Capítulo 15 - parte 1

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Foi muito triste para Bella, estar na ilha estava sendo uma grande tortura. Seu pai tinha morrido ali, Freya tentou a matar ali também e pior, Bella se sentia sozinha ali sem Lancelot. Ela fazia carinho em Ludie ainda sem se atrever a deixar o conforto da fenda novamente por muito tempo. Tinha medo e não conseguia ficar muito tempo na cabana onde crescerá com Conrado. Aquele lugar não mais... como se poderia dizer... Aquele lugar não era mais seu lar como fora antes em suas memórias.

Tudo que Bella fez foi pegar tudo que tinha de importante para ela na cabana e enfiado na fenda. Também pegou os cobertores e depois de limpar os que estavam sujos forrou toda a fenda escondida com eles deixando o mais confortável possível e de um jeito que lembrasse pelo menos um pouco do conforto do castelo. Se fosse antes usando suas roupas preferidas masculinas e não aquele vestido, Bella teria subido em uma árvore e adormecido segura em algum dos galhos mais fortes e espessos.

Arthur tinha sumido, ela não tinha o visto o papagaio em lugar algum e preferia não tentar imaginar o que era provável de ter acontecido. Apenas Ludie e Hércules ainda estavam ali.

Hércules o urso continuava na mesma caverna perto dali o que fazia Bella se sentir mais segura, Ludie agora passava as noites com ela para que pudesse dormir. A toca que a raposinha tinha antes havia sido destruída pelos nativos, estavam bravos com a visita indesejada de tantos forasteiros.

– Ah Ludie, como eu espero que venham atrás de mim, não é possível que ninguém ligou para o meu sumiço, pelo menos Brayan ou Erik deveriam estar atrás de mim – Bella disse parando e se aconchegando para dormir.

A raposa permaneceu aos pés dela ficando próxima a saída da fenda, Bella observou triste até dormir. Pela manhã, pela primeira vez nos últimos dias, ela acordou com um bom pressentimento, simplesmente sentiu que deveria juntar tudo nos edredons e sair da fenda.

Ela caminhou até um ponto alto que pudesse enxergar em volta da ilha e o que viu fez seu coração disparar de medo e esperança. Era um navio, ela não conseguia enxergar quem estava nele mas era um navio que estava perto da ilha.

Bella correu até próximo do fim da mata fechada tomando cuidado com a única peça de roupa que tinha, aquele bendito vestido que mesmo esfarrapado estava lhe servindo muito bem, e espiou para ver quem estava ali.

Então ela viu ele e seus olhos se encheram de lágrimas. Brayan olhou em volta e gritou, gritou o nome dela e Bella correu até ele pulando nos braços dele.

Brayan a abraçou forte e eles se abaixaram no chão com ele a apertando forte contra si, ele tremia de alívio e ela chorava a ponto de começar a soluçar.

– Brayan, droga, eu tive medo que nenhum de vocês viessem! – Ele passou a mão pelo cabelo dela.

– E eu tive medo de que você estivesse morta! – ele disse com a voz rouca segurando o rosto dela para enxugar as lágrimas – Shhh, eu estou aqui agora Bella, eu estou aqui, eu vim atrás de você, não iria descansar enquanto não a encontrasse.

Ela se sentou sorrindo para ele o olhando sem deixar de segurar os braços dele como se isso servisse para que ele não sumisse.

– Ah Brayan, você é tão bom pra mim! Nem sei como te agradecer eu-

Os olhos de Brayan desceram até o colar, ele arregalou os olhos e Bella se calou olhando.

– Onde conseguiu esse colar?

– Era do meu tio... – Ela disse baixo e os olhos de Brayan se entristeceram de novo.

Ele passou a mão no pingente e sorriu fraco olhando para os olhos dela de novo. Ah sim, aquele colar era toda a confirmação que ele precisava.

– Bella não deve me agradecer, sabe esse colar? Tenho certeza que ele não era do seu tio mas de sua mãe.

– Minha mãe? – Bella ficou confusa na hora sem entender o porquê daquele assunto de repente agora que ele tinha vindo atrás dela.

– Esse colar era de Genevieve, ela era uma das criadas que serviam na minha casa e era como uma mãe para mim, e eu me lembro bem desse colar. Ela sumiu a mais ou menos dezoito anos atrás, grávida.

Bella entendeu, sua mãe biológica era de Abrahamsen então? Seu tio tinha dito que ela era uma criada fugindo por medo.

– E ela estava grávida do meu pai então não me agradeça por ir atrás de você todas as vezes... – Brayan perdeu um pouco do ar antes de continuar a falar – Esse é o meu dever Bella, meu dever como seu irmão entende?

Bella abraçou Brayan, o abraçou mais forte que conseguiu. Aqueles dias tinham sido péssimos para ela e aquela com certeza estava sendo uma manhã maravilhosa pós tempestade. Ela tinha perdido seu pai mas ganhou um irmão?

Isso explicaria bastante porquê Brayan era tão ciumento e protetor em relação a ela. E ele ainda tinha vindo atrás dela por si próprio.

– E seu tio? Onde Conrado está? Tem um médico na embarcação desta vez, paguei para que viesse ajudar a ver o que ele tem e talvez voltar conosco.

– Eu quero ir embora Brayan. Não posso continuar mais aqui – ela chorava de novo – Meu tio morreu, Freya o matou. Tive que enterrar os ossos que sobraram no alto da ilha.

A que salvou o rei - Gab MachadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora