tinha vindo, eram um grupo grande demais e muito bem armado para alguém ser louco de ataca-los.

Olhou para a árvore e para a surpresa de todos de lá caiu um corpo direto na neve. Graham encarou o irmão mais velho que desceu do cavalo.

– Se quisesse nos acertar teria o feito – Alistair concluiu tirando a flecha da árvore um metro a frente deles.

Caillen apenas tirou o capuz do rosto da pessoa depois de concluir que estava mesmo sem lucidez. Ele se surpreendeu com o rosto que viu e sentindo se ainda tinha respiração encarou os rostos de seus dois irmãos.
Graham segurou direito as rédeas do cavalo e encarando a jovem lembrou junto com Alistair quem era aquela pessoa.

– É a jovem que estava acompanhando rainha Eve, tenho certeza. – Caillen sério de novo apenas levantou o corpo da jovem com facilidade e pegou a bolsa

– Está escurecendo, vamos acampar daqui a alguns metros. – Todos concordaram.

– É estranho, ela não se casar com Erik por esses dias? O que faz aqui no meio da floresta e ainda sozinha. – Graham comentou descendo do cavalo enquanto Alistair direcionava os homens.

– Lorde. – Um de seus homens se aproximou

– Vá até o clã mais próximo e chame um curandeiro para nos ajudar, ela tem relações com a realeza pelo que sabemos até agora e ainda está viva.

A que salvou o rei - Gab MachadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora